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CORTE LIMPO

Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário



Domingo, 28.02.16

Liga NOS, 24.ª jornada – CF Os Belenenses 1-2 FC Porto – Prioridades

Como muda o futebol. De incapaz de vencer na grande Lisboa, o FC Porto ficou desta vez a uma vitória de conseguir um grand slam, tendo já saído das partidas em casa de Estoril e Benfica com os três pontos. Faltou apenas Alvalade. E se dúvidas houvesse sobre quais são as prioridades do FC Porto neste momento da época, elas dissiparam-se com a inclusão de Herrera, André André e Brahimi na equipa, ao contrário do jogo com o Dortmund. Aboubakar, titular nesse encontro, viu o seu posto entregue a Hyun-Jun Suk.

Os dragões saltaram cedo para a frente do marcador, com Brahimi a aproveitar uma sobra na esquerda da área para abrir o activo logo aos nove minutos de jogo. Aos 19, um cabeceamento ridículo de Tonel para a própria baliza dobrou a vantagem portista. O central dos azuis alegou ter sido encandeado pelo holofote. Até ao intervalo o FC Porto controlou bem as operações e no recomeço até foi Suk que teve a primeira oportunidade de golo, mas os dragões relaxariam tanto que quando se deu por ela já era o Belenenses que estava por cima dos acontecimentos.

À hora de jogo Juanto reduziu distâncias, num lance em que Casillas mais uma vez parece ficar a olhar para a bola passar. Moralizado, o Belenenses continuou a forçar em busca do empate, abrindo espaços que o FC Porto procurou explorar num par de ocasiões, mas o grosso do perigo na segunda parte aconteceu junto às redes dos azuis-e-brancos. O espírito de sacrifício dos jogadores salvaria o dia, muito mais quando defrontava um Belenenses que procurou demasiadas vezes o contacto fácil para forçar umas quantas faltas no último terço do terreno, mas é difícil não escapar à sensação de que tudo custa a executar no futebol dos dragões.

A esse aspecto talvez não sejam alheias as péssimas exibições de Corona, que não segurou uma bola nos 60 minutos em que actuou, e Marega, a quem continua a faltar a explosão que parecia ter enquanto jogador do Marítimo. Suk justificou a titularidade lutando por cada bola como se fosse a última, enquanto Brahimi, por muito egoísta que fosse, foi passando por entre os pingos da chuva; o grosso do trabalho recaiu em Danilo Pereira, André André e Herrera, que acabaram por chegar para as encomendas.

Mas a segunda parte, de facto, não foi bonita para o FC Porto. A forma como a equipa ficou tantas vezes exposta na defesa pelas movimentações do adversário, não só neste jogo como nos anteriores, levanta sérias questões sobre a qualidade global do plantel. Embora a equipa pareça ter potencial para mais do que tem mostrado, as exibições esta época muitas vezes deixam sinais de que talvez falte algum talento em certas posições, nomeadamente no centro da defesa e nas alas.

Vencendo antes de o duo da frente realizar os respectivos jogos desta jornada, o FC Porto continua a acalentar a esperança de estar lá para aproveitar um hipotético deslize de Sporting e Benfica. Numa altura em que faltam disputar 30 pontos, os seis que o FC Porto tem de atraso – à entrada para a jornada – não são uma exorbitância, mas não deixam margem de erro. Talvez seja, afinal, mais do que prioridade ao campeonato; a grande prioridade são mesmo os pontos.

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por Miran Pavlin às 22:30

Quinta-feira, 25.02.16

Liga Europa, 16-avos-de-final, 2.ª mão – FC Porto 0-1 BV Borussia 09 Dortmund – Infelicidade congénita

Olhando para o jogo de forma simplista, é possível dizer que o Borussia Dortmund foi feliz nesta segunda mão. Em dois lances claros frente à baliza, os alemães conseguiram um golo e uma bola no poste, esta já no estertor do tempo regulamentar. Incluindo na equação as muitas variáveis que estavam em jogo, o Borussia não terá vencido apenas por felicidade, já que soube jogar com a vantagem que trazia de casa e controlou o jogo praticamente como quis.

Do outro lado, o FC Porto não terá tido tanta identidade quanto seria necessário para reverter a eliminatória. Em parte porque José Peseiro apostou num onze, no mínimo, alternativo, com Danilo Pereira, Ruben Neves e Evandro no meio-campo, Marega e Varela nas alas, mas também porque as coisas continuam a não acontecer, por mais que a equipa se esforce. O empenho, de facto, existiu, mas os passes nem sempre saíam nas melhores condições, e quando saíam a bola não era dominada a preceito. Além disso, os jogadores teimam em escolher as piores alturas para escorregar.

E para provar que o que pode correr mal, corre mesmo mal, na primeira ida à área (23’) o Borussia marcou, com uma quota importante de fortuna. Reus rematou forte para uma defesa extraordinária de Casillas, mas Aubameyang – em fora-de-jogo que passou despercebido, até ao árbitro assistente – estava no local certo para uma recarga que bateu na trave e caiu no colo do guarda-redes portista, que se estirava pela segunda vez e até acabou por ajudar a introduzir a bola na baliza.

Mesmo esforçados, os dragões não se conseguiram libertar da teia montada pelo Dortmund. A pressão do conjunto alemão não dava tempo nem espaço para os da casa pensar, e quando tinha a bola a preferência era conservá-la, através de trocas que por vezes se assemelharam a um meiinho. Nas poucas vezes em que o FC Porto colocou a defensiva adversária em sentido, a sorte não esteve consigo. Aos 40 minutos Evandro trabalhou bem na área mas o seu remate cruzado saiu um pouco ao lado do poste; dois minutos mais tarde Varela cabeceou para uma defesa espantosa de Bürki. Não havia meio de violar as redes do Dortmund.

Peseiro só começou a mexer na equipa aos 56 minutos, trocando o desinspirado Aboubakar por Hyun-Jun Suk, numa mexida que trouxe um ânimo passageiro à equipa. Seria a última vez que os azuis-e-brancos teriam uma sucessão de lances junto ao último reduto adversário. Mais tarde entrariam Brahimi para o lugar do indistinto Varela, e Herrera renderia Evandro. Já tinham passado demasiados minutos sem que houvesse a mínima sensação de que a equipa conseguiria marcar um golo que fosse.

Numa derradeira amostra de que a infelicidade do FC Porto neste jogo era mesmo congénita, ao minuto 87 Suk embrulhou-se em si próprio e caiu sobre a bola, que caprichosamente sobrou para Brahimi; mesmo solto, o argelino não fez melhor que acertar em cheio na trave. Numa última nota sobre o encontro, mais uma vez ficou patente que José Ángel é muito limitado e que Marega não estará na sua melhor forma.

O resultado final confirmou uma saída portista da Europa por uma porta bastante mais pequena do que a dada altura, ainda na Liga dos Campeões, se previa. Apesar do agregado de 3-0, e mesmo tendo o FC Porto sido temerário na primeira mão, a diferença entre as equipas não será assim tão grande, pelo que a chave da eliminatória foi o estado de alma de cada um dos plantéis. É até tentador pensar que o FC Porto de Vítor Pereira teria conseguido ultrapassar esta barreira.

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por Miran Pavlin às 23:55

Domingo, 21.02.16

Liga NOS, 23.ª jornada – FC Porto 3-2 Moreirense FC – Força de vontade

Poder-se-á pensar que o triunfo do FC Porto foi arrancado das garras da derrota com a dose de crença, de esforço e de sofrimento de que se fizeram tantas vitórias do FC Porto no passado. É certo que todos esses ingredientes foram bem visíveis, além de muita força de vontade da equipa para virar um marcador que aos 28 minutos assinalava 0-2, mas a verdade é que jogos como este não deviam acontecer frente ao Moreirense, mas sim diante do Braga, do Guimarães, do Sporting, ou do Dinamo Kiev. É incrível como os dragões continuam a permitir que as equipas mais humildes da I Liga marquem primeiro. Ao mesmo tempo, a forma sofrida como o FC Porto ultrapassou o Moreirense é, ironicamente, deveras positiva quando se toma em consideração que no próximo jogo é preciso fazer uma recuperação idêntica para continuar na Europa.

O Moreirense é um adversário tradicionalmente incómodo no Dragão, mas nas cinco visitas anteriores para a I Liga nunca tinha conseguido comandar um jogo da forma que fez neste final de tarde. Mostrando grande à-vontade no contra-ataque, os cónegos chegaram à vantagem logo aos dez minutos, por Iuri Medeiros, na recarga a um primeiro remate de Emmanuel Boateng. Perto da meia-hora foi Fábio Espinho a elevar para os visitantes, num lance em que Casillas parece nem sequer tentar defender o remate do médio do Moreirense. Pelo meio o FC Porto ia dando algum trabalho ao guardião Stefanović, mas só marcaria numa grande penalidade que castigou um lance discutível entre André Micael e Maxi Pereira. Derrube ou simulação? O juiz da partida considerou a primeira e Layún converteu o castigo (41’).

Se na Luz o FC Porto conseguiu tirar o máximo partido de poucos lances, aqui, tal como frente ao Arouca, a profusão de lances junto à baliza adversária parecia não ser suficente para que os dragões chegassem ao golo. O Moreirense ainda se aventurou mais um par de vezes em busca do terceiro golo, forçando mesmo Casillas a três intervenções atentas no arranque do segundo tempo, mas a partir dos 55 minutos os azuis-e-brancos carregaram com mais fulgor sobre o último reduto dos minhotos.

Aos 63 minutos Peseiro arriscou e trocou o central Chidozie pelo extremo Marega, forçando Danilo Pereira a descer para compensar. Dez minutos mais tarde, Hyun-Jun Suk, que já muito tinha porfiado, finalmente marcou, desviando ao primeiro poste um canto batido por Layún. A reviravolta consumou-se volvidos mais três minutos, altura em que Evandro, que substituíra Corona ao intervalo, finalizou uma jogada envolvente em que a bola foi cruzada na esquerda por Layún e mantida em jogo in extremis com uma acrobacia de Herrera na direita, antes de chegar à cabeça do médio brasileiro no lado esquerdo da pequena área.

Apesar de todas as contrariedades, a empatia entre público e equipa parece ter voltado, já que não houve assobios. A equipa continua a ter nos ombros o peso do prejuízo a recuperar, mas a atitude em campo aos poucos vai aparecendo. O mérito da reabilitação do plantel vai sendo de José Peseiro, que tem insistido no termo “família” para designar o grupo. Por enquanto, contudo, o futebol da equipa continua fundado apenas no colectivo; ainda falta quem consiga complementar o jogo do FC Porto com a dose ideal de individualidade.

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por Miran Pavlin às 22:10

Quinta-feira, 18.02.16

Liga Europa, 16-avos-de-final, 1.ª mão – BV Borussia 09 Dortmund 2-0 FC Porto – Haja respeito

A tarefa do FC Porto em Dortmund afigurava-se mais difícil que na Luz, por força das baixas que massacraram os sectores recuados. Entre lesões e castigos, Maxi Pereira, Marcano e Danilo Pereira estavam indisponíveis, enquanto Chidozie não foi inscrito na UEFA. Maicon decerto seria opção, mas já não mora no Dragão, uma vez que pagou o erro decisivo no jogo com o Arouca com um empréstimo ao São Paulo.

José Peseiro foi então forçado a puxar pela cabeça para montar o onze e a solução encontrada foi colocar José Ángel na esquerda, Layún a central e, imagine-se, Varela na posição habitual do mexicano na direita. Seria uma receita para o desastre, mas tal não se verificou, por diversas razões.

Desde logo porque o Borussia se adiantou logo aos seis minutos de jogo, numa recarga de Piszczek ao seu próprio remate, que Casillas não conseguira deter; mas também porque talvez o Borussia tenha demonstrado demasiado respeito por um FC Porto de bloco baixo, que deixava Aboubakar como uma ilha remota no meio-campo contrário. Por seu turno, também o FC Porto respeitava o Borussia, já que não terá querido abrir o mínimo espaço junto à sua baliza e simplesmente não se esticou o suficente no relvado para chegar ao ataque. Em muitos momentos nem sequer deu para passar a linha divisória.

Seriam necessárias tantas cautelas? A fama do Dortmund provinha mais da velocidade de Aubameyang e da produtividade ofensiva, do que propriamente de um plantel assustador. Não é que os schwarzgelben não tenham um plantel de qualidade, mas não são o Bayern. E o resultado de tanto respeito mútuo foi um jogo que certamente fez os neutros adormecer. O FC Porto estava então fechado na sua gaiola, e quando dela saía, sucumbia sempre à bem aplicada pressão do conjunto alemão. O Dortmund teve quase sempre a bola, mas não carregou incessantemente sobre a área adversária, preferindo um futebol paciente.

Só assim se explica que o resultado se tenha mantido tanto tempo em 1-0. Foi preciso esperar pelo minuto 71 para um ataque mais veloz do Borussia resultar num remate de Reus, que Martins Indi desviou, traindo Casillas. Só aí o FC Porto se soltou um pouco, já com André André em campo, entrando depois Hyun-Jun Suk, que teve a única oportunidade dos azuis-e-brancos, ao minuto 87. Evandro conseguiu desmarcar-se e o guarda-redes Bürki saiu-se, provocando uma carambola que sobrou para Suk, que já em desequilíbrio acabou por rematar frouxo. Antes, os da casa tiveram lances para fechar a eliminatória, incluindo um cabeceamento de Mkhitaryan ao poste, mas o 2-0 era mesmo final.

A segunda mão pode ter várias leituras. Pelo que se viu em campo, e partindo do princípio de que já terá um onze mais composto, não é impossível o FC Porto reequilibrar a eliminatória. Para isso os dragões terão que se abrir mais, o que poderá fazer com que o Dortmund encontre mais espaço para aproveitar. Por outro lado, considerando que não precisa de arriscar muito, como lidará o Borussia com um FC Porto mais ofensivo?

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por Miran Pavlin às 22:15

Sexta-feira, 12.02.16

Liga NOS, 22.ª jornada – SL Benfica 1-2 FC Porto – Emergir das cinzas

Não havia margem de erro possível. A esperança do FC Porto só se manteria viva caso saísse da Luz com os três pontos, e os dragões, qual fénix, emergiram das cinzas da derrota com o Arouca para levar de vencida um dos seus velhos rivais. Mais importante ainda foi a forma como o triunfo foi obtido: de reviravolta, em casa de uma equipa que chegava a este jogo na crista de uma série de sete triunfos seguidos para o campeonato – mais três na Taça da Liga – e numa fase particularmente produtiva em termos de golos – 24 nos últimos seis encontros na I Liga.

Foi uma vitória cirúrgica do FC Porto, assente mais no colectivo que nas individualidades. Pelo menos em termos de jogadores de campo, pois na baliza Casillas escolheu o jogo certo para rubricar uma exibição de classe. O internacional espanhol já tinha feito um par de defesas vistosas no primeiro tempo, mas reclamou em definitivo o título de homem do jogo quando fez a defesa da noite (67’), curiosamente a negando o que teria sido um auto-golo chocante de Martins Indi. Mesmo assim, não peçam a Casillas para segurar bolas altas.

O jogo despertou ao minuto 18, quando Mitroglou, servido por Renato Sanches, aproveitou uma desatenção defensiva portista para se isolar e fazer o golo inaugural. O Benfica arrancou aí para a sua melhor fase no jogo, mas os azuis-e-brancos iam dando ténues sinais de que não estariam assim tão por baixo. Aos 28 minutos Herrera encontrou o espaço que tantas vezes não tem à entrada da área e rematou rasteiro, cruzado, com a bola a entrar bem junto ao poste esquerdo de Júlio César. Era o élan de que os azuis-e-brancos precisavam.

O FC Porto pode considerar-se afortunado por ter regressado às cabines com um empate, pois Mitroglou desperdiçou um lance flagrante a segundos do intervalo, mas após o descanso não ficou margem para dúvidas. Os dragões reentraram tonificados, e bastou um punhado de subidas à área contrária em poucos minutos para fazer o Benfica pensar duas vezes antes de atacar da mesma forma que fizera até aí. O coelho saltaria da cartola aos 65 minutos, quando uma triangulação entre Brahimi, André André e Aboubakar resultou no 1-2 que resolveu o encontro, com o golo a pertencer ao camaronês.

Até final o FC Porto soube ter a maturidade necessária para sobreviver, mas também é verdade que o Benfica ficou abalado por ter sofrido a reviravolta no seu próprio terreno, e não foi capaz de voltar a pegar no jogo. Em última instância, a partida foi como que um negativo da fotografia recente das duas equipas. Nem o Benfica foi tão avassalador como os seus adeptos mais confiantes previam, nem o FC Porto tão fracturado quanto os seus apoiantes menos optimistas antecipavam. O que sobrou aos dragões em carácter, faltou no departamento defensivo, onde a espaços se notou que ainda são necessárias afinações. O nigeriano Chidozie, que apenas tinha jogado um jogo na Taça da Liga e foi utilizado devido à indisponibilidade de Maicon e Marcano, revelou grande à-vontade, cotando-se como opção viável para o futuro.

Valeu então o colectivo. Foi a primeira vitória do FC Porto em casa do Benfica desde 2011/12. O sabor é, portanto, bem doce, mas mais não faz que reduzir para três pontos a distância para os encarnados, pelo que o FC Porto se mantém no terceiro posto. O grande beneficiado deste resultado poderá ser o Sporting, que recuperará o comando caso empate ou vença o seu jogo.

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por Miran Pavlin às 23:55

Domingo, 07.02.16

Liga NOS, 21.ª jornada – FC Porto 1-2 FC Arouca – Casca de banana

Ao terceiro jogo sob a égide de José Peseiro surgiu a derrota que coloca o trabalho do treinador em perspectiva. Se por um lado este jogo foi a confirmação de que Peseiro acabou com o futebol entediante e horizontal do seu antecessor, por outro, tendo mudado o chip da equipa, o técnico não pode ser responsabilizado por aquilo que os seus pupilos mesmo assim não conseguem fazer.

Será um sinal dos tempos? Este FC Porto não tem conseguido ser implacável nos pequenos detalhes em que as sucessivas equipas do passado eram. Aboubakar aparece isolado em frente à baliza mas não consegue desfeitear o guarda-redes. Os homens mais adiantados repetidamente não encontram espaço para rematar sem pernas adversárias a interceptar. Os cruzamentos são inócuos. E as soluções para colmatar lesões e castigos deixam a desejar; pensa-se em José Ángel, Varela e Maicon, de quem já nem a sombra se vê.

Jogos como este costumavam acontecer só ao Sporting e ao Benfica. Os jogadores entregam-se, imprimem intensidade no ataque e passam o grosso do jogo no meio-campo adversário, mas parece faltar sempre alguma coisa. Este aspecto ficou bem à vista ao minuto 86, quando Marega chegou uma fracção de segundo atrasado a uma bola que pedia um desvio certeiro na pequena área. Nem aquilo que a equipa não consegue controlar corre de feição, no caso uma decisão do árbitro assistente, que assinalou erradamente um fora-de-jogo, minutos antes do segundo golo arouquense.

Bastaram dez segundos para que o FC Porto ficasse em apuros. Saída de bola para o Arouca, bola no médio, passe para as costas, avanço pela direita até à área, cruzamento e Walter González desvia para o 0-1. Casillas ficou mal na fotografia, não agarrando uma bola que era sua.

O FC Porto reagiu de pronto e chegou ao empate ao minuto 14, num cabeceamento colocado de Aboubakar na cobrança de um canto. Até ao descanso o Arouca manteve-se atrevido q.b., atacando principalmente pelo flanco onde estava José Ángel, mas a acção desenrolou-se maioritariamente no seu último terço defensivo.

No reatamento o FC Porto ter-se-á acomodado em demasia e o jogo adormeceu. O ex-portista Bracalli teve uma ou outra defesa mais apertada, mas a bomba explodiria no outro extremo do relvado, onde Maicon não tem justificação possível para a perda de bola que permitiu ao mesmo Walter González isolar-se e rematar certeiro para o 1-2 (66’). Maicon ficou a queixar-se da coxa e abandonou o relvado com o jogo a decorrer, o que não agradou aos adeptos presentes, que o assobiaram de imediato.

Ciente de que tinha em mãos uma jóia rara, a turma de Lito Vidigal utilizou as artimanhas habituais quando se quer congelar um jogo. Entre as demoradas reposições de bola e as explorações de todo e qualquer contacto, Bracalli foi assistido três vezes, e os segundos finais da longa compensação passaram com a bola junto à bandeirola de canto.

Não é de espantar que o Arouca o fizesse. Afinal de contas, esta foi a primeira vez que venceu o FC Porto, fazendo os dragões escorregar numa casca de banana que faz com que entrem sobre brasas no próximo jogo, que é nada menos que um decisivo clássico na Luz. Este é mesmo de tudo ou nada; o empate ou a derrota decerto deixarão o FC Porto irremediavelmente perdido na corrida pelo título – mesmo contando que o líder Sporting ainda não realizou o seu jogo desta jornada.

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por Miran Pavlin às 23:00

Quarta-feira, 03.02.16

Taça de Portugal, meias-finais, 1.ª mão – Gil Vicente FC 0-3 FC Porto – Portas abertas

Face à conjuntura actual este jogo não era fulcral apenas para as aspirações do FC Porto na Taça de Portugal. Era também importantíssimo para toda a época dos dragões. Com o regresso das competições europeias ali ao virar da esquina, era ainda conveniente que o FC Porto resolvesse desde já pelo menos uma parte da questão, no sentido de poder encarar a segunda mão de forma mais tranquila.

Quando se trata da prova rainha, ainda para mais sendo uma meia-final, as diferenças entre as equipas tendem a esbater-se, e foi justamente isso que aconteceu. Mesmo militando na II Liga, o Gil Vicente não foi uma equipa fácil de vergar, exigindo o máximo empenho ao FC Porto. Os galos equilibraram a contenda durante praticamente toda a primeira parte, e até tiveram uma bola ao ferro, num cruzamento especulativo de Vítor Gonçalves (25’), mas quando o FC Porto disparou, foi certeiro. Já na compensação, num pontapé de ressaca que passou por uma floresta de pernas, Ruben Neves inaugurou o marcador, quebrando um jejum que durava desde o seu primeiro jogo oficial pelos azuis-e-brancos, em Agosto de 2014.

A noite foi mesmo de estreias. Marega debutou de dragão ao peito e Hyun-Jun Suk fez o seu primeiro golo pelo FC Porto (59’), tal como Sérgio Oliveira, este na conversão irrepreensível de um livre directo (70’). O médio tinha entrado segundos antes. Por esta altura o domínio dos dragões sobre o Gil Vicente já era inequívoco.

Tão inequívoco quanto a qualidade da prestação da equipa, que foi diametralmente oposta a muitas da era Lopetegui. O FC Porto teve propósito em campo, confiança, fio de jogo e ligação entre sectores, além de ter conseguido ganhar segundas bolas, coisa que raramente acontecia até há poucas semanas.

O jogo ficou ainda mais simples quando o gilista Renan da Silva foi expulso por cometer a falta que resultou no livre que deu o 0-3, mas tal não mancha de maneira nenhuma a exibição do FC Porto, que, salvo uma hecatombe de proporções bíblicas, tem as portas do Jamor escancaradas à sua frente. Antes, contudo, haverá jogos cruciais noutras frentes.

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por Miran Pavlin às 23:30



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