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Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
Foi um jogo estranho. Praticamente não houve oportunidades de golo mas marcaram-se quatro. O Shakhtar não foi superior mas esteve a vencer por 2-0. E o FC Porto chegou ao empate quando parecia já ter gasto todas as fichas. A igualdade acaba por ser, portanto, um mal menor.
A surpresa entre os titulares foi Vincent Aboubakar. Talvez não fosse o melhor dos jogos para fazer rotação numa posição tão essencial como o ponta-de-lança, mas é possível que Lopetegui tenha pensado que o camaronês fosse uma opção mais adequada quando do outro lado estava uma defesa com dois ucranianos e um croata.
Aboubakar mostrou o seu poderio físico em diversas ocasiões, mas esteve um tanto ou quanto desacompanhado quando teve a bola e por isso pouca diferença conseguiu fazer. Na conferência de imprensa pós-jogo o treinador do FC Porto justificou a opção com a incapacidade de Jackson fazer os 90 minutos. Questão da titularidade encerrada. Aberta ficou outra questão: quantas mais titularidades terá Aboubakar no futuro? O jogador cedeu o lugar a Jackson Martínez aos 65 minutos e o colombiano acabaria por resgatar o ponto que o FC Porto traz da Ucrânia.
Mas já lá vamos. Antes disso, o FC Porto viu a face da derrota bem de perto. Não é que o Shakhtar tenha sido superior, como se escreve no início do texto, e o jogo até foi muito semelhante ao de Lille, sem futebol de encher o olho, sem emoção desmedida, e sem domínio claro de uma equipa sobre a outra.
A melhor oportunidade do primeiro tempo foi mesmo a grande penalidade que Brahimi desperdiçou aos 35 minutos, permitindo a defesa a Andriy Pyatov. Não é crível que este lance tenha sido fundamental para a história do jogo. O FC Porto não ficou em vantagem, mas também não se desnorteou.
Na segunda metade pouco se alterou. Os quatro brasileiros do ataque do Shakhtar não estavam numa noite particularmente inspirada – o mais interventivo dos mineiros era mesmo o lateral-esquerdo Márcio Azevedo –, as linhas defensivas continuavam coesas, e o ataque dos dragões também não estava a criar perigo.
A diferença ficaria marcada na assertividade dos jogadores do Shakhtar, que lhes permitiu aproveitar da melhor forma os erros do FC Porto. O primeiro a dar uma prenda foi Óliver. O jovem espanhol já tinha brincado com o fogo na primeira parte, mas não aprendeu, e voltou a querer jogar sozinho no lado esquerdo da área portista, gingando para um lado e para o outro na tentativa de se desenvencilhar de um adversário.
Só que o adversário em questão era, imagine-se, o central Oleksandr Kucher, que à beira de Óliver é um gigante. O ucraniano impôs a sua corpulência, roubou a bola e deu-a a Alex Teixeira, que marcou.
Talvez fosse mesmo Natal antecipado, já que o Shakhtar chegou ao 2-0 após uma atrapalhação de Maicon, que se terá queimado com a bola e não a dominou em condições. Os ucranianos – brasileiros, aliás – aceitaram a nova prenda e Luiz Adriano facturou a passe de Bernard.
85 minutos de jogo. Resultado encerrado? Não. É aqui que Jackson Martínez mostra ao treinador quem deve ser o dono do lugar. Assumindo a conversão de uma grande penalidade indiscutível por mão na bola, o colombiano trouxe o FC Porto de volta ao jogo; e em cima do soar do gongo correspondeu a um cruzamento após uma arrancada já trademark de Tello e desviou para golo, ficando caído após o remate. Estará Lopetegui a falar verdade quando diz que Jackson não estava em condições? Não é do seu timbre fingir lesões…
A encerrar, uma nota. Não há problema nenhum em Aboubakar ter sido titular. Fez o seu trabalho e não comprometeu. Mas Jackson é melhor. E mostrou-o.
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