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Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
No jornal O Jogo de 24 de Setembro foi publicada uma entrevista com Bjørn Maars Johnsen, avançado americano/norueguês do Atlético. Perguntaram-lhe quais as diferenças entre o futebol na Noruega, Espanha e Portugal, países por onde o jogador passou. O rapaz respondeu o seguinte:
“Vou ser bem sincero. Aqui há muito ‘mergulho’ (…). Ainda neste último jogo sofri um penálti contra o Braga B que na Noruega não seria, seguramente, marcado. Mas fazer o quê? Senti o contacto e caí…”
Por muito condenável que este comportamento seja – e diga-se que ele não tem culpa nenhuma – a sua sinceridade é muito bem-vinda.
No futebol português os jogadores não sofrem faltas, provocam-nas. Além de simularem sofrer agressões, rasteiras, puxões e empurrões, deixam-se cair sempre que o adversário se encosta. Na grande maioria das vezes os árbitros concedem falta.
Mas não é tudo. Em Portugal os jogadores não fintam os adversários; preferem tirar a bola da zona de acção e deixar a perna para trás, forçando o contacto; ou então abalroam mesmo o oponente. E ganham um livre…
Para completar o ramalhete, por vezes fazem-se tropeçar nas próprias pernas – e com isso enganam o árbitro – e até simulam lesões.
Intervenientes no jogo e (tele)espectadores são constantemente induzidos em erro por estes comportamentos desonestos, nada facilitadores da tarefa dos homens do apito, que se tornam vítimas dessa desonestidade mais do que das suas próprias decisões.
Os jogadores que actuam por cá não são manhosos por defeito. São formados e formatados para agirem assim em campo. E os estrangeiros, como Maars Johnsen comprova, rapidamente absorvem este modus operandi.
Qualquer árbitro, jornalista, comentador ou adepto com dois dedos de testa consegue ver que só uma pequena percentagem das faltas assinaladas o é verdadeiramente. O resto é provocado. Cavado, como se diz em futebolês. E com isso desvirtua-se a essência do jogo. Falta a coragem de o assumir, apontar e condenar.
Só isso fará com que haja uma mudança de mentalidades transversal a todos os que fazem parte do jogo, desde as escolinhas até aos seniores. Enquanto não mudar, os jogos em Portugal continuarão a ser uma farsa.
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