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CORTE LIMPO

Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário



Quarta-feira, 28.01.15

Taça da Liga, 3.ª fase – FC Porto 4-1 A Académica Coimbra – Música, maestro

Bastou levar a jogo três habituais titulares para a música ser diferente da que normalmente se escuta quando o jogo vale para a Taça da Liga. Talvez não querendo ficar intranquilo no sofá à espera dos resultados de terceiros – para isso já basta o campeonato – o FC Porto resolveu desde já a questão do apuramento para as meias-finais.

Não terá sido só por estarem titulares em campo. Todos os que jogaram contribuíram para uma exibição bem airosa, de pendor ofensivo, com muitas jogadas colectivas e rápidas recuperações de bola, mas acima de tudo com grande afinação.

O FC Porto reduziu a Académica a escassos dois lances com princípio, meio e fim, um em cada parte. O segundo desses lances deu mesmo golo, por Mbala (72’), à ponta-de-lança. Foi o despertador que o jogo precisava, e que impeliu os dragões para uma ponta final frenética, em que não deu descanso aos estudantes.

Antes já se assistira a um solo de Jackson Martínez, que assim se estreou a marcar nesta edição da prova. Aos seis minutos aproveitou uma perda de bola infantil de Aníbal Capela para inaugurar o marcador, e aos 59 dobrou a vantagem portista num excelente golpe de calcanhar. Cumprida a missão, o colombiano deu o lugar a Gonçalo Paciência, que demorou um quarto de hora a fazer história.

Numa jogada individual que incluiu uma magnífica finta de corpo, o jovem concluiu-a com um remate colocado, de pé esquerdo, no milésimo de segundo antes de o defesa academista chegar ao corte. O seu primeiro golo pela equipa sénior. Gonçalo festejou-o de dedo em riste, tal como o pai fez dezenas de vezes em tempos idos. Haverá mais no futuro?

Talvez tenha sido a beleza dos golos a ofuscar a parte menos interessante do jogo, que ainda durou um bom par de minutos, com o FC Porto a limitar-se a controlar as operações contra uma Académica sem último terço. Evandro ainda faria o quarto golo portista (80’), de grande penalidade. O médio está a revelar-se um especialista da marca dos onze metros.

Pena que seja só a Taça da Liga. É imperioso que os jogadores mais utilizados consigam exibições como a desta noite nos jogos de campeonato. Porque nunca se sabe quando os adversários directos poderão dar passos em falso.

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por Miran Pavlin às 23:30

Domingo, 25.01.15

I Liga, 18.ª jornada – CS Marítimo 1-0 FC Porto – O peso da história

Uma frase apenas define este jogo: uma das equipas passou imenso tempo no meio-campo adversário e teve diversas oportunidades de golo, mas venceu aquela que foi só uma vez à baliza. Para mal dos seus pecados, foi o FC Porto que ficou no lado errado do resultado.

Pode mesmo dizer-se que os dragões foram vergados pelo peso da história. Quiçá mais do que no Estoril, é no terreno do Marítimo que todos os fantasmas portistas ressurgem. Contando já com esta época, o FC Porto só venceu metade das últimas dez deslocações a casa dos verde-rubros – o triunfo mais recente foi em 2011/12.

O FC Porto apenas começou a carburar na segunda parte, muito por culpa de mais uma experiência de Julen Lopetegui, que deixou Tello no banco para apostar em Quintero a extremo. A posição não beneficia o jogo do jovem colombiano e o prejuízo na manobra ofensiva portista foi evidente. O primeiro remate à baliza, ainda que à figura, demorou 25 minutos a aparecer.

Quintero deu o lugar a Tello ao intervalo e o FC Porto começou a criar mais perigo. Continuou a ter mais posse de bola e domínio territorial, e conquistou uma dezena de pontapés de canto, mas teve em Salin um obstáculo de peso. O guarda-redes francês esteve inspirado, negando diversos lances, incluindo a mais clara oportunidade de todas, quando Martins Indi, a dois metros do golo, não acertou a recarga a uma defesa incompleta. Antes disso já tinha havido um remate de Tello ao poste, na única vez em que um passe de ruptura permitiu uma desmarcação por entre os centrais.

Todo o esforço do FC Porto foi inútil, por via do golo de Bruno Gallo aos 32 minutos. O Marítimo não mais visou a baliza de Fabiano; o seu mérito esteve apenas e só na tenacidade defensiva. Tapando os espaços por onde as movimentações adversárias poderiam passar, e com alguma virilidade à mistura, os insulares impediram o FC Porto de fazer o seu jogo, e nem a expulsão de Raul Silva, já perto da recta final do jogo, os fez tremer.

As consequências desta derrota podem ser dramáticas para o FC Porto, tendo em conta que o Sporting se aproximou perigosamente e que o Benfica pode cavar uma distância de nove pontos caso vença amanhã. Por muito que este seja o primeiro ano de uma nova etapa – como escrevi na antevisão da época – e que os Barreiros sejam quase a kryptonite do FC Porto, a justificação lopeteguiana a cada desaire não convence. Dizer que “é futebol” não chega. Falta no FC Porto alguém que exorte os jogadores a superarem-se em nome do clube.

O sinal de perigo que desde Dezembro acompanha o FC Porto aumentou exponencialmente de tamanho.

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por Miran Pavlin às 22:25

Sexta-feira, 23.01.15

Panorama para a segunda volta da I Liga

Com meio campeonato decorrido, é hora de ir à bola de cristal. Ou lançar os búzios. Ou ler a sina. O que quiserem.

 

Título

Benfica e FC Porto deverão discutir o ceptro até final. Tudo vai depender dos pontos que cada um deixe escapar, e disso depende também o Sporting para se poder imiscuir numa luta que parece reservada a dois emblemas.

 

Europa

Dez pontos atrás do primeiro, o Sporting vem em crescendo, mas tem muitos pontos para recuperar. Caso fique pelo acesso à pré-eliminatória da Liga dos Campeões não pode baixar a guarda, pois de momento tem o Guimarães a segui-lo de perto.

O Braga chegou a assumir interesse em chegar à Liga dos Campeões, no entanto a derrota caseira com o Sporting pode ser um indicador de que o terceiro lugar seja um passo maior que a perna.

 

Época tranquila

O surpreendente Moreirense precisa apenas de um oitavo lugar para ter a sua melhor prestação de sempre na divisão maior, e segue bem encaminhado para o conseguir.

O Estoril teve um arranque terrível, com uma vitória nos primeiros oito jogos, mas de então para cá só perdeu em Alvalade. Face aos pontos desperdiçados talvez seja demasiado optimista colocar os canarinhos na luta pela Europa, mas quem sabe…

Também o Nacional começou mal, mas aos poucos deverá aproximar-se do confortável meio da tabela.

 

Luta pela manutenção

A eterna batalha pela permanência dá indicações de vir a ser fatal para Gil Vicente e Penafiel. Os gilistas demoraram 16 jornadas a conseguir a primeira vitória, que ainda é a única, enquanto os durienses terminam a primeira volta com a pior defesa. Usualmente é prenúncio do pior.

No entanto, as recuperações acontecem, muitas vezes por quem menos se espera, e caso se verifiquem, os candidatos a cair no fosso são Arouca, Setúbal e Académica.

 

Incógnitas

Guimarães: está a fazer uma época notável, mas terá que pesar os prós e contras – leia-se despesas versus receitas – de uma participação europeia. Terá interesse em manter-se nos lugares que ocupou desde o início?

Belenenses e Rio Ave: estão interessados em chegar à Europa – o Rio Ave ainda tem a Taça de Portugal – mas têm tido altos e baixos no campeonato, e pontos para recuperar caso queiram mesmo o quinto lugar. Terão estofo para tal?

Paços de Ferreira: continua perto do sexto lugar, mas a forma recente não é das melhores. Vai recuperar, ou cairá ainda mais na classificação?

Marítimo: começou bem mas tem vindo a perder gás. Continuará tranquilo a meio da classificação ou ver-se-á envolvido na luta pela permanência?

Boavista: mesmo com todas as adversidades inerentes a uma equipa que estava dois escalões abaixo e foi readmitida, os axadrezados derrotaram todos os cinco clubes que seguem abaixo de si na classificação. É crível que com maior ou menor dificuldade sobrevivam, mas há um factor de risco: na segunda volta deslocam-se a casa de quatro desses cinco clubes, bem como Luz e Alvalade.

 

Ter em conta que…

… dependendo de quem vencer a Taça de Portugal, pode abrir-se uma vaga para a Liga Europa via sexto lugar do campeonato. E aí até o actual 10.º classificado (Estoril) entra nas contas.

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por Miran Pavlin às 12:00

Quinta-feira, 22.01.15

FC PORTO 2014/15 – Avaliação de Inverno

É aquela altura do ano. Jogadores e treinador deram-me as suas cadernetas e levam agora um recado para os pais.

 

GUARDA-REDES

Fabiano: como se previa, substituiu Helton sem problemas, embora por vezes goste de sair da baliza atrás de bolas que talvez não sejam suas. Em Alvalade e no Estoril deu asneira.

Andrés Fernández: apenas foi utilizado um punhado de vezes, e não comprometeu nem mostrou nada de extraordinário.

Ricardo: ainda não calçou as luvas. Talvez estivesse a ser mais útil na aflita Académica.

Helton: recuperado da lesão, foi titular duas vezes na Taça da Liga. Na primeira foi infeliz ao sofrer um golo num jogo em que foi espectador, na segunda fez uma exibição monstruosa com a equipa reduzida a nove unidades. O seu futuro não deixa de ser uma incógnita.

 

DEFESAS

Danilo: muito melhor que na época passada, mais activo quer a defender, quer a atacar, mesmo que por vezes demore a definir a jogada. O Dragão de Ouro que recebeu em Novembro só lhe fez bem.

Maicon: continua a mostrar a sua qualidade, mas a rotação promovida pelo treinador tem-lhe retirado minutos.

Martins Indi: excelente reforço. Calmo, composto, descomplicado. Até já tem dois golos na conta, um deles de calcanhar.

Marcano: discreto, embora o seu autogolo no jogo com o Sporting para a Taça de Portugal tenha dado nas vistas. Ser utilizado a trinco não o beneficia, mas quando joga na defesa entra e sai da equipa sem se notarem grandes flutuações no rendimento colectivo.

Reyes: apenas foi utilizado na Taça da Liga, o que é uma pena para um jogador que tem qualidade para mais.

Alex Sandro: tal como Danilo, está uns furos acima do que mostrou na época transacta. Gosta de subir no terreno, mas os extremos que vai tendo à sua frente impedem-no de ir até ao cruzamento.

José Ángel: utilizado a espaços, não jogou tempo suficiente para permitir uma avaliação clara das suas qualidades.

Opare: lesionou-se ainda em Agosto e apenas se voltou a ouvir falar do ganês nos últimos dias, altura em que surgiram notícias de um empréstimo ao Beşiktaş.

 

MÉDIOS

Casemiro: duro quanto baste, comete muitas faltas, algumas delas arrepiantes. Destrói muito jogo adversário e ainda dá uma perninha em terrenos mais avançados, como provam os dois golos na Liga.

Herrera: mais adaptado ao futebol europeu, tem sido excelente na ligação entre sectores. Leva mais golos na Liga dos Campeões (três) do que no campeonato (dois).

Ruben Neves: a revelação. O que lhe falta em idade sobeja em qualidade, mas tem que ser afinado, de forma a perceber se é médio defensivo ou ofensivo. Marcou o primeiro golo da Liga.

Campaña: outro dos menos utilizados, maioritariamente na Taça da Liga. É ainda impossível perceber de que fibra é feito.

Evandro: suplente utilizado com frequência, o brasileiro não compromete, e é um dos 14 jogadores do plantel portista que já marcaram no campeonato.

 

AVANÇADOS

Jackson Martínez: mais focado que na época anterior, continua a marcar golos a rodos e ainda vem atrás buscar jogo. Leva já 14 golos no campeonato, mais cinco na Liga dos Campeões e um na Taça de Portugal.

Aboubakar: possante, o camaronês tem feito por aproveitar cada um dos poucos minutos de utilização que teve, levando já quatro golos entre todas as competições. O mais espectacular surgiu contra o Shakhtar na Liga dos Campeões, e valeu um ponto. De momento está na CAN ao serviço da sua selecção.

Tello: traz o selo de qualidade do Barcelona, e isso é bem visível. Veloz e tecnicista, encontra bem espaço para cruzar, o que já lhe rendeu algumas assistências. Peca por frequentemente demorar a decidir se passa, cruza ou remata.

Quaresma: de longe o homem que mais sente a camisola. Menos exuberante que na sua primeira passagem pelo clube, mas nem por isso menos importante para o onze titular. Pena que um desentendimento com o treinador ainda em Agosto lhe tenha custado um papel mais preponderante, e muitos minutos em campo.

Adrián: o parente pobre do plantel. Fez um golo na Liga dos Campeões, mas a sua experiência no FC Porto está a ser um fracasso. Não compromete, mas parece demasiado introvertido e teima em não mostrar atributos condizentes com o seu preço. Como se isso não bastasse, lesionou-se sozinho no jogo em Braga para a Taça da Liga.

Kelvin: lugar garantido no folclore portista já tem. No plantel nem por isso. Jogou apenas alguns minutos e de momento a sua situação emite sinais contrários. O FC Porto renovou-lhe o contrato mas emprestou-o ao Palmeiras.

Ivo Rodrigues: aqui mencionado porque jogou 45 minutos na Taça da Liga, sem mostrar muito.

Gonçalo Paciência: idem, mas com 63 minutos jogados.

 

ALGURES NO CAMPO

Ricardo Pereira: é extremo? É lateral? Já não se sabe bem. Esta época tem estado limitado aos jogos da Taça da Liga, a lateral.

Quintero: já jogou a médio e a extremo. Tem técnica e um pé esquerdo com lume, mas falta-lhe um clique que o faça ser titular indiscutível.

Brahimi: o reforço que mais agradou aos adeptos. Supostamente é médio ofensivo mas tem sido utilizado na extrema, descaindo depois para o meio. Trouxe muita arte nos pés, fez um hat-trick na Liga dos Campeões e até marca livres. Tem sido uma faca de dois gumes: é o único que pega na bola e a leva para a frente, mas isso facilmente o põe a jeito para ser acusado de individualista. Só lerá o recado daqui a umas semanas, pois seguiu para a CAN com a selecção argelina.

Óliver: um craque. Trata a bola com extrema delicadeza e com propósito, finaliza sem problemas e leva já cinco golos no campeonato. Cedido pelo Atlético de Madrid, seria um grande negócio garanti-lo em definitivo. Se tiver a cabeça no lugar pode atingir grandes voos.

 

TREINADOR

A estreia de Julen Lopetegui no futebol português tem tido resultados mistos. Consigo a equipa fez uma Liga dos Campeões tranquila e em Fevereiro/Março encontrará um adversário acessível com vista a uma passagem aos quartos-de-final, no entanto a nível interno existem algumas brasas que por enquanto vão ardendo em lume brando.

Alguns portistas consideram que o técnico basco ainda não percebeu a diferença entre treinar uma selecção jovem e um clube com a exigência do FC Porto, nem o significado de derrotar determinados adversários, bem como da presença de Quaresma no plantel.

As derrotas sofridas em casa com Sporting e Benfica apenas vieram ajudar a esta tese. A primeira custou a Taça de Portugal, enquanto a segunda, além de bater fundo no coração dos portistas, deixou o FC Porto com seis pontos de atraso na classificação. Não foram os únicos jogos que deixaram dúvidas em torno das capacidades de Lopetegui. Também o empate caseiro com o Boavista deixou marca, por ser um dérbi. Foi um de três empates consecutivos sofridos ainda no início da competição, que reduziram imenso a margem de erro.

O treinador foi ainda criticado pela excessiva rotatividade nos titulares, que impediu a criação atempada de um onze-base, ao mesmo tempo que o diferendo com Quaresma, que Lopetegui foi lesto a resolver, fez correr tinta, por se tratar de um jogador querido da massa adepta, e um dos poucos portugueses do plantel. Só a referida rotatividade impede perceber se de outra maneira Quaresma seria mais utilizado, embora seja crível que sim.

Apesar dos contratempos, aos poucos Lopetegui vai construindo uma identidade no futebol portista, e os resultados vão aparecendo. Resta saber se ainda vem a tempo de uma aproximação ao primeiro classificado e um ataque final ao título.

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por Miran Pavlin às 11:00

Quarta-feira, 21.01.15

Taça da Liga, 3.ª fase – SC Braga 1-1 FC Porto – Haja coração

Foi quase até entrar em taquicardia. O coração acelerou repetidas vezes, ao sabor das mil e uma peripécias de um jogo que parecia de campeonato. O empate final saberá melhor ao FC Porto, que fica a uma vitória de garantir a passagem às meias-finais da prova.

Face às numerosas incidências, o futebol jogado fica relegado para quarto ou quinto plano. Antes dos dez minutos já tinha havido duas alterações por lesão. No Braga o infeliz foi Santos, que caiu de costas, desamparado, e cedeu o lugar a André Pinto. Do outro lado, foi Adrián a sair, vitimado por uma lesão presumivelmente na virilha, quando acelerou na perseguição a um contrário. Entrou Tello, e não seria a única mudança que o FC Porto teria que operar.

As restantes mexidas foram consequência directa das acções do primeiro protagonista da noite, que neste caso foi aquele que nunca se pretende que o seja: o árbitro. Certamente que não foi de propósito, mas Cosme Machado teve um jogo para esquecer. A dualidade de critérios que mostrou foi gritante e continuamente mais penalizadora para com o FC Porto, em lances semelhantes a outros envolvendo atletas do Braga. O Collina português até pelo resultado foi responsável, uma vez que ambos os golos surgiram na cobrança de grandes penalidades. A primeira foi convertida com classe por Evandro (25’), a segunda pelo ex-portista Alan (51’).

Quando o Braga repôs a igualdade já o FC Porto jogava com nove homens apenas. Reyes acumulou amarelos entre os 28 e os 34 minutos, e Evandro seguiu o mexicano a caminho dos balneários aos 42 minutos por pontapear a bola que estava sob Pedro Santos, que tinha caído e a prendeu. Era um reflexo dos ânimos quentes com que se jogava, mas de onde o árbitro estava, a teatralização excessiva do arsenalista induziu-o a considerar tratar-se de uma agressão.

Com menos dois homens o FC Porto naturalmente retraiu-se, e passou todo o segundo tempo debaixo da pressão do Braga, que não desistiu de procurar o segundo golo. E é aqui que aparece o segundo protagonista da noite: Helton. O veterano relembrou a todos o porquê de antes da lesão ser frequentemente considerado o melhor guarda-redes a actuar em Portugal – com a devida vénia a Rui Patrício. Foram muitas e boas as defesas que fez, numa exibição majestosa, carimbada em definitivo nos segundos finais, quando impediu com o pé que Éder marcasse.

O Braga terminou a lamentar a falta de eficácia. Não contaria com o enorme coração dos dragões, que resistiram firmemente e ainda criaram um lance perigoso, quando Tello se desmarcou e forçou Kritsyuk a uma defesa apertada (82’).

A reacção dos dirigentes portistas à arbitragem pouco conseguida teve tanto de veemente, como de surreal. Antero Henrique foi expulso na saída para o intervalo, Julen Lopetegui perguntou ao quarto árbitro se seria melhor retirar a equipa de campo, e até Pinto da Costa foi à sala de imprensa em modo invasão reiterar, no seu estilo irónico, o orgulho que sentia nos jogadores, os únicos que não se deixaram tomar pelos nervos.

Um notório contra-senso com a conhecida desvalorização portista da Taça da Liga. Fico a coçar a cabeça à procura de uma justificação.

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por Miran Pavlin às 23:55

Sábado, 17.01.15

I Liga, 17.ª jornada – FC Penafiel 1-3 FC Porto – Começar do zero

Tal como na época passada, em que se cruzaram na Taça da Liga, Penafiel e FC Porto voltaram a defrontar-se numa noite de mau tempo. A chuva desta vez não obrigou à interrupção do jogo, como acontecera há um ano, mas foi de novo inclemente ao longo de toda a partida.

Perante um relvado cada vez menos adequado para a prática do futebol, os jogadores tiveram que ser bravos para cumprir a sua missão, mas diga-se que também os adeptos das duas equipas o foram. É verdade que o Estádio 25 de Abril é um recinto pequeno, mas as bancadas estavam bem compostas, numa noite que não convidava a saídas. Antes pelo contrário.

Quanto ao jogo, até ao golo de Herrera não houve momentos dignos de nota, pelo que se pode dizer que o FC Porto construiu a vitória praticamente do zero. Uma ida à baliza, um golo, e à segunda tentativa, novo golo, agora por Jackson Martínez. Iam decorridos pouco mais de trinta minutos. Os lances deixaram dúvidas quanto à existência de fora-de-jogo. Em ambos os casos fica a ideia de os jogadores estarem em linha, se bem que no primeiro lance a colocação da câmara não fosse a melhor para aferir da legalidade da desmarcação de Casemiro.

No reatamento o Penafiel deu um ar de sua graça, e chegou mesmo ao golo, pelo ex-portista Rabiola, aproveitando uma atrapalhação defensiva entre Maicon e Casemiro no lamaçal em que se tinha tornado a grande área.

Lutadores, os durienses equilibraram a partida, mas seria momentâneo, uma vez que os dragões voltariam a colocar dois golos de diferença no resultado no primeiro remate que fizeram no segundo tempo. A jogada foi também ela confusa, e incluiu nova atrapalhação de Casemiro, agora com Herrera, na tentativa de evitar que a bola saísse pela linha de fundo. Não saiu, e chegaria aos pés de Óliver, que só teve que encostar, acabando de vez com o jogo.

O relvado não permitia muito mais, de tão empapado e enlameado que estava. É o inverno em todo o seu esplendor. Não se culpe o clube pequeno por não conseguir gastar fortunas para ter um relvado de luxo. Situações destas já aconteceram quer no Dragão, quer na Luz. Quem paga os rigores de São Pedro é o espectáculo.

E assim o FC Porto conclui a sua primeira volta da Liga 2014/15. Pena que na próxima semana não recomece do zero, mas sim do -6. Bastaria que não tivesse empatado aqueles três jogos seguidos entre as quarta e sexta jornadas.

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por Miran Pavlin às 23:30

Terça-feira, 13.01.15

Taça da Liga, 3.ª fase – FC Porto 3-1 CF União – Um desafio

Um jogo de Taça da Liga diante de um adversário da Liga 2 é um grande desafio. Não para a equipa, mas para quem assiste. Convém apelar a todo o portismo e tomar um café antes, porque não é preciso ser adivinho para afirmar que o jogo tem grandes hipóteses de ser disputado a baixo ritmo, e dificilmente terá momentos que perdurarão na memória.

Não que esta recepção ao União da Madeira tenha sido completamente inútil. Além de permitir dar minutos a Reyes, Ricardo, Campaña e Evandro, o jogo marcou os regressos de Ruben Neves e Helton à titularidade, este dez meses depois da grave lesão que sofreu em Alvalade.

O veterano guarda-redes sai com a infelicidade de ter sofrido um golo numa noite em que não fez qualquer defesa. A verdade é que nesse lance em particular Helton tinha poucas hipóteses de êxito, uma vez que o avançado unionista Élio apareceu solto à sua frente, e nesse momento a vantagem é sempre de quem está de frente para a baliza. Élio não a enjeitou, e marcou pela terceira vez às equipas da I Liga, depois de Paços de Ferreira e Braga.

Absoluta foi a estreia de Ivo Rodrigues, avançado da equipa B que pela primeira vez envergou a camisola da equipa principal. A sua utilização traz à tona a questão da perspectiva por que se olha para os jogadores. Quintero bem tentou colocar-lhe bolas, mas Ivo não aproveitou nenhuma e não mostrou muito. O estaria eu aqui a escrever caso tivesse sido Adrián o autor do desperdício…

[Pausa de alguns minutos para pensar]

Não dá para evitar bater mais uma vez no ceguinho: Adrián jogou os 90 minutos e continua sem mostrar nada que justifique o seu currículo. Que tal deitar-se no divã e contar o que o apoquenta?

O FC Porto superiorizou-se ao União com naturalidade, desencravando o resultado aos 25 minutos num lance individual de Quintero. No segundo tempo Quaresma foi o homem em destaque, ao estar nos lances dos restantes dois golos. No lance do 2-0 rematou para Zarabi meter o pé à bola e a desviar para a própria baliza, e sofreu a falta para a grande penalidade que Evandro converteria no 3-1 final.

Com o marcador ainda em andamento houve o golo de Élio e um remate de Barnes ao poste de Helton. O jogo terminaria na altura certa, quando o nevoeiro ameaçava abater-se sobre o Dragão.

Foram anunciados 11 mil espectadores. Generoso, a avaliar pelas imagens televisivas e pelo ruído geral das bancadas.

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por Miran Pavlin às 23:45

Sábado, 10.01.15

I Liga, 16.ª jornada – FC Porto 3-0 CF Os Belenenses – Consulta de rotina

Bastou uma exibição concentrada para o FC Porto levar de vencida um Belenenses ainda atordoado pelos 7-1 que sofreu em Braga a meio da semana, em jogo a contar para a Taça de Portugal. Sem nunca ter cedido um milímetro ao conjunto lisboeta, o FC Porto dominou de fio a pavio, e só no último minuto apanhou um susto, naquela que foi a única oportunidade de golo de que o Belenenses dispôs.

Foi mesmo mais uma consulta de rotina no Dragão. Marcando logo aos dez minutos pelo inevitável Jackson Martínez, os azuis-e-brancos ficaram com o caminho aberto para uma noite descansada, mas resistiram a toda e qualquer tentação de mudar o chip para um registo menos aplicado. Atacaram durante todo o jogo, ainda que sem forçar demasiado o ritmo, o que fez com que não houvesse uma quantidade desmesurada de oportunidades claras para fazer crescer o marcador.

O 3-0 final encaixa bem nas incidências do encontro. Por mais que se pense, é impossível dourar a pílula em relação ao Belenenses, que embora siga numa classificação tranquila, só naquele lance referido acima se conseguiu libertar do colete-de-forças que os portistas trouxeram para o jogo.

Óliver apontou o seu quinto golo na Liga no segundo minuto da metade complementar, e Evandro, na resposta àquele atrevimento belenense, tornou-se no 14.º jogador a marcar pelo FC Porto nesta edição da Liga, finalizando a última jogada do desafio com um remate colocado.

A perseguição ao Benfica não conhece tréguas, mas a diferença mantém-se em seis pontos. Cabe ao FC Porto continuar a fazer a sua parte.

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por Miran Pavlin às 23:30

Sábado, 03.01.15

I Liga, 15.ª jornada – Gil Vicente FC 1-5 FC Porto – Mais um prego

Pela terceira vez esta época o FC Porto chega à mão cheia de golos, e não desarma na perseguição ao líder da Liga. Se por um lado é obrigatório em qualquer circunstância derrotar o Gil Vicente, por outro diga-se que o FC Porto justificou por inteiro os números do resultado, através de uma exibição bem mais conseguida que com o Setúbal.

A inferioridade numérica dos gilistas terá ajudado, mas importa salientar que quando Jander recebeu ordem de expulsão (38’) já o FC Porto dominava tranquilamente o jogo. Com efeito, o Gil Vicente durou pouco mais que um quarto-de-hora, período em que colocou uma bola na trave por Paulinho, para depois Diogo Viana e Yiamissi forçarem Fabiano a defesas mais apertadas.

As rédeas do encontro passaram então para as mãos do FC Porto, mas seria só à bomba que o resultado começaria a avançar. O disparo foi de Casemiro, a uns bons 25 metros da baliza, com a trajectória da bola a sofrer um desvio em pleno ar. O segundo golo apareceria aos 56 minutos, por Martins Indi, num golpe de calcanhar a fazer lembrar o mítico golo de Madjer em 1987.

Por esta altura já o Gil Vicente estava soterrado pelas contrariedades não só deste jogo, mas de toda a campanha no campeonato, na qual ainda não venceu, já trocou de treinador e até já despediu o baluarte César Peixoto por razões que carecem de explicação mais clara.

O avolumar do marcador acabou por ser natural, mas o FC Porto fez questão de lhe continuar a dar um toque de classe. Não tanto no golo de Brahimi, mas sim nos de Óliver, que picou a bola sobre Adriano após tabelinha com Adrián, e de Jackson, que teve tempo para receber a bola de costas para a baliza, virar-se e enquadrar-se antes de desferir um remate em arco.

Vítor Gonçalves assinou o ponto de honra gilista – 1-3 na altura –, que atenuou a profundidade do prego que o FC Porto adicionou ao caixão do clube de Barcelos, que se mantém colado ao último lugar.

Já os dragões vão cumprindo o seu dever, mas continuam a precisar de auxílio externo para se aproximarem do desejado primeiro lugar da classificação.

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por Miran Pavlin às 23:55



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