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Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
Tempos houve em que um equipamento alternativo era simplesmente isso. Como o próprio nome indica, era uma alternativa para quando não era possível a uma equipa vestir o seu uniforme habitual, fosse por conflito de cores, fosse pelos elementos da camisola. O equipamento alternativo só era usado quando era estritamente necessário.
Nesses tempos, o equipamento secundário normalmente invertia as cores do principal, ou, no caso de a equipa usar riscas, era uma versão lisa. Era norma ser a equipa visitada a trajar o segundo equipamento, naquilo que era entendido não só como uma cortesia para com o visitante, mas também como uma forma de os adeptos da casa poderem ver o adversário jogar nas cores que melhor o identificam.
Algures na viragem do século, com o advento da comercialização das réplicas oficiais, o paradigma mudou, aproximando-se da prática norte-americana. O equipamento alternativo passou a ser conhecido como “equipamento fora”, por oposição ao principal, o “equipamento casa”. A americanização, no entanto, não foi total, porque a segunda indumentária é usada arbitrariamente quer por visitados, quer por visitantes, mesmo quando não há conflito.
Mas não só. Esses “equipamentos fora” passaram a incluir cores que nada têm a ver com os clubes, bem como feitios mais ou menos inusitados – quem não se lembra do dragão estampado naquela camisola Kappa do FC Porto, ou do célebre equipamento “dos lixeiros” do Sporting? Ainda antes da mudança do paradigma, o Manchester United chegou a jogar de verde e amarelo, e o Liverpool de verde. Daí para a frente é a confusão total. Convenhamos que ver o FC Porto jogar de amarelo, de roxo, de camuflado ou de cor-de-rosa não é o mesmo que vê-lo jogar de azul; assim como não é a mesma coisa ver o Setúbal de roxo e preto e o Belenenses de laranja; ou o Real Madrid todo de vermelho.
As roupas alternativas mudam todos os anos, mas há excepções. Casos do Arsenal, que há décadas tem um equipamento em amarelo e azul; do Barcelona, que recorrentemente usa laranja e/ou amarelo, mesmo fluorescente; do Zaragoza, sempre com amarelo e preto às riscas verticais; do Milan, invariavelmente de branco; ou mesmo da Juventus, que frequentemente recorre ao azul.
É tudo no interesse comercial das marcas que os vestem, mas com isso perde-se um pouco da essência dos clubes. Ao ponto de na próxima época o FC Porto vestir de castanho. A marca diz que é cacau, mas não entremos por aí. É castanho. Penso o mesmo sobre todos os clubes: usar cores que dificultam a sua identificação faz com que as equipas não imponham o mesmo respeito aos adversários.
Se a americanização não foi levada até ao fim, porque não preservar o uso antigo?
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