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CORTE LIMPO

Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário



Sábado, 29.08.15

Liga NOS, 3.ª jornada – FC Porto 2-0 GD Estoril Praia – Em construção

Os três pontos ficaram em casa, mas não foi bonito. Veio ao de cima aquele que pode vir a ser o problema maior da equipa esta época: há caras novas que é preciso integrar. O FC Porto foi uma equipa hesitante na hora de definir os movimentos ofensivos. E nada fazia prever que os dragões emperrassem tanto, uma vez que a entrada em jogo foi bastante apetitosa.

Seis minutos de iniciativa portista culminaram no golo de Aboubakar, que finalizou um movimento de ataque pela direita, conduzido por Brahimi. Pouco depois do primeiro quarto de hora o FC Porto como que adormeceu, tornando essa boa entrada num falso degrau.

Imbula atrapalhou-se várias vezes na hora de receber a bola, Danilo Pereira seguiu-lhe o exemplo e Brahimi demorava demasiado tempo a soltar o esférico para um colega. Era o suficiente para que o meio-campo não proporcionasse a estabilidade de que uma equipa precisa. Vendo por outro prisma, talvez fosse a presença de um corpo estranho a obstar à fluidez do miolo portista. Pela primeira vez como médio, Brahimi foi uma opção acertada, mostrando estar muito à vontade na posição, mas o dia não do colectivo não potenciou aquilo que o argelino tinha para oferecer.

À meia hora de jogo Lopetegui agiu e trocou Varela por André André, recolocando Brahimi na extrema. A decisão foi, no mínimo, incompreensível. Varela estava a jogar do lado do banco portista e talvez tenha sido isso a expô-lo ao treinador. Do outro lado do campo, Tello estava a fazer uma exibição mediana, que depois evoluiu para miserável. Lento e previsível, o extremo congelava a bola sempre que a recebia, dando tempo à defesa adversária para se recolocar, ao mesmo tempo que quebrava o movimento dos colegas. Incrível como resistiu 90 minutos em campo.

Casillas também não sai bem visto, apesar de não ter sofrido golos. A cada remate de longe do Estoril correspondeu uma defesa para a frente, que na Liga dos Campeões se paga bem mais caro que no campeonato. Um aspecto a rever com especial atenção.

O tom crítico fica por aqui, porque nem tudo foi mau. André André foi um poço de energia, sempre muito interventivo no jogo, batalhando pela bola daquela forma que os adeptos azuis-e-brancos gostam de ver. Maxi Pereira, embora numa tarde discreta, conseguiu arrancar aplausos e Martins Indi, que alinhou a lateral-esquerdo, foi dos melhores em campo. Cissokho não foi convocado. Castigo pelo erro na Madeira, ou a confirmação implícita de que precisava de mais tempo de repouso?

O Estoril foi um digno vencido. Chegou ao intervalo com mais oportunidades que o FC Porto e entrou no segundo tempo cheio de intenção, dominando mesmo a partida. As sucessivas jogadas de ataque dos canarinhos obrigaram o FC Porto a recuar toda a equipa para trás da linha de meio-campo durante alguns minutos, mas faltou pontaria.

Seria num livre directo superiormente cobrado por Maicon – uma novidade – que o FC Porto poria cobro ao atrevimento do Estoril. Estavam decorridos 62 minutos. Oito minutos mais tarde Lopetegui considerou que havia condições para lançar Osvaldo no jogo. Pesado e pouco móvel, o italo-argentino estacionou na área adversária e os colegas procuraram jogar para ele. Dois remates à meia volta – um sem direcção e outro à figura – e um semi-acrobático foram o pecúlio do avançado, que claramente precisa de ritmo.

A fase final do jogo coincidiu com um FC Porto mais desperto, mas o marcador não se alterou. Seria lisonjeiro. O 2-0 talvez o seja. Quiçá o 1-1 fosse o resultado mais justo, mas só contam as que entram. O Estoril deu mostras de ter vencido a ressaca que viveu na última época; o FC Porto ainda é uma obra em construção. Convém apressar-se a concluí-la.

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por Miran Pavlin às 22:30

Sábado, 22.08.15

Liga NOS, 2.ª jornada – CS Marítimo 1-1 FC Porto – Caso crónico

Os problemas que o FC Porto sente quando visita o terreno do Marítimo já deixaram de ser históricos. São crónicos. Não importa se a equipa está em melhor ou pior forma, ou se lhe falta alguém importante. Nem o árbitro importa. Sempre que visita os agora remodelados Barreiros, o jogo do FC Porto torna-se embrulhado e por vezes individualista, ficando a equipa carente de alguém, principalmente no meio-campo, que consiga pôr ordem na casa.

Não se pode, contudo, retirar mérito ao Marítimo, que consegue ser uma equipa chata, no bom sentido do termo. Sem medo do choque e sem medo de jogar feio se necessário, os verde-rubros, a exemplo do que fizeram na época passada, bloquearam praticamente todas as linhas de passe ao FC Porto, que muitas vezes se viu forçado a batalhar pela bola em espaços muito apertados junto às linhas laterais, com vários jogadores dos insulares na pressão.

Naturalmente que o plano do Marítimo beneficiou em grande medida dos acontecimentos do minuto cinco, quando Egdar Costa correspondeu de cabeça a um cruzamento da esquerda e abriu o activo. Nessa altura o jogo ainda não tinha história, mas num piscar de olhos passava a tê-la, e com ela ressuscitava a crónica incapacidade dos portistas neste recinto.

O FC Porto igualaria a contenda ao minuto 35, num lance bem trabalhado pelo ataque azul-e-branco. Aboubakar passou para a desmarcação de Brahimi, que desde a esquerda cruzou para Imbula; o franco-congolês levantou a bola e ajeitou de cabeça para o coração da área, onde Herrera disparou forte e certeiro, esquecendo por uns momentos a fraca exibição da jornada inaugural. O espaço de execução foi pouco, mas suficiente.

Daí para a frente o Marítimo manteve-se mais retraído e o FC Porto não encontrou o espaço de que precisava para ameaçar a baliza. A verdade é que os dragões até poderiam ter vencido… mas nos Barreiros tudo lhes corre mal. Na melhor jogada do encontro, André André cruzou para Aboubakar aparecer solto no centro da área e rematar forte; Salin defendeu como pôde. No último instante do encontro Maxi Pereira cabeceou fora do alcance do guarda-redes francês, mas a bola embateu na parte de baixo da trave, bem junto à quina, e não ressaltou para dentro da baliza. Que galo.

Não justifica nada, mas não deixa de ser curioso e irónico que na semana em que o FC Porto viu sair Alex Sandro, o golo sofrido nasça de um lapso do lateral-esquerdo Cissokho, que falhou o tempo de salto e não conseguiu cortar a bola. A isso não será alheio que o jogador tenha estado lesionado nas semanas anteriores. Não se sabendo se precisaria de mais tempo de recuperação, talvez o facto de ter chegado ao plantel numa fase já adiantada da pré-época também não lhe permita ter o ritmo necessário.

É o preço a pagar pelo encerramento tardio do período de transferências, que impede os clubes de fechar plantéis atempadamente. Alguns campeonatos da Europa central vão já na quinta jornada, pelo que não faz sentido manter a "janela" aberta até 31 de Agosto.

Outras contas. Falando em contas, o empate não é, para já, dramático, mas sem ninguém ver o FC Porto leva a mão à gaveta para pegar na calculadora. A fibra da equipa está desde já à prova. Certamente bem mais cedo do que os dragões desejariam.

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por Miran Pavlin às 23:55

Sábado, 15.08.15

Liga NOS, 1.ª jornada – FC Porto 3-0 Vitória SC – Calçar os sapatos

Nos últimos vinte anos o FC Porto tem sido exímio na reposição dos níveis da sua fonte de golos, principalmente quando alguns arriscam pensar em seca. Começando em Domingos e passando por Jardel, McCarthy, Lisandro López e Falcao até chegar a Jackson Martínez, todos partiram deixando sapatos mais ou menos pesados para o seguinte calçar.

A pré-época até levantou algumas questões no departamento ofensivo, mas quando a bola rolou a sério bastaram oito minutos para que não houvesse nem questões, nem lembranças. Ainda que com a ajuda de um ressalto em João Afonso, Vincent Aboubakar marcava aquele que talvez seja, até agora, o seu mais saboroso golo pelo FC Porto. Confirmando as indicações positivas que foi deixando ao longo da época passada, o camaronês calçou sem problemas os sapatos de Jackson. E não se ficou por aí, já que aos 61 minutos bisou mesmo, num forte remate na passada, de longe, semelhante àquele que lhe dera um golo frente ao Shakhtar em Dezembro de 2014.

Com a sucessão aparentemente em bons pés, ninguém teve tempo para se lembrar do passado, nem de que o FC Porto mudou grande parte da equipa titular de 2014/15. Com cinco caras novas em campo, os dragões foram assertivos, gerindo e pressionando conforme o jogo o proporcionava. É verdade que o Vitória está a começar a temporada de pé esquerdo e não colocou problemas de maior, mas nem por isso o FC Porto cedeu à tentação de cair num futebol pastoso e desinteressado.

Talvez seja a motivação do novo arranque. Todos quiseram mostrar alguma coisa. Varela trabalhou bem na direita para de ângulo apertado fazer o 3-0 (84’), Danilo Pereira e Imbula deram consistência ao meio-campo, Tello agarrou bem a oportunidade que lhe foi fugindo durante os jogos de preparação e Maxi Pereira participou em dois golos. A fava calhou a Herrera. O mexicano certamente não estava nos seus dias, e destoou do resto da equipa, perdendo mesmo uma ocasião clara já perto do intervalo, ao chegar uma fracção de segundo atrasado ao excelente passe de ruptura de Aboubakar.

Após o intervalo o Vitória apareceu mais espevitado, mas bastou um lance de perigo (53’) para que o FC Porto tomasse novamente conta das operações. O guarda-redes vitoriano Douglas não segurou um cruzamento de Varela, Tello estava no lugar certo e teve nos pés o golo, mas rematou com força quando seria mais avisado colocar. A bola bateu em cheio em João Afonso, sobrando para Imbula, que teve pontaria a mais e tirou tinta ao poste esquerdo.

Foi, acima de tudo, uma noite tranquila no Dragão, que esteve perto de encher. Não terá sido só por ser Agosto e estarem cá os emigrantes. Terá funcionado a crença de que esta equipa é uma laranja com bastante sumo. O primeiro gomo assim o indica. O próximo porá à prova outras crenças, tradições e agoiros. É a temida visita aos Barreiros, a primeira de três idas à pérola do Atlântico durante a primeira volta.

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por Miran Pavlin às 23:55

Domingo, 09.08.15

FC PORTO - Pré-época 2015

Mediatismo. Esse terrível conceito, que frequentemente exacerba o acessório em detrimento do essencial, foi a nota dominante do defeso portista. Na verdade, era impossível não abafar tudo e mais alguma coisa quando se contrata um dos jogadores mais titulados da história, juntamente com uma peça fundamental do principal rival, que era ao mesmo tempo um dos homens mais criticados pela forma como encara a dimensão física do jogo.

Com oito anos de casa na Luz e sem proposta de renovação até tarde demais, Maxi Pereira deixava meio mundo em alvoroço ao trocar as águias pelos dragões, obrigando os adeptos portistas a engolir o ódio que nutriam pelo lateral uruguaio. A transferência foi muito debatida, mas foi, do ponto de vista desportivo, um golpe certeiro.

Totalmente inesperada foi a contratação do lendário Iker Casillas, guarda-redes de sempre do Real Madrid. Um sismo sentido mundialmente, que levou a comunicação social a focar-se no que menos interessa. Mais do que nas implicações desportivas da mudança, as notícias centraram-se nas opiniões da mulher e dos pais do jogador. Por muito que se possa achar que Casillas perdeu a cabeça, importa lembrar que Raul jogou pelo Schalke 04 e não lhe caíram os parentes na lama – e o Schalke não tem o mesmo prestígio que o FC Porto. Ainda que numa liga menos proeminente que a do seu país, o guarda-redes continuará a lutar por títulos e a disputar a Liga dos Campeões, pelo que a sua aventura no Porto não será assim tão descabida.

Arrumado a um canto ficou então o facto de o FC Porto ter perdido quase toda a equipa titular da época passada, tendo agora que construir uma nova. Tal como se supunha há um ano, o FC Porto acabou mesmo por valorizar jogadores para outros colherem os proveitos. Com efeito, o Real Madrid fez regressar o trinco Casemiro e o Atlético Madrid resgatou o criativo Óliver Torres. As compras dos dois madrilenos não se ficaram por aí, já que os merengues levaram também o lateral Danilo – negócio feito ainda no decorrer de 2014/15 – enquanto os colchoneros recrutaram Jackson Martínez, que deixa a Invicta com uma sacola de golos às costas.

Tendo perdido espaço depois do desastre de Munique, o guarda-redes Fabiano seguiu por empréstimo para o Fenerbahçe. Não seria o único a rumar a Istambul, pois Quaresma está de regresso ao Beşiktaş, onde é idolatrado. Entre os nomes menos utilizados, registam-se as saídas de Campaña (Alcorcón, da II Liga espanhola), Reyes (Real Sociedad, por empréstimo) e do guardião Andrés Fernández (Granada, também cedido).

Foram-se muitos anéis, mas os dedos que se ficaram são suficientes para que a reconstrução não comece propriamente do zero. Helton, Maicon, Marcano, Martins Indi, Alex Sandro, Ruben Neves, Herrera, Tello e Brahimi estão prontos para mais uma batalha, secundados por Ricardo, Evandro e Aboubakar. Uma óptima base de trabalho, complementada na perfeição pelos dois nomes referidos mais acima, mas não só.

O FC Porto bateu o seu recorde de transferência mais cara ao assinar com o francês de origem congolesa Gilbert “Giannelli” Imbula (ex-Marselha) por 20 milhões de euros. Será que o médio vai sentir o peso do seu preço da mesma forma que Adrián López há um ano?

As chegadas de André André (ex-Vitória Guimarães e filho do antigo jogador portista António André), Danilo Pereira (ex-Marítimo) e Sérgio Oliveira (ex-Paços de Ferreira e formado na casa) serviram para matar dois coelhos com uma cajadada só: além de aumentarem o número de portugueses do plantel, são todos médios, e parecem suprir muitas das lacunas que o FC Porto teve nesse sector na última temporada. Outra das contratações, o espanhol Alberto Bueno, traz credenciais (28 golos pelo Rayo Vallecano em duas épocas), mas talvez seja como os melões; só depois de aberto se verá a sua real qualidade.

O defeso azul-e-branco foi mesmo repleto de surpresas. Quem poderia pensar que Varela ainda conheceria uma segunda – ou terceira – vida no FC Porto? A verdade é que o extremo um dia apelidado de Drogba da Caparica está de volta ao cabo de um ano nas brumas do futebol europeu (West Bromwich Albion e Parma), e somou tantos minutos nos jogos de pré-época que até o lugar de Tello está agora em xeque.

A pré-temporada do FC Porto contemplou dois estágios, primeiro em Horst, na Holanda, depois em Marienfeld, na Alemanha, pontuados por seis jogos de preparação, que revelaram algumas carências a nível de golos. Mesmo tendo Aboubakar, será que a solução está no italo-argentino Pablo Osvaldo? Chegado do Boca Juniors, o internacional italiano traz consigo a nada desejável reputação de ter um mau feitio que lhe terá tolhido a carreira. O FC Porto será uma das suas últimas oportunidades de deixar marca.

A derradeira surpresa da pré-temporada foi o regresso de Aly Cissokho, o lateral esquerdo que em 2009 conheceu uma ascensão meteórica, muito a reboque da célebre exibição colectiva do FC Porto nos 2-2 de Manchester na Liga dos Campeões.

Nas entrelinhas acabaram por ficar o empréstimo de Gonçalo Paciência à Académica e as saídas definitivas de Carlos Eduardo, Kléber e Sinan Bolat, nomes que já não faziam parte da equipa. Por definir está a situação da eterna promessa Quintero, enquanto Hernâni, que chegou a estar em negociações com o Olympiakos, deverá ficar, de resto tal como José Ángel. O guarda-redes mexicano Raul Gudiño e o central chileno Igor Lichnovsky ascendem da equipa B, e o ponta-de-lança André Silva surge no plantel principal na senda de Ruben Neves.

A pré-temporada culminou ontem com a apresentação aos sócios, num empate a zero com o Nápoles. Adrián López não foi apresentado, pelo que deverá sair nos próximos dias. Começa aqui a contagem decrescente para o futebol a doer e já há problemas para resolver, pois Brahimi e Cissokho saíram do jogo tocados. Por ter um plantel mais e melhor apetrechado que na época passada a solução não deverá ser difícil. Que comece a acção!

ACTUALIZAÇÃO (1 Setembro 2015): até ao fecho do mercado Alex Sandro deixou o FC Porto rumo à Juventus, sendo substituído pelo mexicano Miguel Layún, que chega por empréstimo do Watford. Não foi o único mexicano a ingressar no FC Porto. Da Holanda chegou Jesús Corona, para colmatar a vaga deixada por Quaresma.

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por Miran Pavlin às 22:00



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