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CORTE LIMPO

Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário



Sábado, 28.11.15

Liga NOS, 11.ª jornada – CD Tondela 0-1 FC Porto – Roda da sorte

A partir de agora é oficialmente impossível perceber as leituras que Julen Lopetegui faz dos jogos. Se no encontro com o Dinamo Kiev uma das substituições deixou muitos a coçar a cabeça, que dizer então das alterações efectuadas pelo técnico frente ao Tondela? Aos 68 minutos Lopetegui tirou um central (Marcano) para fazer entrar um médio defensivo (Ruben Neves); nove minutos mais tarde foi a vez de um extremo (Brahimi) ceder o lugar a… um central (Maicon). Isto depois de já ter trocado Bueno, que jogou nominalmente a dez, para lançar Tello, recuando André André, até aí utilizado como extremo improvisado. Danilo Pereira também circulou entre trinco e central, ao sabor dos devaneios de Lopetegui.

Confuso? Não é para menos. Por estes dias, jogar no FC Porto é o mesmo que estar na roda da sorte ou na tômbola do Euromilhões. Tanto os jogadores como os observadores não sabem quem vai jogar, nem onde. E com tantos nomes a andar à roda continua a ser impossível que o FC Porto construa um onze-base. O problema já vem da época passada.

O jogo propriamente dito é fácil de explicar. A exibição do FC Porto foi muito cinzenta e o resultado definiu-se em dois momentos. Mesmo cercado por três homens do Tondela, Brahimi teve um lance de génio ao 28 minutos, rematando em arco, ao ângulo, para um grande golo. No minuto 82 foi Casillas a ser decisivo, agora pelos melhores motivos, detendo a grande penalidade cobrada por Chamorro. Passado o susto, ficou o desagrado dos adeptos portistas presentes em Aveiro, que a dado momento chegaram mesmo a entoar cânticos pouco abonatórios para a equipa.

Em ano de estreia na I Liga, e acabados de cair para o último lugar da tabela, os tondelenses estão a sentir o peso do salto competitivo e pouco perigo conseguiram criar, o que ainda deixa mais exposta a falta de assertividade dos azuis-e-brancos. Ou melhor, dos castanhos.

O FC Porto sai com os três pontos, é certo, mas chega ao final de Novembro na mesma encruzilhada em que se encontrava no ano passado por esta altura. Mesmo descontando o jogo que têm em atraso, os dragões perseguem a liderança, têm um onze titular em constante experimentação, com o respectivo preço em termos de produtividade, e parecem ter plantel mas não equipa. Não se nota nos jogadores aquele espírito de grupo que existiu em outras temporadas, nem os jogadores parecem dar as mãos em busca do objectivo comum. As referências para que tal aconteça são também elas poucas, ao ponto de o capitão esta noite ter sido Herrera.

Tendo ainda a continuidade na Liga dos Campeões em sério risco, Julen Lopetegui tem poucas escapatórias para aguentar outro ano a correr atrás do prejuízo. Ter entrado num FC Porto em convalescença de um terrível 2013/14 não terá sido benéfico para que o técnico se acomodasse da melhor forma, mas este é já o seu segundo ano e ainda não são claros quais os seus princípios de jogo. Aguardam-se ansiosamente as cenas dos próximos capítulos.

Numa nota final, Lopetegui foi expulso do jogo (36’). Maxi Pereira executou um lançamento lateral e o árbitro Manuel Mota invalidou-o e deu posse de bola ao Tondela. As imagens televisivas mostram o treinador a acenar para dentro do campo com um ar irónico. Na conferência de imprensa pós-jogo Lopetegui disse estar a passar indicações para um jogador, mas o juiz assim não entendeu. Até que saia o relatório, é a minha palavra contra a tua.

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por Miran Pavlin às 23:55

Terça-feira, 24.11.15

Liga dos Campeões, grupo G – FC Porto 0-2 Dinamo Kiev – Trambolhão

É incrível como o futebol continua a ser uma caixinha de surpresas. Os oitavos-de-final, que estavam à distância de um braço, estão agora do outro lado da mais movimentada auto-estrada que se possa imaginar. O FC Porto só precisava de um ponto. Depois deste trambolhão passa a precisar de um milagre.

É também incrível como as equipas ocasionalmente se esquecem de que a teoria não joga. Mesmo sendo dono de um estádio difícil para os visitantes, nenhum jogo está ganho a priori. O nulo serviria, é verdade, mas trata-se da Liga dos Campeões, meus senhores. Passear camisolas não chega. A postura demasiado relaxada com que o FC Porto se apresentou não só o deixou a jeito, como se costuma dizer, como também facilitou a tarefa do Dinamo Kiev.

Mesmo assim, o Dinamo foi tão cortês que até deixou um aviso. Pouco depois dos vinte minutos Garmash a cabeceou ao poste e Júnior Moraes desperdiçou um golo cantado no ressalto, mas os dragões não se terão assustado o suficiente e à segunda pagaram mesmo. Imbula cometeu grande penalidade ao derrubar Rybalka e Yarmolenko fez o 0-1 (35’).

A ausência de André André do onze inicial carece de explicações, mais ainda quando se notou logo desde os primeiros minutos que sem o internacional português o meio campo do FC Porto, no seu todo, estava menos activo. Agradeceu o Dinamo, que teve praticamente carta branca para subir ao ataque.

A justificação da derrota, porém, não reside apenas na falta de atitude em campo. A verdade é que nada saiu bem aos azuis-e-brancos. Desde as combinações mais simples até aos movimentos mais complexos, os passes ora saíam com força a mais, ou a menos, ou então para um lado quando o colega se movia para o outro. Inversamente, o Dinamo pareceu sempre estar mais bem colocado em campo. Cada corte incompleto foi sempre resolvido, os ucranianos anteciparam-se vezes sem conta, e sempre que tinham a bola o propósito era atacar.

No recomeço Lopetegui fez então entrar André André. Para o lugar de Imbula? Não, para o de Maxi Pereira. Para quê complicar tanto? A equipa até reagiu, mas rapidamente caiu de novo na teia do Dinamo, voltando o jogo ao figurino da primeira parte. Até que Derlis González fez o 0-2 (64’), num lance em que Casillas não fica nada bem visto, defendendo para cima, só com uma mão. A bola descreveu um caprichoso arco que a levou até ao fundo da baliza. Lopetegui processou de imediato uma dupla substituição, lançando Osvaldo e Corona para os lugares de Brahimi e Imbula, mas não se livrou de um coro de assobios.

No fundo, o FC Porto pagou a factura do excessivo relaxamento inicial, combinado com uma noite desligada em que cada um jogou para seu lado. Pior que isso só pensar que das escassas duas oportunidades que os dragões tiveram, uma foi criada pelo Dinamo, num corte infeliz de Rybalka que bateu no poste; o ressalto, invariavelmente, ficou nas mãos do seu guarda-redes. Sobre o apito final, numa insistência, André André rematou forte mas a bola desviou em Dragović e bateu com estrondo na trave.

As contas são agora fáceis de fazer: na última jornada o FC Porto vai a casa do Chelsea – teoricamente o seu jogo mais difícil – enquanto o Dinamo Kiev recebe o Maccabi Telavive – teoricamente o seu jogo mais fácil. O FC Porto ainda lidera o grupo, mas irá do trambolhão à derrocada?

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por Miran Pavlin às 23:50

Sábado, 21.11.15

Taça de Portugal, 4.ª eliminatória – SC Angrense 0-2 FC Porto – Lei do mais forte

A presença portista nesta edição da Taça de Portugal tem sido um reencontro com o passado, nomeadamente com a época 2002/03. Depois da primeira visita à Póvoa desde essa temporada, o FC Porto deslocou-se agora aos Açores, onde não jogava desde 8 de Dezembro de 2002, na altura para a I Liga.

O estádio João Paulo II, só com uma bancada, mas tendo vista para as águas num dos topos, assemelha-se a um Restelo dos pobres. Se a isso se juntarem a calmaria do mar, as encostas verdejantes e até a vaca que ocasionalmente aparecia lá ao fundo a pastar, a envolvência ao estádio torna-se deveras idílica. Enquanto alguns se distraíam com o momento e a paisagem, Bueno marcou dois golos e colocou o resultado fora de questão. O primeiro (14’) apareceu num cabeceamento na zona do ponta-de-lança; o segundo (40’) foi mais bonito, já que incluiu um firme domínio de peito antes do remate semi-acrobático, sem hipóteses para o guardião dos açorianos.

Entretanto anoiteceu e já não havia paisagem que pudesse disfarçar a pouca história que o jogo teve depois de o FC Porto chegar à vantagem. Perante uma equipa do Campeonato de Portugal, Julen Lopetegui optou por um onze experimental, dando os primeiros minutos da temporada a José Ángel, Victor García e Sérgio Oliveira. Tal como na eliminatória anterior, Helton, Lichnovsky, Evandro, Varela, Bueno e Osvaldo foram titulares, mas não foi possível tirar grandes notas ou fazer avaliações porque o jogo foi pouco mais que um treino. Salta à vista, sim, a titularidade de Imbula, ele que não o foi nos dois jogos anteriores.

O Angrense, que nesta fase lidera a Série E do ex-CNS, foi um digno vencido, apesar de tudo. Não se amedrontou com o nome do adversário e chegou mesmo a introduzir a bola na baliza de Helton, mas não valeu porque Pedro Aguiar tentou uma mão de Deus, que aqui não passou despercebida ao árbitro. Um lance desses é só para alguns.

Uma vez que a lei do mais forte prevaleceu, não houve Taça. Nem mesmo ameaça de que pudesse haver. O FC Porto segue para os oitavos-de-final da prova, onde, crê-se, a dificuldade deverá aumentar.

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por Miran Pavlin às 22:30

Domingo, 08.11.15

Liga NOS, 10.ª jornada – FC Porto 2-0 Vitória FC – Reagir bem

Não há engano. O FC Porto saltou mesmo da oitava para a décima jornada, em virtude do adiamento da partida com o União, que deveria ter-se disputado no pretérito fim-de-semana. Houve engano, sim, sobre o relvado. Ao contrário das últimas visitas ao Dragão, desta vez o Vitória não foi uma equipa pálida e encolhida, e procurou esticar o seu jogo o mais que pôde, na tentativa de chegar a terrenos mais avançados com a bola no pé.

O FC Porto, por seu turno, não se terá incomodado muito com isso, uma vez que pressionou melhor que em outros jogos, pese embora o ocasional rodriguinho, principalmente quando a bola chegava a Brahimi. O argelino deverá ter alergia ao jogo de equipa, pois prefere rodopiar sobre si uma e outra vez quando está acossado pelos defesas contrários e longe dos colegas, que, diga-se, pouco apoio lhe dão em termos de abertura de linhas de passe.

Porque estava então a pressionar melhor, o FC Porto acabou por conseguir criar mais lances de perigo do que na partida com o Braga, mas o golo tardou em aparecer. A resistência dos sadinos durou longos 70 minutos, altura em que Aboubakar finalmente marcou, depois de ter perdido diversos lances mais ou menos claros. Aos 84 minutos Layún coroou mais uma sólida exibição – mais em termos ofensivos que defensivos, pois praticamente não teve trabalho nesse sector – com um golo semelhante ao que apontara em Israel, num remate cruzado sem hipótese para o guarda-redes.

Ruben Neves deu mais uma mostra da sua qualidade na distribuição de jogo, mas cedeu o lugar a André André para a segunda parte. O suplente mexeu com o jogo, dando ao miolo portista a alta rotação que faltou até aí. Com o jogo ainda encravado, Lopetegui teve a rara decisão de colocar outro avançado junto a Aboubakar, fazendo entrar Osvaldo. Mesmo sem acção directa do italo-argentino, a manobra resultou, e o técnico logo fez voltar a equipa à forma anterior, trocando Brahimi por Imbula.

Não fosse o claro domínio dos azuis-e-brancos e poderia pensar-se que o triunfo foi tirado a ferros. O mais que o Vitória conseguiu foi dar ao técnico Quim Machado uma pílula para dourar sempre que precise de motivar as suas tropas. Mesmo tendo sido mais expansivo, o resultado foi nulo e assim continua em vigor a série negra do Setúbal, que não marca no Dragão para a I Liga desde 2006/07, e aí não pontua desde 2005/06. Já o FC Porto acaba por reagir bem quer à desvantagem pontual face ao líder, quer à agravante psicológica de ter um jogo em atraso, que o faz ver-se um pouco mais afastado da frente.

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por Miran Pavlin às 22:30

Quarta-feira, 04.11.15

Liga dos Campeões, grupo G – Maccabi Telavive 1-3 FC Porto – Chave na mão

Antes de se poder afirmar que o FC Porto se superiorizou novamente ao Maccabi Telavive com alguma naturalidade, deve dizer-se que desta vez os dragões tiveram que tornar o jogo mais fácil, pois o Maccabi foi mais problemático, como de resto seria de esperar. Apresentando-se mais aberto que no Dragão, o Maccabi acabava por abrir mais espaço junto à sua área e o FC Porto não hesitou em explorá-lo, tornando os primeiros 18 minutos num carrossel de sustos junto às duas balizas.

Tudo terminou ao 19.º minuto. Num lance de insistência, André André descobriu Tello solto na esquerda e o catalão, apesar do mau domínio, conseguiu mesmo concluir para o primeiro golo do encontro. Até aí, o FC Porto tivera que lidar de novo com as referências Ben Haim II e Zahavi, que foram os principais responsáveis pelo atrevimento do Maccabi. O golo dos israelitas esteve mesmo para acontecer, mas Ben Haim II, na pequena área, não teve a compostura necessária para emendar de cabeça, numa fase em que os da casa tiveram vários cantos a favor.

O golo de Tello mudou então a face do jogo. O Maccabi precisou de algum tempo para se recompor e fechou-se, obrigando o FC Porto às quase constantes lateralizações que em certos jogos caseiros despertam os assobios de alguns adeptos. Ironicamente, só depois do descanso é que o FC Porto poderia descansar. Logo aos 50 minutos André André apareceu, imagine-se, a cabecear para o 0-2 numa antecipação ao central, após boa jogada na direita, com Maxi Pereira no cruzamento.

Só a partir daí os tricampeões israelitas voltaram a incomodar Casillas, nomeadamente através de remates de fora que aqueceram as luvas ao internacional espanhol. Numa dessas situações, o lance evoluiu para um contra-ataque perigoso dos azuis-e-brancos, mas Evandro finalizou muito mal, tão mal quanto Aboubakar no primeiro tempo.

O FC Porto acabaria mesmo por chegar ao terceiro golo, por Layún (72’), num bonito remate em arco, após boa solicitação de Tello. O Maccabi ainda disporia de uma grande penalidade, que Zahavi não desperdiçou, rematando forte para o canto inferior esquerdo do guarda-redes. Talvez seja injusto para o Maccabi que o seu primeiro golo nesta fase de grupos nasça desta forma, uma vez que o lance que motivou o castigo máximo não pareceu faltoso. Ainda houve tempo para Rikan quase fazer um auto-golo, no último momento de perigo do encontro, que terminaria minutos depois sem mais sobressaltos.

Na sua primeira visita à Terra Prometida, o FC Porto mostrou que tinha na mão a chave da porta de uns oitavos-de-final que estão também eles prometidos, ainda que tacitamente, desde o jogo com o Chelsea. A porta ficou então aberta; falta atravessá-la.

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por Miran Pavlin às 23:15



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