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Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
A partir de agora é oficialmente impossível perceber as leituras que Julen Lopetegui faz dos jogos. Se no encontro com o Dinamo Kiev uma das substituições deixou muitos a coçar a cabeça, que dizer então das alterações efectuadas pelo técnico frente ao Tondela? Aos 68 minutos Lopetegui tirou um central (Marcano) para fazer entrar um médio defensivo (Ruben Neves); nove minutos mais tarde foi a vez de um extremo (Brahimi) ceder o lugar a… um central (Maicon). Isto depois de já ter trocado Bueno, que jogou nominalmente a dez, para lançar Tello, recuando André André, até aí utilizado como extremo improvisado. Danilo Pereira também circulou entre trinco e central, ao sabor dos devaneios de Lopetegui.
Confuso? Não é para menos. Por estes dias, jogar no FC Porto é o mesmo que estar na roda da sorte ou na tômbola do Euromilhões. Tanto os jogadores como os observadores não sabem quem vai jogar, nem onde. E com tantos nomes a andar à roda continua a ser impossível que o FC Porto construa um onze-base. O problema já vem da época passada.
O jogo propriamente dito é fácil de explicar. A exibição do FC Porto foi muito cinzenta e o resultado definiu-se em dois momentos. Mesmo cercado por três homens do Tondela, Brahimi teve um lance de génio ao 28 minutos, rematando em arco, ao ângulo, para um grande golo. No minuto 82 foi Casillas a ser decisivo, agora pelos melhores motivos, detendo a grande penalidade cobrada por Chamorro. Passado o susto, ficou o desagrado dos adeptos portistas presentes em Aveiro, que a dado momento chegaram mesmo a entoar cânticos pouco abonatórios para a equipa.
Em ano de estreia na I Liga, e acabados de cair para o último lugar da tabela, os tondelenses estão a sentir o peso do salto competitivo e pouco perigo conseguiram criar, o que ainda deixa mais exposta a falta de assertividade dos azuis-e-brancos. Ou melhor, dos castanhos.
O FC Porto sai com os três pontos, é certo, mas chega ao final de Novembro na mesma encruzilhada em que se encontrava no ano passado por esta altura. Mesmo descontando o jogo que têm em atraso, os dragões perseguem a liderança, têm um onze titular em constante experimentação, com o respectivo preço em termos de produtividade, e parecem ter plantel mas não equipa. Não se nota nos jogadores aquele espírito de grupo que existiu em outras temporadas, nem os jogadores parecem dar as mãos em busca do objectivo comum. As referências para que tal aconteça são também elas poucas, ao ponto de o capitão esta noite ter sido Herrera.
Tendo ainda a continuidade na Liga dos Campeões em sério risco, Julen Lopetegui tem poucas escapatórias para aguentar outro ano a correr atrás do prejuízo. Ter entrado num FC Porto em convalescença de um terrível 2013/14 não terá sido benéfico para que o técnico se acomodasse da melhor forma, mas este é já o seu segundo ano e ainda não são claros quais os seus princípios de jogo. Aguardam-se ansiosamente as cenas dos próximos capítulos.
Numa nota final, Lopetegui foi expulso do jogo (36’). Maxi Pereira executou um lançamento lateral e o árbitro Manuel Mota invalidou-o e deu posse de bola ao Tondela. As imagens televisivas mostram o treinador a acenar para dentro do campo com um ar irónico. Na conferência de imprensa pós-jogo Lopetegui disse estar a passar indicações para um jogador, mas o juiz assim não entendeu. Até que saia o relatório, é a minha palavra contra a tua.
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