Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
Vencer em casa do Estoril é a mais difícil das tarefas que o FC Porto pode ter em mãos. A História fala por si: antes deste jogo contavam-se apenas oito vitórias dos dragões em 23 visitas. O presente, esse, também dispensa comentários: o FC Porto subia ao relvado da Amoreira na ressaca de uma negra sequência de dez jogos em que só venceu quatro. Os azuis-e-brancos tinham ainda contra si o facto de não vencerem na Grande Lisboa há mais de três anos. A última vez que o FC Porto o conseguiu tinha sido precisamente em casa do Estoril. E tal como nesse dia 28 de Outubro de 2012, hoje também foi preciso operar uma reviravolta para trazer os três pontos para a Invicta.
Face à dimensão da proposição, a vitória tem que ser encarada como um bálsamo, não só para uma equipa extremamente necessitada de algo de positivo a que se agarrar, mas também para um treinador que ainda não tinha lançado uma primeira pedra sólida o suficiente para começar a construir.
O golo do Estoril apareceu logo aos quatro minutos, quando Diego Carlos cabeceou certeiro na sequência de um canto. Ao contrário do que acontecera em Guimarães, onde o FC Porto pareceu indeciso sobre a resposta a dar ao golo sofrido e acabaria por deixar a questão em branco, desta vez não houve dúvidas: inclinar o jogo sobre o último reduto estorilista era a solução. Aos 18 minutos Aboubakar finalizou um ataque rápido com um desvio na zona fatal, a cruzamento de Layún. Aos 33, foi Danilo Pereira a marcar, também de cabrça, também na cobrança de um canto. Era a melhor fase do FC Porto no jogo.
A segunda parte foi diferente. Os jogadores decidiram não facilitar a tarefa ao árbitro e os cartões começaram a saltar que nem pipocas. Com o jogo mais rasgadinho, Gerso e Maxi Pereira protagonizaram o mais notório despique, acabando ambos amarelados. Quem pagou foi o jogo em si, que descresceu de qualidade.
Mesmo assim, foi o FC Porto a estar mais perto do golo, quando Aboubakar (77’) conseguiu falhar um golo cantado, rematando por cima quando estava a dois metros da baliza. A perdida foi inacreditável. O golpe final surgiria ao minuto 82, altura em que André André fez o 1-3 com um remate cruzado na direita, após defesa incompleta de Kieszek a um disparo de Corona.
O triunfo dos azuis-e-brancos foi merecido. Quase tão importante como os três pontos é o facto de a exibição finalmente ter sido convincente. Levando em linha de conta que este foi o quinto jogo consecutivo da I Liga em que o FC Porto utilizou o mesmo onze, será que uma coisa tem a ver com a outra?
Comecemos pelo final. Enquanto lamentava a derrota, José Peseiro deixou escapar que aproveitou este jogo para testar um esquema táctico ainda pouco treinado, e que por isso os jogadores não terão dado a melhor resposta em campo. Tendo em conta que se tratava da Taça da Liga e que o FC Porto já não tinha hipóteses de seguir em frente, a explicação do técnico até pode colher. Porém, a argumentação perde toda a validade assim que se constata que muitos dos homens mais utilizados ficaram de fora, pondo em causa a utilidade prática do teste.
O saldo final, esse, é esclarecedor. Esta foi a pior participação de sempre do FC Porto na Taça da Liga. Muito pior que a viagem inaugural na prova, em 2007/08, quando os dragões foram eliminados pelo Fátima. Nunca o FC Porto tinha terminado uma fase de grupos de qualquer competição com zero pontos. Leu bem, zero pontos. Ainda para mais, neste caso, num grupo com duas equipas da II Liga.
Obviamente que um adepto do Feirense contaria uma história diferente, até porque foi a primeira vez que os fogaceiros bateram o FC Porto; do ponto de vista dos azuis-e-brancos é difícil analisar o jogo, porque foi mau demais para ser verdade. Apetece pensar que não era realmente o FC Porto que estava em campo, antes um conjunto de humildes rapazes vestidos à Porto. Vontade não falta para tecer comentários pouco abonatórios sobre Varela e Imbula, mas a verdade é que a equipa, no seu todo, esteve pouco mais que à deriva.
Não vale a pena escrever muito mais, porque a classificação final do grupo diz tudo. Nem sequer se pode dizer que foi uma saída pela porta pequena. O FC Porto sai da Taça da Liga pela porta do gato.
NOTA: somos obrigados a ilustrar esta publicação com uma fotografia de José Peseiro a imitar Julen Lopetegui porque lamentavelmente o Sapo Fotos não disponibiliza qualquer imagem da acção do jogo.
Há quem diga que a História, de tempos a tempos, se repete. Em Janeiro de 2002 o FC Porto seguia na terceira época desde o último título de campeão nacional e os resultados negativos fizeram com que o chicote estalasse nas costas de Octávio Machado. O homem que se seguiu foi José Mourinho, que orientou o seu primeiro jogo no quarto fim-de-semana do mês, diante do Marítimo.
14 anos depois, o paralelismo com esse Janeiro é por demais evidente. O FC Porto encontra-se novamente na terceira temporada desde a última vez que celebrou o título e o treinador voltou a não resistir. O substituto também dá pelo nome de José, mas Peseiro, e tal como nesses tempos idos, estreia-se no comando da equipa no quarto fim-de-semana de Janeiro, igualmente frente ao Marítimo. Num último requinte, tal como nesse jogo de 2002, o técnico maritimista é Nelo Vingada e o marcador abriu com um auto-golo dos insulares – na altura foi Briguel o infeliz. As coincidências terminam por aqui, uma vez que o resultado desse jogo (2-1) não se repetiu. Naturalmente que só o tempo dirá se estas ligações quase esotéricas com o passado são premonitórias. Por enquanto, a única confirmação é a de que José Peseiro tem muito trabalho pela frente, na medida em que a exibição portista esteve longe de convencer.
O FC Porto teve hoje um pouco da sorte que lhe faltou em outros jogos. Primeiro no golo (22’), num remate de André André que ressaltou nas costas do guarda-redes Salin após bater na trave, depois no cabeceamento de Dyego Sousa à trave (25’), e ainda na saída por lesão de Marega (32’), que é o segundo melhor marcador do Marítimo na I Liga. Apenas houve mais uma oportunidade flagrante de golo, quando aos 72 minutos Corona rematou cruzado, em arco, para uma soberba defesa de Salin para canto. Nessa altura já estava em campo Hyun-Jun Suk, que entrou para os últimos vinte minutos, estreando-se assim pelos dragões em jogos da I Liga. O sul-coreano, apesar de esforçado, acabou por não ter grande influência no jogo.
Este foi o nono jogo entre FC Porto e Marítimo nas últimas três épocas, e talvez a familiaridade dos verde-rubros com o futebol dos dragões justifique o atrevimento que demonstraram ao longo de toda a partida, ao ponto de se pensar que talvez até o empate se justificasse. Por outro lado, é possível que tenham sido as quatro vitórias nesses nove encontros a dar aos insulares uma crença extra. Numa terceira hipótese, talvez fosse só uma reacção positiva à entrada de um novo treinador.
Na zona de entrevistas rápidas, José Peseiro relativizou a pobreza da exibição da equipa, salientando que neste momento são mais importantes os pontos. Acabou por valer a sorte que tantas vezes tem virado as costas ao FC Porto nos últimos tempos. Peseiro merece o benefício não da dúvida, mas do tempo, o qual ainda não teve para perceber que tipo de jogadores tem em mãos. Mãos à obra, então.
Não se podiam mesmo pedir dias mais agitados no reino do dragão. Depois de três jogos sob a batuta de Rui Barros, o FC Porto foi a jogo ainda com o antigo médio nos comandos, mas já com o novo treinador na bancada. O escolhido, ao cabo de quase duas semanas de indefinição, é José Peseiro, que se desvinculou dos egípcios do Al-Ahly para rumar à Invicta. Infelizmente para o técnico, o que a equipa lhe mostrou decerto não terá deixado as melhores impressões.
A falta de empenho dos dragões na Taça da Liga já tem barbas, mas mesmo pesando esse factor, este terá sido o pior jogo de sempre do FC Porto nesta competição. Possivelmente por não querer sobrecarregar os principais nomes da equipa na véspera da entrada de Peseiro em funções, Rui Barros montou um onze altamente experimental, lançando mão a nomes como Víctor García, Lichnovsky, Sérgio Oliveira e André Silva, hoje como extremo. O encontro marcou também a estreia de Hyun-Jun Suk pelo FC Porto.
A perspectiva por que se poderia ver o jogo cai por terra a partir do momento em que o Famalicão também entra com um onze alternativo e certos jogadores do FC Porto simplesmente não se conseguiram superiorizar. José Ángel não acertou um passe e Varela terá feito uma das piores exibições da sua carreira. Imbula quase não existiu em campo. É necessário ainda perguntar a alguém se este Maicon é o mesmo que há uns anos jogava no FC Porto. Até Helton esteve desconcentrado, sendo muito mal batido no golo de Mauro Alonso (58’), que decidiu a partida. O livre cobrado pelo brasileiro do Famalicão bateu no chão mesmo à frente do veterano guarda-redes, deixando-o muito mal na fotografia. No decorrer do segundo tempo Corona foi lançado na tentativa de mexer com o jogo, o que não viria a acontecer. Francisco Ramos e Ismael Díaz, da equipa B, ainda tiveram oportunidade de jogar uns minutos.
No final, não é possível recordar mais que um cabeceamento de Suk à trave, aos 85 minutos. Foi um suplício assistir ao jogo. Pareceu mesmo um jogo de amigos marcado no próprio dia por mensagem, em que só alguns se conhecem entre si. Pior que isso, só pensar que o FC Porto fica matematicamente eliminado da Taça da Liga, ainda com um jogo por disputar, e está no último lugar de um grupo que inclui duas equipas da II Liga.
Na zona de entrevistas rápidas, questionado sobre o ânimo do plantel neste momento, Helton disse “precisamos de nos ajudar, mas também precisamos de ajuda”. Palavras tão sinceras quanto esclarecedoras sobre o estado de alma actual do FC Porto. Espera-se que o início da primeira sessão de treino de José Peseiro no Olival seja o regresso de alguma normalidade ao dia-a-dia portista. Até quando resistirá o fôlego da entrada do novo treinador?
A época do FC Porto está cada vez mais imprevisível. Líderes à 14.ª jornada, os dragões vêem-se agora em terceiro lugar, cinco pontos atrás do Sporting. Se nos jogos com o Boavista o FC Porto mostrou alguma atitude e união, e lidou bem com a agressividade imposta pelos axadrezados, em Guimarães não foi capaz de encontrar as melhores soluções para vir à tona num jogo que foi um poço de problemas.
O problema maior apareceu bem, bem cedo. Tinham passado apenas quatro minutos quando Casillas complicou ainda mais uma bola já de si traiçoeira, no caso um ressalto que subiu às alturas e caiu já muito chegado à baliza. Talvez o guarda-redes tenha pensado demais em não agarrar a bola molhada, que lhe poderia escorregar por entre as luvas, em vez de pensar unicamente em socar a bola, ou para longe, ou para o lado. O veredicto de Casillas foi dar um tapinha para a frente, onde aparecia Bouba Saré, que aproveitou da melhor maneira a hesitação do internacional espanhol.
Seria o único golo do jogo. Seguiram-se 86 minutos, mais descontos, de infrutífero esforço portista. Com o pássaro na mão, o Vitória fechou-se no seu castelo e o FC Porto estacionou à porta. Foi aí que os problemas se multiplicaram. Novamente mais vertical, mas com alguma lentidão, ainda que não tanta como com Lopetegui, os azuis-e-brancos procuraram todo e qualquer espaço por onde pudessem furar a muralha, mas sem sucesso.
Não que o Vitória não tenha mérito, porque o tem. Primeiro porque o jovem guardião Miguel Silva foi exemplar, e depois porque a equipa soube secar o FC Porto. Naturalmente que é mais fácil estando em vantagem, mas a verdade é que a pressão dos conquistadores foi bem aplicada, estorvando imenso a fluidez do jogo portista.
O FC Porto terminou com mais de 70% de posse de bola, mas o perigo criado foi pouco. Em parte pelo que se escreve no parágrafo anterior, e noutra parte porque é justo dizer que nada saía bem. As diversas jogadas ao primeiro toque que os dragões elaboraram foram sempre como um puzzle em que faltava uma peça, fosse ela um passe certeiro, um bom domínio de quem recebia a bola final, ou até mesmo os mais incontroláveis ressaltos, nos quais o FC Porto não teve sorte.
Ocasiões claras? Porventura apenas uma, segundos antes do golo. Foi mesmo como se tivesse havido dois jogos dentro do mesmo. Um frenético, em que o Guimarães esteve pertíssimo do golo logo aos 13 segundos, seguindo-se esse lance por parte dos visitantes, e culminando no golo; e outro em que a muralha vitoriana suportou firmemente a pressão exercida. O FC Porto ficou mesmo à porta do castelo.
Com o escoar dos minutos ficou claro que só um lance fortuito alteraria o rumo dos acontecimentos. A derrota acontece não tanto por falta de esforço – por enquanto esse problema parece estar adormecido – mas sim porque perante um adversário mais competente voltaram a notar-se as dúvidas que a equipa tem na construção ofensiva, que era sempre demasiado cautelosa na vigência do técnico anterior. É, de facto, emergente que se encerre o dossier treinador. Seja ele novo, ou não.
O FC Porto vai ao médico. É uma consulta de rotina.
SINTOMAS
Campeonato: situação não muito diferente da época passada. Há novamente pontos para recuperar face ao actual líder, a quem de novo não conseguiu vencer.
Taça de Portugal: depois de um jogo no Bessa para homens de barba rija, os dragões apuraram-se para as meias-finais, onde encontrarão, a duas mãos, o Gil Vicente, que segue bem classificado na II Liga.
Taça da Liga: a passagem à fase seguinte está comprometida, mas os azuis-e-brancos mais uma vez parecem dar de barato esta competição.
Europa: a saída da Liga dos Campeões foi indigesta. Despromovido à Liga Europa, o FC Porto tem agora pela frente o Borussia Dortmund, em Fevereiro. Um duro osso.
RAIO X
A TAC ao plantel.
GUARDA-REDES
Casillas: titular no campeonato e na Liga dos Campeões, o histórico guardião sofre golos mais por inépcia da defesa do que por incompetência própria, mas sofreu um ou outro golo infeliz, com o Dinamo Kiev, em dose dupla, a saltar imediatamente à memória.
Gudiño: não foi utilizado.
Helton: quem sabe nunca esquece. Quando vai a jogo, na Taça de Portugal e na Taça da Liga, é o Helton dos velhos tempos. No recente jogo para a Taça de Portugal frente ao Boavista defendeu uma grande penalidade que efectivamente garantiu a passagem às meias-finais.
DEFESAS
Cissokho: falhou no golo sofrido em casa do Marítimo, na 2.ª jornada da Liga, e não mais foi opção para Lopetegui. Rescindiu ainda durante o mês de Dezembro.
José Ángel: utilizado apenas na Taça de Portugal e na Taça da Liga, ainda não conseguiu encontrar o seu espaço no FC Porto.
Layún: entrou bem na equipa e os adeptos gostaram da propensão ofensiva do lateral mexicano. Sabe cruzar, remata bem e leva já três golos, incluindo todas as competições.
Lichnovsky: alinhou duas vezes na Taça de Portugal.
Maicon: tem estado menos assertivo que em épocas anteriores, o que lhe custa alguns lances mais caricatos. Precisa de ganhar confiança no seu jogo.
Marcano: não costuma complicar na resolução dos lances, mas é propenso a erros e hesitações que custam golos. Na equipa de, digamos, Vítor Pereira, talvez não conseguisse mais que ser quarto ou quinto central.
Martins Indi: competente e eficaz, está a realizar mais uma época de bom nível.
Maxi Pereira: a entrega e dedicação são totais. Em vários jogos pareceu ser o único em campo disposto a dar tudo. Faltam-lhe duas coisas: o golo e melhor interacção com o extremo à sua frente.
Víctor García: tendo sido utilizado apenas na equipa B, subiu ao plantel principal para um jogo em cada uma das Taças.
MÉDIOS
André André: um poço de energia. Incansável a pressionar a circulação de bola dos adversários. O reverso da medalha é o desgaste, que o fez perder jogos por fadiga muscular. Por muito incompreensível que às vezes fosse, talvez a rotação preconizada por Lopetegui fosse bem-vinda no seu caso específico. Marcou o único golo do jogo com o Benfica, em Setembro.
Danilo Pereira: trinco eficaz na recuperação da bola e distribuição de jogo, além de dar algum músculo ao meio-campo. Marcou de calcanhar diante do Boavista.
Evandro: suplente frequentemente utilizado, é um recurso importante no equilíbrio da equipa. É pena não jogar mais vezes.
Herrera: o chamado box to box. Ajuda no início da construção de jogo e ainda aproveita as descidas de Aboubakar para aparecer na zona de finalização. Também tem jogos menos conseguidos, mas nas últimas semanas tem estado em grande forma. Leva cinco golos na I Liga e marcou de calcanhar à Académica.
Imbula: tem-se mostrado descontente com os poucos minutos de utilização. Quando joga, nem sempre se percebe porque foi o jogador mais caro alguma vez contratado por um clube português. Talvez ainda não tenha jogado na posição que mais lhe agrada.
Ruben Neves: foi o jogador mais jovem de sempre a capitanear uma equipa na Liga dos Campeões, mas tal não lhe deu qualquer estatuto, já que foi um dos mais penalizados pela rotação da equipa. É tão competente como Danilo Pereira, mas ainda tem rodagem para fazer.
Sérgio Oliveira: apenas foi opção na Taça de Portugal e na Taça da Liga.
AVANÇADOS
Aboubakar: em abstracto, é tão bom ou melhor que Jackson Martínez, mas falta-lhe ser mais prolífico. Em parte porque passa muito tempo a vir buscar jogo atrás, mas também porque não é tão constante como o seu antecessor.
André Silva: lançado às feras em Alvalade, ainda não encontrou o jogo ideal para ganhar confiança e mostrar realmente o que vale.
Brahimi: mais eficaz quando joga por dentro do que pela extrema, mas por defeito joga quase sempre colado à linha. Tende a perder-se em fintas, mesmo quando tem alguém a quem dar a bola. Marcou um golaço frente ao Tondela, que ajudou a decidir o jogo.
Bueno: quando joga parece saber o que faz, mas ser utilizado apenas a espaços não lhe permite nem ganhar ritmo, nem criar rotinas com os colegas.
Corona: extremo de qualidade inequívoca, marcou dois golos na estreia e parecia ser a solução para os problemas da equipa, mas desvanece-se do jogo demasiadas vezes. Parece mais à vontade quando sobe acossado por adversários.
Osvaldo: recuperando palavras escritas após o seu primeiro jogo, é pesado e pouco móvel. Foi pouco utilizado e pouco mostrou nessas ocasiões. Já saiu do clube, a caminho do Boca Juniors. Ao menos leva um golo de dragão ao peito.
Tello: por ter sido menos utilizado que na época passada, é notório que quando entra em campo tem pouco ritmo. Ainda não confirmou em definitivo as suas credenciais.
Varela: face aos poucos minutos que jogou, por vezes até se esquece que faz parte do plantel. Tem condições para mais do que aquilo que tem exibido, mas as coisas teimam em não acontecer.
TREINADOR
Já bem dentro da época, tornou-se claro que a performance da equipa estava a ser demasiado igual à de 2014/15. Uma corrida atrás do prejuízo, com perdas de pontos nos jogos mais importantes e a equipa a denotar défice físico e de ideias. Nem a Liga dos Campeões correu de feição. Julen Lopetegui pagou o preço e deixou o comando técnico ao cabo da 16.ª jornada. O seu adjunto Rui Barros tomou conta da equipa, e logo se viu mais atitude e entrega. O antigo médio dos dragões mantém, até ao momento, a sua aura de vitória enquanto treinador: três jogos, três vitórias. Uma em 2006 que valeu uma Supertaça, conseguindo agora uma goleada e um apuramento para as meias-finais da Taça de Portugal.
DIAGNÓSTICO
Falta de pontos e espírito de grupo. Vai ser necessário tomar um anti-stress para aguentar o que aí vem. A luta decerto continuará até ao fim, mas mais uma vez a desvantagem pontual será um problema para o sistema nervoso do FC Porto.
OBSERVAÇÃO
O avançado sul-coreano Hyun-Jun Suk, do Setúbal, é dado como reforço dos dragões para a segunda metade da época.
Já era de esperar que o segundo round entre panteras e dragões não fosse desnivelado como o primeiro. Além da memória ainda fresca sobre o jogo anterior, aqui as equipas defrontavam-se de igual para igual, sem a pressão dos pontos. Quem ganhasse, passava. E foi como que uma versão 2.0 do jogo anterior. Um dérbi da Invicta como há muito não se via. Tal como Rui Barros previra, o Boavista foi uma equipa bastante mais agressiva, à qual o FC Porto teve que responder à medida. Até apetece dizer que a vitória foi tirada a ferros e a fogo, tal foi o cariz do encontro.
Logo desde os primeiros segundos se notou que o Boavista vinha determinado a vingar a goleada sofrida. E se no domingo usara de alguma dureza na disputa dos lances, desta vez os axadrezados abusaram. Talvez decidido a conduzir o jogo sem cartões, o juiz Nuno Almeida foi, durante a primeira parte, no mínimo, passivo perante a excessiva virilidade com que por vezes se jogava, até porque o FC Porto nem sempre se deixou ficar. A partida aqueceu tanto que quase transbordou no segundo tempo, altura em que a rispidez aumentou e os jogadores se envolveram duas vezes em discussões de grupo mais acaloradas. Imbula, entrado para o lugar do infeliz Evandro, pagou o preço ao ser expulso por pisar o calcanhar de um adversário (68’). Face às incidências do encontro, outros jogadores também teriam que ter sido expulsos, pelo que a decisão do árbitro pode ser encarada como altamente questionável.
A expulsão alterou o desenrolar do jogo, uma vez que os jogadores se acalmaram e o Boavista, que tinha tido o grosso da posse de bola depois do intervalo, tentou um último assomo às redes de Helton. Nos últimos segundos da compensação, o golpe de teatro: grande penalidade a favor do Boavista, numa imprudência de Martins Indi. Quando todos tinham o coração na garganta, o último volte-face: Douglas Abner rematou mal e Helton, tendo adivinhado o lado, defendeu. O exemplo acabado do que é um final dramático.
Terá sido a primeira vez esta época que se viu uma equipa do FC Porto ser tão colectiva. Além de a exibição ter sido novamente bastante aceitável, ficou a sensação de que o FC Porto tem realmente um grupo, não apenas um conjunto de jogadores. Herrera e Danilo Pereira tiveram novamente uma prestação sólida, e com Brahimi a jogar mais no meio a interacção com os laterais Maxi Pereira e Layún tornou-se mais produtiva. Foi mesmo o argelino a fazer o único golo da noite (24’), que se revelaria precioso para o FC Porto resistir a tudo o que se seguiu. Trabalhando bem na esquerda sobre dois contrários e já de ângulo apertado, Brahimi rematou rasteiro, surpreendendo o guarda-redes Mika. Os azuis-e-brancos ainda tiveram duas bolas ao poste, num cabeceamento de Marcano e num remate de Aboubakar.
Pelas circunstâncias, a vitória tem que ser moralizante. Rui Barros conseguiu fazer os jogadores perceber ao que iam, e estes novamente corresponderam, dando as mãos e levando o FC Porto às meias-finais da Taça, onde o espera o Gil Vicente.
A notícia surgiu na noite seguinte ao encontro com o Rio Ave. Julen Lopetegui já não era treinador do FC Porto. Nesse jogo o técnico tinha visto a sua segunda dose de lenços brancos, com o empate a significar mesmo o fim da linha. O treinador-adjunto Rui Barros é novamente o homem que trava o sinal de alarme e, presume-se, assegura a transição. Já em Agosto de 2006 o diminuto antigo médio tinha tomado as rédeas da equipa, vencendo até uma Supertaça, antes da chegada de Jesualdo Ferreira.
Com pouco tempo para preparar o encontro, Rui Barros fez aquilo que o seu antecessor nunca se terá lembrado de fazer: repetiu o onze do último jogo, pedindo aos jogadores mais intensidade e mais rapidez na saída para o ataque. No fundo, mais proactividade. E a equipa correspondeu, estando à altura de um jogo tão exigente quanto um dérbi tripeiro no Bessa.
Logo aos 12 minutos Herrera abriu o marcador com um golo de belo efeito. André André picou a bola para a desmarcação do médio mexicano, que sempre em andamento se virou para receber de peito, rodou sobre si e finalizou com classe. A vantagem era preciosa, até porque o FC Porto se batia com um Boavista mais lutador que perigoso. O jogo foi bastante viril de parte a parte, e ficaram alguns cartões por mostrar aos axadrezados.
A luta dos da casa durou até aos 62 minutos, altura em que Corona se iluminou, fintou dois adversários com mestria e rematou colocado para o 0-2. A partir daí o FC Porto praticamente teve via verde, acrescentando números ao resultado. Aboubakar finalmente terminou a travessia do deserto e bisou (72’ e 81’), antes de Danilo Pereira fixar o resultado final, nos últimos segundos da compensação, com um golpe de calcanhar na sequência de um canto cobrado ao primeiro poste.
Tratando-se de um dérbi, a resposta da equipa em campo à turbulência por que o FC Porto tem passado foi cabal. Não se deve esquecer, porém, que neste jogo o técnico boavisteiro Erwin Sánchez teve que gastar as três substituições por lesões dos seus jogadores, o que o deixou sem margem de manobra para eventuais correcções na equipa. Aliado à aflitíssima situação que as panteras vivem na classificação, é sinal de que quando as coisas estão a correr mal, tudo acontece.
Terminada a primeira volta, o FC Porto vê-se quatro pontos atrás do Sporting e está no que se julga ser um interregno entre treinadores. O regente Rui Barros, tal como há quase dez anos, conseguiu motivar a equipa a apresentar um futebol em tons mais garridos. Sinal de que o FC Porto tem um plantel com mais qualidade e potencial do que tem exibido até agora. Será que chega para escrever uma história diferente na segunda metade da época? A luta continua já a meio da semana, no mesmo local com os mesmos intervenientes, agora para a Taça de Portugal.
Esqueçam tudo o que viram em Alvalade. Hoje frente ao Rio Ave não houve uma equipa letárgica. Não houve revolução no onze inicial. Não houve tanta lentidão de processos, apenas alguma, a espaços. Nem houve substituições absurdas. Houve, sim, muito ataque, ao ponto de toda a segunda parte se ter desenrolado no meio-campo do Rio Ave. Houve muitos remates. Houve 18 cantos a favor do FC Porto e só um para o adversário. Até houve Aboubakar e André Silva a jogar em simultâneo nos minutos finais. Houve um pouco de tudo. E o FC Porto não venceu.
Por uma vez, não é possível apontar grandes defeitos à equipa. É verdade que os pontapés de canto e os inúmeros cruzamentos não resultaram em qualquer oportunidade clara de golo, mas o FC Porto rematou vezes sem conta. Maxi Pereira e Layún apareceram com frequência no ataque, Brahimi não foi tão individualista como o habitual, Corona foi mais concreto que em outros jogos, André André mais uma vez deu o que tinha e o miolo, em geral, funcionou. Pena que Aboubakar não esteja numa fase particularmente produtiva. Pena que o último passe nunca tenha saído para onde estava quem o pudesse receber. Pena também que a maior parte dos remates dos azuis-e-brancos tenha ficado presa na teia defensiva do Rio Ave. O guarda-redes Cássio também esteve em bom plano, mas está lá para defender. Que o diga André André, que perdeu um lance clamoroso aos 40 minutos, com a bola a ir ao poste antes de o brasileiro fazer um milagre na recarga.
Fica a ideia de que este empate é um sinal dos tempos. O FC Porto poderia e deveria ter sido mais eficaz num ou noutro aspecto, e as dificuldades que a equipa sente são resultado do que vem de trás, mas hoje, pelo menos timidamente, pode dizer-se que o FC Porto fez por merecer três pontos. Noutras eras, um FC Porto mais apagado teria saído vencedor por 1-0, mas nos dias que correm, além de não convencerem, os dragões não têm a pontinha de fortuna necessária para passar incólumes.
Infelicidade é mesmo a palavra-chave do encontro. O golo de Herrera (22’), num remate de fora da área, sofre um ligeiro desvio num defensor vila-condense. A resposta certeira de João Novais (33’), também num remate à distância, deflectiu em Danilo Pereira e traiu Casillas. O golo do empate foi o ponto alto do único período em que o Rio Ave se aventurou em terrenos mais afastados da sua baliza. Daí para a frente, não mais se viu a equipa de Pedro Martins senão no momento defensivo. O conjunto de Vila do Conde quis que fosse assim, e conseguiu-o, sobrevivendo a todas as investidas dos dragões.
Enquanto o Rio Ave deitou para trás das costas a derrota caseira com o lanterna vermelha Tondela, o FC Porto vê o desaire de Alvalade diluir-se num par de jogos sem vencer, que o deixam não só em igualdade pontual com o Benfica, como também quatro pontos atrás do Sporting.
Seguem-se três jogos fora de casa, todos teoricamente difíceis. Há dose dupla no Bessa – campeonato e depois Taça de Portugal – antes de visitar Guimarães. Segurem-se. Os próximos dias serão agitados.
Nem deu para aquecer o lugar. Uma jornada depois de tomar o comando, o FC Porto caiu em Alvalade e volta à estaca zero, no caso o segundo posto, dois pontos abaixo dos leões. O jogo confirmou a percepção de que a liderança portista era pouco mais que ilusória. Não é que o FC Porto não tivesse hipóteses de sair do clássico com aproveitamento, mas para isso era necessário, no mínimo, incomodar o guarda-redes adversário, coisa que os dragões não fizeram.
A história do jogo é simples de contar. A equipa do FC Porto apresentou-se numa postura mais reactiva que proactiva. Consequentemente, os homens do Sporting ganhavam sempre a bola em antecipação e, mais importante, tinham ideias sobre o que fazer com ela. O primeiro golo da noite saiu da cabeça de Slimani, que aos 27 minutos desviou um livre lateral batido na esquerda do ataque. O FC Porto apenas teve dois lances de algum perigo, ambos em desmarcações de Aboubakar às quais Rui Patrício respondeu com duas saídas atempadas. Também no departamento da velocidade o FC Porto ficou abaixo do Sporting. Os dragões pareceram desgastados, incapazes de ser mais rápidos a chegar à bola.
Na segunda parte o Sporting voltou a criar perigo, com o mesmo Slimani a cabecear à trave, numa fase mais vertiginosa dos leões, antes de Adrien Silva encontrar o poste num remate de longe. A precisar de inverter o resultado, o FC Porto não acelerava o ritmo e Lopetegui trocava de pontas-de-lança, tirando Aboubakar para lançar André Silva às feras, em vez de jogar com ambos. O 2-0 apareceria mesmo, novamente por Slimani (85’), que fez o que o camaronês do FC Porto não conseguira nos lances referidos mais acima. O único remate portista à baliza no segundo tempo surgiu, pasme-se, no final da compensação, por Layún.
No final do encontro, muito mais do que perder, o que custa é ver um FC Porto futebolisticamente tão pequeno à beira do Sporting. Sem ideias, sem processos, sem atitude. Numa palavra, sem rumo. A vitória dos da casa foi justa, mas não esclarecedora, no sentido em que o FC Porto não foi propriamente subjugado. Mesmo jogando futebol sem baliza, os dragões poderiam ter escrito uma história diferente se tivessem ido para a batalha com um plano. O Sporting tinha um, e a diferença entre as equipas reside inteiramente aí. Enquanto uns deram as mãos e fizeram acontecer, outros ficaram à espera que acontecesse por obra e graça do Espírito Santo. A equipa não teve nem um terço da vontade que mostrou no jogo anterior para a I Liga. Não parece haver um objectivo comum entre os atletas do FC Porto. Não existe uma centelha que os guie.
Este desaire só tem um lado positivo: não vai haver grande tempo para o lamentar, pois o próximo jogo do campeonato é já a meio da semana. A corrida atrás do prejuízo volta a fazer parte da ementa. Um prato de que o FC Porto se tem alimentado demasiadas vezes nos tempos recentes.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.