Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
Passara um lustro desde a última subida do FC Porto ao relvado do Jamor para discutir a Taça de Portugal. Nesse dia 22 de Maio de 2011 os azuis-e-brancos comemoravam o final de uma época memorável com um triunfo retumbante frente ao Vitória de Guimarães. Volvidos exactos cinco anos, o contexto em que o FC Porto chegava ao jogo decisivo não podia ser mais diverso. Era a derradeira hipótese de festejar um título antes que se completassem três anos sobre o último. Mais que isso: era a oportunidade de acrescentar um apêndice positivo a uma temporada, em termos gerais, para esquecer.
O jogo pareceu ser uma cópia em papel vegetal da decisão da temporada anterior. Mais uma vez o Braga esteve a vencer por 0-2 e permitiu o empate em cima da hora, adiando tudo para as grandes penalidades. Aí, todavia, os arsenalistas não vacilaram como na época anterior.
O FC Porto complicou a sua tarefa do mesmo modo que em diversas vezes no decorrer da época, no caso através de erros defensivos. Logo ao minuto 12, numa bola lançada em profundidade, tanto Chidozie como Helton ficaram à espera que o outro cortasse a bola. A decisão ficou por tomar, e Rui Fonte aproveitou da melhor maneira para se intrometer entre os dois portistas, afastar a bola e empurrá-la para a baliza deserta. No minuto 58 o sector recuado dos dragões comprometeria de novo, agora por Marcano, que recebeu um passe de Helton com um terrível domínio, numa altura em que já estava a ser pressionado por Josué. A bola fugiu do central espanhol o suficiente para que o médio arsenalista a apanhasse e desfeiteasse Helton com uma finalização cruzada. Emprestado pelo FC Porto, Josué não festejou.
O Braga, que vinha realizando um jogo deveras cauteloso, conseguia mesmo assim construir uma boa vantagem. Faltava saber se o FC Porto ainda teria palavras a dizer, uma vez que até esse momento ainda não tinha incomodado as redes do Braga. Quando incomodou, foi a valer. Na primeira bola que chegou à zona fatal, André Silva estava no local certo para emendar uma defesa incompleta de Marafona a remate de Brahimi e relançar o jogo (61’). Apesar da pouca acutilância ofensiva, este não foi o pior jogo do FC Porto esta época. Longe disso. Mesmo que por vezes se pressentisse algum nervosismo, os dragões tentavam de tudo para furar um Braga que manteve, então, muitos homens atrás da linha da bola durante todo o jogo.
André Silva foi um tractor, Maxi Pereira deu o que tinha e o que não tinha, Brahimi fez, finalmente, uma exibição mais colectiva, Sérgio Oliveira e mais tarde André André acrescentaram músculo, Layún não se cansou de ir ao ataque, e até Varela não foi um desastre. Mas faltou sempre encontrar a baliza contrária. Seria quando o Braga já tinha nos pés a areia da praia onde morreu no ano passado que o FC Porto juntou um toque dramático aos acontecimentos.
Após uma sucessão de cantos, e em mais uma jogada de insistência, Herrera cruzou no limite e André Silva foi herói por uns momentos, ao igualar a contenda com um pontapé de bicicleta (90’), atrasando o final do jogo pelo menos por meia hora. O prolongamento pertenceu por completo ao FC Porto, mas o perigo criado foi, mesmo assim, pouco. Muito porque o Braga disfarçou a falta de pernas com a continuação de uma notável performance defensiva.
Pelo jogo em si talvez o FC Porto merecesse mais, mas na hora das grandes penalidades pouco ou nada do que se passou até aí interessa. Terá pesado mais o tal contexto negativo em que o FC Porto aqui chegou. Com efeito, Herrera e Maxi Pereira viram as mãos de Marafona negar as suas cobranças; o Braga foi irrepreensível em cada uma das quatro conversões de que necessitou. Marcelo Goiano foi o último a rematar certeiro, espoletando os festejos dos guerreiros. 50 anos depois, o Braga junta ao seu palmarés a segunda Taça de Portugal, apagando, talvez para sempre, a frustração da última final.
O FC Porto fica em branco pela segunda época consecutiva, e vai de férias com mais problemas do que respostas para os mesmos.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.