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CORTE LIMPO

Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário



Quarta-feira, 25.05.16

GD ESTORIL PRAIA 2015/16

O Estoril terminou a Liga NOS no oitavo posto e até chegou a imiscuir-se na corrida pela Liga Europa, mas a temporada foi, grosso modo, difícil. À 16.º jornada os canarinhos ocupavam o 14.º lugar, não venciam há dez partidas e sofriam golos há onze, numa sequência que tornou irrelevante o bom arranque, no qual o Estoril somou quatro vitórias nas seis primeiras jornadas; era quinto classificado nessa altura.

A segunda volta trouxe melhorias. O Estoril não só marcou golos em todos os jogos desde a jornada 22 até ao fim, como também venceu sete desses 13 jogos. Setúbal (3-0), Rio Ave (1-3), Académica (0-3) e Paços de Ferreira (1-0) caíram aos pés dos homens da Linha. O Estoril poderia mesmo ter-se apurado para a Liga Europa, cenário improvável durante a primeira volta, mas na última jornada, no terreno de um Belenenses já com a vida resolvida, saíram derrotados por 2-1.

O treinador Fabiano Soares resistiu a tudo. Não só àquela má fase a meio da época, mas também à eliminação da Taça da Liga perante o secundário Oriental (3-2), logo na segunda eliminatória. Na Taça de Portugal os canarinhos avançaram até aos quartos-de-final, onde o Rio Ave foi mais forte, vencendo por claros 3-0.

Léo Bonatini esteve de pé quente ao longo de toda a temporada, facturando 17 golos na Liga NOS, incluindo um hat-trick frente ao Setúbal na jornada 24. O avançado brasileiro marcou ainda um golo na Taça da Liga e mais dois na Taça de Portugal, que foram decisivos para ultrapassar a 3.ª eliminatória e os oitavos-de-final. O defesa Anderson Luís, que nunca tinha marcado qualquer golo na carreira, fez dois na Liga NOS, diante de Belenenses e Moreirense. Kieszek cotou-se mais uma vez como um guarda-redes seguro, numa equipa em que Mattheus (4 golos), Mendy (3), Diogo Amado e Diego Carlos (2 cada) também se destacaram.

 

Contas finais

Campeonato: 8.º lugar, com 13v, 8e, 13d, 40gm, 41gs, 47 pts

Taça de Portugal: eliminado nos quartos-de-final (Rio Ave, 3-0)

Taça da Liga: afastado na 2.ª eliminatória (Oriental, 3-2)

Para mais tarde recordar

07.03.2016, jornada 25 – vitória em Vila do Conde por 1-3; primeira vez que o Estoril marcou três golos ao Rio Ave na I Liga.

 

Para esquecer

10.04.2016, jornada 29 – ao perder por 4-1, o Estoril mantém-se sem vencer na Choupana em jogos da I Liga;

14.05.2016, jornada 34 – Estoril perde em casa do Belenenses (2-1). Além de não vencer no Restelo desde 1979/80, a derrota impediu os canarinhos de garantir lugar na próxima Liga Europa.

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por Miran Pavlin às 13:30

Quarta-feira, 25.05.16

FC PAÇOS DE FERREIRA 2015/16

Pelo segundo ano consecutivo o Paços de Ferreira termina a temporada com uma desilusão. Na última jornada de 2014/15, os castores, então sextos classificados, foram derrotados por 3-0 em casa do Nacional, caindo do sexto para o oitavo lugar. Este ano, chegado à derradeira ronda novamente no sexto posto, o Paços voltou a não conseguir vencer e ficou mais uma vez a ver o navio rumo à Liga Europa zarpar mesmo à sua frente. O Rio Ave ficou apenas um ponto acima.

Apesar disso, o Paços não deixa de ser uma das equipas mais simpáticas da I Liga. É incrível como o clube consegue, ano após ano, ter treinadores e equipas capazes de o levar a boas classificações, sem deixar de praticar futebol positivo. Monotonia é coisa que não há quando o Paços de Ferreira entra em campo.

Os castores foram outra das equipas que construíram uma série de jogos a marcar mais longa que FC Porto e Sporting, no caso de dez jogos, entre as rondas 11 e 20. Foi nessa fase que o Paços subiu ao quinto posto, que ocupou entre as jornadas 16 e 20, mas a equipa não conseguiu manter a pedalada e logo entrou num período de oito jogos sem vitórias. O primeiro triunfo da segunda volta só surgiria à jornada 26, e logo fora de casa. E onde mais poderia essa vitória aparecer senão em Guimarães, onde os pacenses perderam apenas por três vezes em 17 visitas a contar para a I Liga.

Na recta final da prova o Paços ainda venceu quatro partidas de enfiada, frente a FC Porto (1-0), União (3-4), Braga (1-0) e Belenenses (0-2), mas fraquejou na pior altura, perdendo com Tondela (1-4) e empatando em Setúbal (0-0) no fecho – curiosamente duas equipas que ainda precisavam de pontos para garantir a permanência. Esses pontos perdidos custaram então caro ao Paços.

O Rio Ave não foi carrasco do Paços de Ferreira apenas no campeonato; também na Taça de Portugal a equipa de Vila do Conde foi feliz, eliminando os pacenses no Capital do Móvel com um triunfo por 1-2, na 5.ª eliminatória.

 

Treinador

Tendo em conta a reputação do clube, Jorge Simão estava no lugar certo para trabalhar em paz. Ainda um novato nas andanças da I Liga, escalão no qual apenas orientara o Belenenses nos últimos nove jogos da época passada, e treinador principal só desde 2013, Simão conseguiu corresponder às expectativas do clube, que sob o seu comando conseguiu alguns resultados dignos de nota, casos da vitórias caseiras sobre FC Porto e Braga, mas também do empate em Alvalade, logo à terceira jornada.

 

Figuras

O Paços de Ferreira foi uma das quatro equipas – as outras foram Benfica, Sporting e Braga – que terminaram a I Liga com dois jogadores a atingir os dois dígitos na coluna dos golos marcados. Bruno Moreira (14 golos) e Diogo Jota (12) foram, por isso, os elementos em absoluto destaque no plantel pacense. Jota despertou mesmo o interesse do Atlético Madrid. O guarda-redes Marafona também chamou a atenção, no caso a do Braga, que o recrutou no mercado de Janeiro. Hélder Lopes e Marco Baixinho foram os esteios da defesa, com Pelé a dar músculo ao meio-campo.

 

Contas finais

Campeonato: 7.º lugar, com 13v, 10e, 11d, 43gm, 42gs, 49 pontos

Taça de Portugal: afastado na 5.ª eliminatória (Rio Ave, 1-2)

Taça da Liga: eliminado na fase de grupos

 

Para mais tarde recordar

18.10.2015, Taça de Portugal – na 3.ª eliminatória, os castores goleiam no recinto da Naval 1.º Maio por 1-7;

12.12.2015, jornada 13 – vence o União por 6-0, igualando a sua maior vitória de sempre na I Liga, que remontava a Março de 2002, então frente ao Salgueiros;

10.04.2016, jornada 29 – ao vencer por 1-0, o Paços somou o seu primeiro triunfo sobre o FC Porto desde 2002/03

 

Para esquecer

03.04.2016, jornada 28 – ao perder por 1-0, o Paços continua sem ganhar em casa do Estoril para a I Liga;

14.05.2016, jornada 34 – o empate a zero no Bonfim afastou o Paços da ida à Liga Europa. Os castores eram sextos classificados à entrada para a derradeira ronda.

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por Miran Pavlin às 13:00

Quarta-feira, 25.05.16

RIO AVE FC 2015/16

Há cerca de três anos era o Estoril quem vivia o melhor período da sua história, graças a boas classificações finais, que garantiram mesmo idas à Liga Europa. Volvido esse tempo, o testemunho passou para as mãos do Rio Ave, que repetiu o sexto posto de 2012/13, conseguindo com isso o seu segundo apuramento para as provas da UEFA.

Os vila-condenses não terão sido extravagantes, em termos do futebol praticado, mãs não deixou de saltar à vista a capacidade da equipa em marcar golos. O Rio Ave realizou esta época 43 jogos, em todas as competições nacionais, e apenas ficou em branco em oito ocasiões. O Rio Ave não só marcou golos em cada uma das primeiras dez jornadas do campeonato – nessa altura os restantes 17 participantes já tinham ficado a seco pelo menos uma vez – como ainda conseguiria outra sequência a marcar, agora de nova jogos, entre as rondas 12 e 20. O Rio Ave terminou com 44 golos marcados na Liga NOS; talvez tivesse conseguido ficar um pouco mais alto se não tivesse sofrido igual número.

A produtividade ofensiva, no entanto, permitiu à equipa de Vila do Conde andar praticamente toda a época entre o quinto e o sétimo lugares, com predominância para o sexto posto, o qual ocupou em 12 jornadas. A época terminaria, então, em festa, mas o Rio Ave não se livrou de um susto, já com a meta à frente do nariz. Um empate em Tondela (1-1), à jornada 32, fez o Rio Ave descer ao sétimo posto, que seria oitavo na semana seguinte, após derrota caseira (1-3) com o FC Porto. Uma quebra semelhante, na mesma fase da temporada passada, atirou o Rio Ave para o décimo lugar, mas o desfecho não se repetiu. Na última jornada os vila-condenses a fizeram a sua parte, e a conjugação de resultados fez o resto, devolvendo o Rio Ave ao mágico sexto posto, que abriu então as portas da Europa do futebol.

 

Sessões contínuas

Rio Ave e Braga parecem ter uma atracção irresistível um pelo outro. Nunca duas equipas se defrontaram tantas vezes no espaço de três temporadas. Vila-condenses e arsenalistas esgrimiram argumentos pela terceira vez consecutiva nas meias-finais da Taça de Portugal, e se no primeiro cruzamento foi o Rio Ave a sair por cima, nos dois anos seguintes o Braga tornou-se na némesis do Rio Ave, que não mais o ultrapassou. Esta época, em cinco jogos, o Rio Ave fez apenas um golo ao Braga, e numa derrota por 5-1, na 19.º jornada da Liga. Confira então a lista dos 15 jogos:

03.11.2013           Braga 0-1 Rio Ave             Liga, 9.ª jornada

13.02.2014           Rio Ave 2-1 Braga             Taça da Liga, meias-finais

21.03.2014           Rio Ave 1-1 Braga             Liga, 24.ª jornada

26.03.2014           Braga 0-0 Rio Ave             Taça de Portugal, meias-finais

16.04.2014           Rio Ave 2-0 Braga             Taça de Portugal, meias-finais

27.09.2014           Braga 3-0 Rio Ave             Liga, 6.ª jornada

04.02.2015           Rio Ave 0-2 Braga             Taça da Liga, fase de grupos

28.02.2015           Rio Ave 0-2 Braga             Liga, 23.ª jornada

07.04.2015           Braga 3-0 Rio Ave             Taça de Portugal, meias-finais

30.04.2015           Rio Ave 1-1 Braga             Taça de Portugal, meias-finais

21.08.2015           Rio Ave 1-0 Braga             Liga, 2.ª jornada

24.01.2016           Braga 5-1 Rio Ave             Liga, 19.ª jornada

27.01.2016           Rio Ave 0-0 Braga             Taça da Liga, fase de grupos

04.02.2016           Braga 1-0 Rio Ave             Taça de Portugal, meias-finais

02.03.2016           Rio Ave 0-0 Braga             Taça de Portugal, meias-finais

O Rio Ave venceu quatro jogos, contra seis do Braga, com cinco igualdades. 19-9 em golos para o Braga.

 

Treinador

Pedro Martins tem construído uma carreira interessante desde que começou a treinar na I Liga, ao serviço do Marítimo, clube que qualificou para a Liga Europa em 2012 e conduziu a uma digna presença na fase de grupos. Martins repetiu a receita nesta primeira época no Rio Ave e o resultado global é novamente positivo, apesar do amargo de boca na Taça de Portugal.

 

Figuras

Tarantini tornou-se no jogador com mais jogos pelo Rio Ave, com 201 jogos, ultrapassando o mítico Niquinha. Guedes e Renan Bressan foram os melhores marcadores da equipa no campeonato, com seis golos cada, enquanto mais atrás Kayembé, Roderick e Marvin Zegelaar, que sairia para o Sporting no mercado de inverno, foram os elementos em destaque. Foi também em Janeiro que Hélder Postiga chegou ao clube, ainda a tempo de apontar cinco golos na Liga. Apesar de influente, Ukra não foi tão letal como em outras campanhas, terminando com apenas um golo marcado.

 

Contas finais

Campeonato: 6.º lugar, com 14v, 8e, 12d, 44gm, 44gs, 50pts

Taça de Portugal: eliminado nas meias-finais (Braga, 0-1f, 0-0c)

Taça da Liga: eliminado na fase de grupos

 

Para mais tarde recordar

12.12.2015, jornada 13 – vence pela primeira vez o Arouca em jogos da I Liga;

06.01.2016, jornada 16 – ao empatar a um golo, o Rio Ave somou o seu primeiro ponto em casa do FC Porto desde 2004/05;

18.03.2016, jornada 27 – primeira vitória do Rio Ave em casa frente ao Marítimo desde 2003/04;

14.05.2016, jornada 34 – apuramento para a Liga Europa, graças a uma vitória em casa do União (1-2).

 

Para esquecer

27.01.2016, Taça da Liga: eliminado na fase de grupos após um nulo caseiro com o Braga, que jogou com menos um homem cerca de meia hora;

13.03.2016, jornada 26 – ao perder por 1-0, o Rio Ave continua sem vencer em casa do Nacional em jogos da I Liga.

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por Miran Pavlin às 12:45

Quarta-feira, 25.05.16

FC AROUCA 2015/16

Qualquer equipa que consiga um ou outro resultado improvável e se aguente, pelo menos por um tempo, em posições classificativas pouco habituais para os seus pergaminhos, é imediatamente apelidada de “equipa sensação”. Acontece tantas vezes que até se torna um chavão. Tal não se aplica, contudo, ao Arouca, a quem o epíteto cai que nem uma luva. Conseguir, imagine-se, um apuramento para a Liga Europa é simplesmente notável, tendo em conta que se trata de um clube que disputava apenas a sua terceira época na categoria máxima.

Ainda assim, a dada altura, o feito do emblema da Serra da Freita pareceu estar muito longe de ser possível. Alguém que chegasse a este mundo nos últimos dias de Novembro e olhasse para a classificação da Liga NOS ao fim de onze jornadas, encontrava o Arouca em 11.º lugar, e sem vencer há nove jogos, cedendo pontos até frente às equipas mais aflitas nessa fase da temporada. O que se seguiu desafiou toda e qualquer lógica.

A primeira curiosidade digna de nota começou a tomar forma precisamente nessa 11.ª ronda, na qual o Arouca empatou a um golo em Coimbra. Foi o primeiro de 13 jogos consecutivos sempre a marcar golos. Por termo de comparação, FC Porto e Sporting não conseguiram mais que nove, enquanto o Braga não passou dos sete. Já perto do fim dessa sequência surgiu o resultado da época, no caso uma vitória em pleno Estádio do Dragão (1-2). Não aconteceu por acidente. Jogava-se a jornada 21 e o Arouca, apesar de ainda oitavo classificado, era, por esta altura, uma equipa que tinha tanto de tranquilo como de confiante.

O nulo caseiro com o Braga, à jornada 24, quebrou a série, e o Arouca só se pôde queixar de si próprio, já que terminou essa partida com mais duas unidades que os minhotos, que até falharam uma grande penalidade. No entanto, esse empate manteve em curso uma outra série dos arouquenses, que entre as jornadas 20 e 26, além de não terem sido derrotados, somaram 17 dos 21 pontos possíveis. Nono classificado à entrada para essa 20.ª jornada, o Arouca subiria até ao quinto posto, que não mais largou até ao final do campeonato, cruzando a linha de meta em nova série de sete jogos sem perder.

O Arouca terminaria a carreira na Liga NOS com apenas seis derrotas, menos, pasme-se, que o FC Porto, que perdeu em sete ocasiões. Nos jogos em Arouca, só FC Porto, Sporting e Moreirense venceram; fora, os arouquenses só foram vergados por Rio Ave, Benfica e Sporting – e só os grandes de Lisboa perderam menos vezes como visitantes. A intenção não é maçar o estimado leitor com estatísticas, mas é impossível escapar-lhes ao passar em revista o conto de fadas vivido pelo Arouca. Os cinco jogos sem sofrer golos, entre as jornadas 22 e 26, foram um registo apenas igualado por Braga, FC Porto e Sporting.

Como se tudo isto não bastasse, o Arouca ainda encontrou forças para chegar aos quartos-de-final da Taça de Portugal, eliminando Leixões (II Liga, 1-2 após prolongamento), Desportivo de Chaves (II Liga, 6-5 no desempate após 120 minutos sem golos) e Amarante (Campeonato de Portugal, 1-2), antes de cair em Braga por 2-0. A Taça da Liga resumiu-se a uma passagem pouco conseguida pela fase de grupos.

A próxima época será território inexplorado para o Arouca. As provas da UEFA por vezes são uma distracção para os clubes de menor dimensão, ao mesmo tempo que os restantes emblemas da Liga NOS não encararão os jogos com o Arouca da mesma forma. É possível também que tenha sido um ano de excepção, com um desfecho totalmente inesperado. 16.º classificado em 2014/15, o Arouca é agora europeu. A viagem poderá até ser curta, mas é inteiramente merecida.

 

Treinador

Numa era em que o treinador português goza de grande prestígio internacional, é quase um anacronismo ser orientado por um estrangeiro. O angolano Lito Vidigal, contudo, não é um estrangeiro qualquer. Oriundo de uma família de futebolistas, alguns já nascidos em Portugal – o seu irmão Luís representou o Sporting e a selecção portuguesa –, Lito tem uma longa trajectória no futebol português, também como jogador. O Arouca é o quarto clube que treina na I Liga, e aquele que conseguiu levar mais alto. Protagonizou um dos episódios mais caricatos da época, ao envolver-se com o central sportinguista Naldo, nos minutos finais do encontro da 10.ª jornada

 

Figuras

Com um plantel composto por sobras e antigos jogadores dos grandes, e deprovido de estrelas, o Arouca valeu pelo colectivo. Os 47 golos na Liga NOS ficaram repartidos por 16 jogadores, com Walter González à cabeça (7 golos). Maurides (5 golos) esteve em evidência na primeira metade da época. A defesa também contribuiu com golos, nomeadamente pelo venezuelano Velázquez (3 golos) e por Lucas Lima (4 golos). O guarda-redes Bracali foi sólido ao longo de toda a campanha. Ivo Rodrigues e Mateus também deixaram marca.

 

Contas finais

Campeonato: 5.º lugar, com 13v, 15e, 6d, 47gm, 38gs, 54pts

Taça de Portugal: eliminado nos quartos-de-final (Braga, 2-0)

Taça da Liga: eliminado na fase de grupos

 

Para mais tarde recordar

23.08.2015, jornada 2 – ao vencer o Benfica por 1-0, o Arouca não só bateu pela primeira vez um grande, como também conseguiu o inédito feito de liderar a I Liga;

19.12.2015, jornada 14 – marcou quatro golos no mesmo jogo de I Liga pela primeira vez (4-1 diante do Marítimo);

06.01.2016, jornada 16 – vence o Estoril pela primeira vez em jogos da I Liga;

13.03.2016, jornada 26 – ao bater o Setúbal por 1-0, o Arouca completou cinco jogos consecutivos sem sofrer golos;

02.04.2016, jornada 28 – vence a Académica pela primeira vez em jogos da I Liga.

 

Para esquecer

29.11.2015, jornada 11 – Arouca completa o nono jogo consecutivo sem vencer;

28.12.2015, Taça da Liga: sofreu a segunda pior derrota da época (4-1), na visita ao Portimonense (II liga), no arranque da fase de grupos.

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por Miran Pavlin às 12:30

Quarta-feira, 25.05.16

SC BRAGA 2015/16

O dia 22 de Maio já era feriado em Braga. Foi nesse dia em 1966 que os arsenalistas conquistaram a sua primeira Taça de Portugal. A segunda demorou, mas chegou mesmo à capital do Minho, curiosamente no exacto dia em que se completavam 50 anos sobre esse primeira conquista. É fácil pegar nesta vitória e extrapolar as ilações que dela se podem tirar, mas este Braga continua a não ser o mesmo da viragem da década. Basta olhar para a sequência de resultados na Liga NOS e constatar que o Braga não conseguiu vencer mais que dois jogos consecutivos. Por muito surpreendente que a estatística possa ser.

É também verdade que o Braga mais uma vez foi quarto classificado, mas o clube é hoje vítima dos standards que foi definindo ao longo da presidência de António Salvador. A partir de 2003/04 os bracarenses registaram um terceiro lugar, sete quartos e dois quintos. Os momentos mais memoráveis desse período foram, no entanto, o vice-campeonato de 2009/10 – perdido por cinco pontos – e a ida à final da Liga Europa em 2010/11, o ponto mais alto da história europeia do Braga. Daí que um quarto lugar a 15 pontos do terceiro não possa ser visto como um ano fantástico. É preciso contabilizar as restantes provas para compor o quadro, e aí é impossível não reparar que o Braga, no início de Abril, era a única equipa portuguesa que se mantinha em prova em todas as frentes, incluindo a europeia.

De facto, na Liga Europa o Braga não deixou os seus créditos por mãos alheias. Passou tranquilamente por um grupo contendo Olympique Marselha, Slovan Liberec e FC Groningen, antes de vergar o FC Sion nos 16-avos-de-final, tornando-se na única equipa portuguesa a seguir em frente entre as três que disputaram essa eliminatória. Os oitavos-de-final reservaram talvez o melhor jogo do Braga em toda a época. Perante o Fenerbahçe SK, um gigante do futebol turco, os bracarenses deram a volta a uma derrota por 1-0 em Istambul com um fantástico resultado de 4-1 na Pedreira, num jogo quente.

Tendo-se fixado no quarto posto da Liga NOS à 11.ª jornada, e progressivamente sem hipóteses de subir mais alto – quatro jornadas mais tarde já estava oito pontos abaixo do pódio –, o Braga centrou em definitivo atenções nos jogos a contar para as restantes provas. O primeiro grande momento dos arsenalistas até já tinha ocorrido, a 22 de Outubro, quando bateu em casa o Marselha, de forma dramática, por 3-2, mas seria a 16 de Dezembro que surgiria a grande declaração de intenções da equipa, com o afastamento do Sporting da Taça de Portugal. Os leões começaram a ganhar, mas três reviravoltas depois era o Braga que saía por cima, por 4-3, com o golo decisivo a ser apontado por Rui Fonte, ao minuto 111.

Janeiro traria a fase de grupos da Taça da Liga, que o Braga ultrapassou sem problemas de maior, ao mesmo tempo que deu sequência ao caminho na Taça, batendo o Arouca (2-0) nos quartos-de-final, a 13 de Janeiro. A longa caminhada europeia foi forçando o adiamento indefinido da meia-final da Taça da Liga, que deveria ter-se jogado em inícios de Fevereiro. O Braga só diria o adeus europeu nos quartos-de-final, em meados de Abril, perdendo com o Shakhtar Donetsk por 1-6 no agregado das duas mãos. A meia-final da Taça da Liga disputar-se-ia semanas mais tarde. Na visita à Luz, os minhotos adiantaram-se aos 19 minutos, por Rafa, mas consentiram a reviravolta e despediram-se da competição.

Já com o quarto posto seguro, apesar de ainda não confirmado pela matemática, restava ao Braga preparar a ida ao Jamor, onde se bateria com o FC Porto. Talvez ainda com o drama da final anterior na memória, o Braga não quis ser expansivo no jogo da decisão, mas acabou mesmo assim premiado, no caso pela intranquilidade dos dragões, que resultou em dois erros defensivos que o Braga aproveitou para transformar em golo. O FC Porto reeditou o que o Sporting fizera um ano antes, levando tudo para o prolongamento praticamente no último fôlego, mas também não conseguiu dar o golpe final no tempo extra. Nas grandes penalidades mais uma vez a intranquilidade dos portistas veio ao de cima, em claro contraste com as cobranças irrepreensíveis de Pedro Santos, Stojiljković, Hassan e Marcelo Goiano. Estava aberto o caminho para uma festa que se prolongou pela madrugada, com a equipa ser vitoriada por um mar de gente à chegada a Braga.

No campeonato, o Braga não foi, então, exuberante, mas soube como fazer para atingir o objectivo mínimo. Competente em casa, onde só Benfica e Sporting ganharam, os arsenalistas conseguiram o seu melhor registo de sempre, com 41 golos marcados, muito à custa das goleadas a Boavista (4-0), Marítimo (5-1), Belenenses (4-0) e Rio Ave (5-1). Fora, o Braga optou por uma abordagem mais cautelosa, como provam os escassos 13 golos marcados, que chegaram para vencer cinco jogos. Longe de impressionar.

Na euforia da festa da Taça, o presidente da Câmara Municipal de Braga pediu o título nacional. Tendo em conta o status quo do campeonato português, para isso é necessário não apenas que o Braga faça uma época, no mínimo, igual a 2009/10, mas também que os três grandes estejam mal ao mesmo tempo – só o Boavista de 2000/01 aproveitou um cenário assim – e que o Braga ele próprio consiga ser mais forte que todas e quaisquer forças estranhas que se possam atravessar no seu caminho. Não sendo este o mesmo Braga desses anos, mas sendo capaz de ir longe noutras provas, haverá estofo para um assalto ao título?

 

Treinador

Diz-se que por vezes é preciso dar um passo atrás para depois dar dois em frente. Entre então Paulo Fonseca, que fez justamente isso depois de uma passagem mal sucedida pelo FC Porto em 2013/14. No Paços de Ferreira, em 2014/15, ficou a um ponto de levar o clube à Liga Europa; este ano adicionou um título ao seu palmarés pessoal, ao leme do Braga, clube em que a pressão imposta pelo presidente nem sempre é bem suportada pelos sucessivos treinadores. Quão irónico foi que essa vitória no Jamor tenha surgido frente ao FC Porto. Decerto Fonseca terá ficado com um gosto especial.

 

Figuras

Hassan e Stojiljković terminaram como melhores marcadores da equipa no campeonato, ambos com 10 golos, mas o egípcio marcou onze no total. Esse outro golo foi apontado na segunda jornada, pelo Rio Ave… precisamente contra o Braga, que perdeu mesmo por 1-0. Rafa voltou a cotar-se como um avançado sem medo de ter a bola e furar por entre os contrários; o prémio foi a inclusão nos 23 nomes que estarão no Euro 2016. O veterano Alan voltou a ser um elemento unificador do balneário, enquanto o reforço de inverno Josué foi decisivo tanto na final da Taça, onde marcou, como na Liga Europa. Mais atrás, Ricardo Ferreira, Goiano e Marcelo Baiano foram pilares. Marafona foi o herói do Jamor, ao defender duas grandes penalidades.

 

Contas finais

Campeonato: 4.º lugar, com 16v, 10e, 8d, 54gm, 35gs, 58pts

Taça de Portugal: vencedor

Taça da Liga: eliminado nas meias-finais (Benfica, 2-1)

Europa: eliminado nos quartos-de-final (Shakhtar Donetsk 1-2c, 0-4f)

 

Para mais tarde recordar

25.10.2015, jornada 8 – Braga empata no Dragão a zero. Foi a primeira vez que não sofreu golos em casa do FC Porto desde 2001/02;

14.02.2016 – jornada 22 – vitória por 1-3 em casa do Marítimo; nunca o Braga aí tinha marcado três golos no mesmo jogo;

17.03.2016, Liga Europa – ao vencer por 4-1 na segunda mão dos oitavos-de-final, os arsenalistas eliminaram o Fenerbahçe de Vítor Pereira.

 

Para esquecer

01.04.2016, jornada 28 – derrota na Luz por 5-1; o Braga continua sem vencer em casa do Benfica em jogos da I Liga desde 1954/55;

14.04.2016, Liga Europa: a saída da competição foi dura, após derrota com o Shakhtar Donetsk por 4-0, na segunda mão dos quartos-de-final.

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por Miran Pavlin às 12:00

Terça-feira, 24.05.16

SPORTING CP 2015/16

A época do Sporting foi como que um clímax ao contrário. Começou em clima de euforia, mas terminaria sem nada de palpavelmente positivo a reter. Esse entusiasmo inicial tinha razões de ser. A chegada de Jorge Jesus, vindo directamente do Benfica, funcionou como uma promessa tácita de vitórias. Afinal de contas, o treinador ingressava no Sporting não por ter falhado no anterior clube, mas sim porque não renovou contrato no final de seis anos, globalmente, de sucesso. As palavras do treinador no momento da apresentação – “a partir de agora há três candidatos ao título” – ajudou ainda mais a que os adeptos e simpatizantes leoninos sentissem que estavam perto de uma temporada de sonho.

A conquista da Supertaça Cândido de Oliveira, justamente diante do Benfica, com um golo solitário do reforço colombiano Gutiérrez, foi sem dúvida o melhor dos arranques que o Sporting poderia desejar, mas não seria preciso esperar muito por um desaire. Ainda em Agosto, os leões eram eliminados da Liga dos Campeões no play-off de acesso, passando assim ao lado do prémio de entrada e da oportunidade de se exibirem na montra principal do futebol europeu. A digestão foi difícil, ou não tivesse a eliminação acontecido às mãos do CSKA Moscovo, esse velho fantasma sportinguista.

Com o avançar da época, e de resto tal como fazia no Benfica, Jorge Jesus tendeu a desvalorizar as outras competições, no sentido de focar o plantel exclusivamente no campeonato. Daí que talvez não tenham sido assim tão surpreendentes os resultados menos positivos na fase de grupos da Liga Europa, nomeadamente as derrotas com o Lokomotiv Moscovo (1-3) e em casa dos albaneses do KF Skënderbeu (3-0). Na conferência de imprensa após a vitória em casa do Lokomotiv (2-4), na penúltima ronda, que recolocou o Sporting no caminho do apuramento, Jesus chegou mesmo a admitir que esse triunfo o ia obrigar a encarar o derradeiro encontro de outra maneira, o que diz muito da importância que o técnico dava à Liga NOS, em detrimento das outras frentes.

E não ficaram mesmo dúvidas de que vencer o campeonato era o desiderato que o Sporting mais procurava atingir. Os verde-e-brancos não só foram a equipa que mais tempo passou na liderança (15 jornadas), como terminaram com recordes de pontos (86) e vitórias (27), além do seu melhor registo ofensivo (79 golos) desde 1973/74, quando Yazalde, sozinho, marcou 46. Os números levaram a decisão do campeonato para a última jornada, mas não foram suficientes para mais que vender bem caro o título que ficaria nas mãos do Benfica.

Mais do que a derrota (0-1) com o Benfica, na 25.ª jornada, que significou uma troca de comandante, o que verdadeiramente traiu o Sporting foram os empates caseiros com o Paços de Ferreira (1-1) na terceira jornada, com o Tondela (2-2) na 18.ª e com o Rio Ave (0-0) na 21.ª. Bastava que um desses não tivesse acontecido e o Sporting seria mesmo o campeão, beneficiando da vantagem no confronto directo com os encarnados. O Sporting foi ainda a equipa que menos vezes foi derrotada (apenas duas) e venceu todos os clássicos da temporada, à excepção dessa recepção ao Benfica, que apesar do que se escreve acima, haveria de ser decisiva para o desfecho da Liga NOS. A partir desse jogo, que deixou o Sporting com dois pontos de atraso, os gigantes de Lisboa venceram todos os jogos até final.

A Taça de Portugal deixaria aos leões um sabor agridoce. Depois de eliminar o Benfica (2-1 após prolongamento), a defesa do troféu conquistado no ano transacto terminaria na Pedreira, onde o Braga sairia vencedor de um jogo louco (4-3 após prolongamento), em que o Sporting se pode queixar de um golo limpo que o juiz Fábio Veríssimo não sancionou, minutos antes do quarto tento bracarense. No tocante à Taça da Liga, a participação leonina cingiu-se à fase de grupos, onde o surpreendente Portimonense, da II Liga, bateu um Sporting em poupanças (2-0) e comprometeu a passagem deste às meias-finais.

O afastamento da Taça da Liga aconteceu semanas antes do regresso da Liga Europa, onde o Sporting acabara por se apurar para os 16-avos-de-final, que se revelariam a paragem final dos leões na sua viagem pela Europa. Tal como os outros dois grandes, também o Sporting tombou frente a uma equipa alemã, no caso o Bayer Leverkusen, outro velho conhecido de Alvalade. O Werkself – “onze da fábrica”, traduzindo à letra – venceu os dois jogos, com Bellarabi a fazer o único golo em Lisboa, e mais dois na confirmação na Alemanha (3-1).

O verde, diz-se, é a cor da esperança, e essa manteve-se então até à última ronda da Liga NOS. O Sporting fez a sua parte, vencendo em Braga (0-4), mas o jejum do título nacional completaria mesmo 14 anos. Se bater recordes e completar séries de 13, 10 e 9 jogos sem perder não chegou, na próxima época, para ser campeão o Sporting terá que ser perfeito.

 

Treinador

De uma coisa ninguém se pode queixar: Jorge Jesus defende a sua dama até ao fim, nem que para isso lhe possam chamar convencido, arrogante, ou mesmo cego. No fundo, Jesus foi igual a si próprio. Enquanto a equipa conseguiu vitórias importantes, o técnico acumulou muitas frases fortes e uma enorme falta de cortesia para com o homem que lhe sucedeu no Benfica, mas assim que o Sporting ficou em desvantagem tudo se resumiu a uma bolha que rebentou e não libertou mais que ar quente. Pelo menos no campeonato, o Sporting de Jesus praticou bom futebol ao longo de toda a campanha, e nunca deixou de acreditar, mas o treinador teria que se contentar com a Supertaça na hora de conferir o saldo final da temporada.

 

Figuras

Slimani foi o segundo melhor marcador do campeonato, com 27 golos, o melhor pecúlio de um jogador do Sporting desde os 42 de Jardel em 2001/02, e superando os 25 de Liedson em 2004/05. O argelino não o teria conseguido sem o bom trabalho de Adrien Silva e João Mário no equilíbrio do meio-campo.

 Ruiz e Gutiérrez contribuíram com 19 golos entre si, só no campeonato. Conhecido por não utilizar muitos jogadores jovens, Jorge Jesus concedeu algumas oportunidades a outros elementos principalmente nos encontros extra-campeonato, onde Matheus Pereira e Gelson Martins mostraram algo de positivo.

 

Contas finais

Campeonato: 2.º lugar, com 27v, 5e, 2d, 79gm, 21gs (melhor defesa), 86pts

Taça de Portugal: afastado na 5.º eliminatória (Braga, 4-3 a.p.)

Taça da Liga: eliminado na fase de grupos

Supertaça Cândido de Oliveira: vencedor (Benfica, 1-0)

Europa: eliminado da Liga dos Campeões no play-off; eliminado da Liga Europa nos 16-avos-de-final (Bayer Leverkusen 0-1c, 1-3f)

 

Para mais tarde recordar

25.10.2015, jornada 8 – vitória na Luz por 0-3. Primeira vitória aí desde 2005/06, e a mais folgada desde 1947/48;

06.01.2016, jornada 16 – vitória no Bonfim por 0-6; a maior desde 1959/60 (1-7);

13.02.2016, jornada 22 – Sporting consegue a sua vitória mais folgada nas visitas ao terreno do Nacional (0-4)

 

Para esquecer

26.08.2016, Liga dos Campeões: perde em Moscovo frente ao CSKA por 3-1 na segunda mão do play-off de acesso, e baixa à Liga Europa;

05.03.2016, 25.ª jornada – derrota caseira por 0-1 frente ao Benfica; o Sporting viu-se ultrapassado pelas águias e não mais voltaria ao comando da classificação.

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por Miran Pavlin às 22:30

Terça-feira, 24.05.16

SL BENFICA 2015/16

Depois do primeiro bicampeonato em 31 anos, o Benfica escavou um pouco mais nos livros de história e regressou trazendo em mãos o seu primeiro tricampeonato em 39 anos. E pode até dizer-se que os encarnados foram campeões quando tinham tudo para não o ser. Além das saídas de jogadores, o Benfica entrava na primeira época pós-Jesus, era alvo de ataques constantes por parte do ex-treinador, chegou a ver-se no oitavo posto, à oitava jornada, e passou as cinco rondas seguintes com um atraso de oito pontos face ao primeiro lugar, em parte motivado pelo jogo que teve em atraso, e que só acertou – com um empate – após a jornada 13, altura em que ficou cinco pontos abaixo do líder.

Até essa oitava jornada, o Benfica tinha perdido três jogos, aos quais se somava o desaire na Supertaça Cândido de Oliveira, frente ao Sporting (0-1). As águias encontravam-se mesmo num bloqueio de clássicos, uma vez que perderam os encontros da Liga NOS com FC Porto (1-0, na 5.ª jornada) e Sporting (0-3, na jornada 8). A saída da Taça de Portugal ocorreu bastante cedo, e novamente às mãos dos seus rivais de Alvalade, que saíram vencedores por 2-1, após prolongamento.

O Benfica parecia estar perto de uma calamidade, mas seria por essa altura que arrancaria para uma impressionante sequência, que justificou por inteiro a conquista do título de campeão. Entre a jornada 9, na qual bateu o Tondela, em Aveiro, por 0-4, e a última, o Benfica venceu 25 dos 27 jogos que realizou, cedendo pontos apenas nesse tal jogo em atraso com o União (0-0) e na recepção ao FC Porto (1-2). A prova cabal de que o Benfica é um justo campeão reside num dado estatístico: foi o campeão mais pontuado da era dos três pontos por vitória, com 88, número que nem as melhores edições do FC Porto atingiram. Nem se deu pelas ausências, devido a lesão, do guarda-redes Júlio César e do central Luisão.

A jornada 25 foi simbólica para o Benfica, que disputou aí o último clássico da época, novamente em Alvalade, com os dois conjuntos separados por dois pontos. Carregando o peso de ainda não ter vencido nenhum dos clássicos já realizados, as águias estavam perante uma autêntica final, e não perderiam a hipótese de saltar logo aí para o topo da classificação. Um golo de Mitroglou, ao minuto 20, foi o suficiente para quebrarem o enguiço. A marcha do Benfica continuou a todo o vapor até ao termo do campeonato, e foi bem necessário que assim fosse, já que a vantagem de dois pontos obtida em casa do Sporting se manteve até final.

A campanha europeia foi também ela positiva, com o Benfica a atingir os quartos-de-final da Liga dos Campeões. O saldo da fase de grupos não foi particularmente esclarecedor, mas os dez pontos somados, ao contrário do que sucedera em 2013/14, foram suficientes para passar à fase seguinte. Aí, o Benfica ultrapassou o Zenit, numa eliminatória de nervos, antes de se bater dignamente com o Bayern Munique nos quartos-de-final, onde cairia por 2-3 no agregado das duas mãos.

A época terminaria com a conquista da sétima Taça da Liga, em nove edições possíveis. Numa repetição da época anterior, o Benfica defrontou o Marítimo na final de Coimbra, triunfando desta vez por um robusto 6-2. Num dado tão impressionante quanto a carreira nesta Liga NOS, o Benfica apenas perdeu um jogo nos 90 minutos em toda a história da Taça da Liga – 2-1 em Setúbal, em 2007/08. Mas não só: ao bater o Moreirense por 1-6 na fase de grupos, tornou-se na primeira equipa a atingir a meia dúzia nessa competição.

 

Treinador

Enquanto as suas ideias não deram frutos, foi impossível a Rui Vitória escapar às comparações com o seu antecessor. Pois aqui fica mais uma: enquanto Jorge Jesus frequentemente reclamava para si o mérito dos triunfos da equipa, Vitória é credor de uma fatia generosa do mérito da época benfiquista, e não o reclama. O técnico é um homem cordato, que sabe estar no futebol, e lidou da melhor maneira com toda a pressão que teve nos seus ombros. Não apenas aquela inerente ao cargo que ocupa, mas também aquela a que o seu antecessor o sujeitou, através das inúmeras tiradas que lhe dirigiu durante praticamente toda a época. O clube teve a paciência necessária para que Rui Vitória se ajustasse, e os dividendos não tardaram a aparecer, em termos de lançamento de jogadores jovens e, mais importante, títulos.

 

Figuras

Se a época passada tinha sido boa, que dizer então desta, na qual Jonas apontou nada menos que 31 golos na Liga NOS, cifra que ninguém atingia desde Jardel, em 2001/02. O seu companheiro de ataque, o grego Mitroglou, demorou algum tempo a acomodar-se, mas assim que o fez foi tão letal como o brasileiro, terminando a campanha na Liga com 19 golos. Os 50 golos da dupla representam perto de 57% dos golos apontados pela equipa no campeonato.

Entre os mais jovens, Gonçalo Guedes destacou-se na primeira fase da época, apontando mesmo o golo da vitória em casa do Atlético Madrid (1-2) na Liga dos Campeões, cedendo depois o epíteto de next big thing a Renato Sanches, que pese embora a dureza por vezes excessiva que emprega nas disputas de bola, tem uma rebeldia que empresta um perfume diferente à equipa. O central sueco Lindelöf aproveitou da melhor maneira a indisponibilidade de Luisão para se afirmar, enquanto Jardel mostrou uma segurança que se lhe desconhecia.

Em sentido contrário, Gaitán não foi tão proeminente como em outros anos e Talisca ficou reduzido a um papel secundário.

 

Contas finais

Campeonato: 1.º lugar, com 29v, 1e, 4d, 88gm,22gs, 88pts

Taça de Portugal: afastado na 4.ª eliminatória (Sporting, 2-1 a.p.)

Taça da Liga: vencedor

Supertaça Cândido de Oliveira: derrotado pelo Sporting (0-1)

Europa: eliminado nos quartos-de-final da Liga dos Campeões (Bayern 0-1f, 2-2c)

 

Para mais tarde recordar

30.09.2015, Liga dos Campeões: vitória por 1-2 sobre o Atlético Madrid, depois de estar a perder, na segunda jornada da fase de grupos;

05.02.2016, jornada 21 – ao vencer no Restelo por 0-5, o Benfica consegue a sua maior vitória em casa do Belenenses desde o 0-6 de 1964/65;

01.04.2016, jornada 28 – vitória por 5-1 sobre o Braga; os encarnados não marcavam tantos golos nas recepções aos minhotos desde 1983/84

 

Para esquecer

23.08.2015, jornada 2 – sofreu a sua primeira derrota de sempre diante do Arouca (1-0).

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por Miran Pavlin às 22:00

Terça-feira, 24.05.16

FC PORTO 2015/16

Cedendo à tentação do revisionismo histórico, 2013/14 entrou para os livros como um ano de ressaca, conduzido por um erro de casting chamado Paulo Fonseca, e com poucos ovos, em termos de plantel, para uma omoleta melhor. O ano seguinte foi o ano zero de um projecto, com novo treinador e equipa revista e melhorada, mas o resultado foi praticamente o mesmo, salvando-se a boa carreira europeia e a manutenção da luta pelo título até à jornada 32, apesar das críticas e dúvidas que subsistiram.

A época que agora termina foi um regresso a esses dias negros de há dois anos. Quem pagou, como quase sempre acontece, foi o treinador, mas Julen Lopetegui não deixa de ter a seu favor um aspecto que em nenhum momento foi mencionado: o técnico perdeu praticamente toda a equipa de 2014/15 e teve que começar a construção de novo.

Independentemente da análise que se possa fazer em relação aos jogadores, o desagrado dos simpatizantes portistas para com Lopetegui nascia do futebol feio, cinzento, lateralizante que a equipa praticava, e só depois se chega ao capítulo dos resultados insuficientes. A verdade, porém, é que o início da temporada não foi propriamente horrendo. O FC Porto liderou o campeonato entre as jornadas 3 e 7, e tudo corria bem na fase de grupos da Liga dos Campeões. Entre os derrotados dessa sequência contavam-se os nomes de Benfica e Chelsea. A pedra no sapato foram os empates (ambos 2-2) com o Dinamo Kiev (no arranque da prova continental) e com o Moreirense (6.ª jornada), os quais deram nas vistas, uma vez que os dragões estiveram em vantagem em ambos os casos. Essas igualdades, juntamente com o já referido futebol tristonho, impediam os adeptos de dizer à boca cheia que a equipa estava no bom caminho.

Até porque se viria a verificar que efectivamente não estava. O primeiro tropeção surgiu no jogo de retorno com o Dinamo Kiev, a 24 de Novembro, no qual o FC Porto precisava apenas de um ponto para garantir os oitavos-de-final, mas saiu derrotado por 0-2, com um penálti e um lance em que Casillas não ficou bem visto. Foi o mesmo que virar a mesa de pernas para o ar. De quase apurado, o FC Porto passou a estar dependente de vencer o Chelsea em Londres, o que não viria a acontecer.

O FC Porto ainda voltaria à liderança à passagem da jornada 14, altura em que venceu a Académica (3-1) com uma exibição airosa, enquanto o então líder Sporting era derrotado na visita ao União. Essa combinação de resultados deixava os azuis-e-brancos numa encruzilhada semelhante àquelas em que várias equipas do passado se engrandeceram; o jogo seguinte era precisamente em casa do Sporting, e em caso de vitória, os dragões abririam um fosso de quatro pontos em relação aos leões. Seria aqui que a carruagem portista descarrilaria definitivamente.

A derrota por 2-0 em Alvalade (2 de Janeiro), seguida de um empate caseiro com o Rio Ave (1-1) quatro dias depois, fez o FC Porto descer ao terceiro lugar – nesta fase já o Benfica vinha em crescendo – e a situação de Lopetegui tornou-se insustentável. Ainda estavam frescas na memória as imagens da recepção à equipa no aeroporto, à chegada de Londres, em que alguns adeptos mais exaltados quase comeram o treinador vivo.

Era então o fim da linha para Lopetegui. Os dias que se seguiram deixaram claro que o desnorte do FC Porto não se circunscrevia à equipa, mas também à direcção da SAD, que demorou quase duas semanas a anunciar o novo treinador. O adjunto Rui Barros assegurou a transição, orientando a equipa em quatro jogos, salvaguardando o mais importante naquele momento. No caso, a continuidade na Taça de Portugal, numa batalha no Bessa (0-1) em que Helton foi herói ao defender uma grande penalidade nos descontos, três dias depois de uma goleada azul-e-branca, no mesmo local, em jogo da Liga NOS.

O senhor que se seguiu foi então José Peseiro, que se estreou no banco a 24 de Janeiro com uma insípida vitória (1-0) sobre o Marítimo. Sob o comando de Peseiro a equipa largou o futebol horizontal do seu antecessor, mas o técnico ribatejano não foi capaz de despertar nela a crença necessária. Cinco pontos atrás do topo no seu primeiro jogo, o FC Porto terminaria a 15 de distância. É óbvio que esse afastamento pontual resultou de desaires mais ou menos embaraçosos, que não importa aqui enumerar, mas não deixa de ser paradoxal que Lopetegui tenha sido despedido debaixo de grande contestação após ceder uma derrota e quatro empates, enquanto Peseiro assistiu a cinco derrotas e não se viu uma ponta de indignação a si dirigida.

Certamente que a vitória na Luz, de reviravolta, à 22.ª jornada, contribuiu para isso, mas foi também debaixo da sua tutela que os dragões saíram da Liga Europa, logo nos 16-avos-de-final, aos pés do Borussia Dortmund. Restava a Taça de Portugal, prova na qual o FC Porto atingiria a sua primeira final em cinco anos. Nem aí a sorte esteve com José Peseiro. Mesmo resgatando o resultado (2-2) no último fôlego, forçando um prolongamento que pareceu improvável, o FC Porto cairia nas grandes penalidades, onde Herrera e Maxi Pereira falharam, deixando os azuis-e-brancos a assistir à festa do Braga.

Mais do que todos os problemas que se possam salientar, o que o FC Porto verdadeiramente vive é uma crise de identidade. Estão a ser dados passos no sentido de a solucionar, mas ainda não é suficiente. André André e Rúben Neves acabaram por ser as primeiras pedras do desejado incremento de portugueses na equipa, com Sérgio Oliveira a aparecer mais na segunda volta. A esperança maior reside, no entanto, no jovem André Silva, a quem bastou um punhado de jogos na recta final da época para deixar marca, nomeadamente na final da Taça, onde marcou os dois golos do FC Porto, o último num pontapé de bicicleta.

Numa altura em que se precisa de portistas no plantel, apetece pensar onde andará a cabeça dos dirigentes quando se vê Hélder Postiga marcar um golaço pelo Rio Ave no jogo da 33.ª jornada, Josué fazer o segundo do Braga no Jamor e Ricardo Carvalho, do alto dos seus 38 anos, ser convocado para o Euro 2016. Sem esquecer Quaresma, que saiu para ser campeão no Beşiktaş, e Ricardo Costa, que lutou pela manutenção em Espanha pelo Granada.

Dos que cá estiveram, Casillas cometeu fífias a mais, Maicon foi de desastre em desastre até uma saída abrupta, Herrera e Aboubakar são demasiado inconstantes, Brahimi joga mais para si do que para a equipa, Corona começou bem mas desapareceu sem deixar rasto, Tello não mostrou nada e o trio formado por José Ángel, Marcano e Varela simplesmente não está à altura. Até Helton comprometeu, no seu caso na final da Taça. Falta ainda mencionar Osvaldo e Imbula, flops tão grandes que mereciam mais letras que aquelas que a palavra tem. Salvaram-se, além dos mencionados mais acima, Danilo Pereira e os laterais Maxi Pereira e Layún.

Alguns estarão por esta altura a perguntar “e a Taça da Liga”? Foi terrível, mesmo para os parâmetros do FC Porto, que foi último na fase de grupos, com zero pontos, ao cabo de derrotas com Marítimo (1-3), Famalicão (1-0) e Feirense (2-0), estes últimos da II Liga.

Num paradoxo final, foi o FC Porto quem obteve a mais longa sequência sem derrotas nesta edição da Liga NOS, com 14 jogos, correspondentes às primeiras 14 jornadas. Naturalmente que não vale de nada, mas é uma tímida prova de que, apesar de tudo, a qualidade existe no plantel azul-e-branco. É imperioso que a estrutura dos dragões resista a enveredar mais uma vez por uma limpeza de balneário, porque mesmo não havendo um ou dois nomes de qualidade em posições-chave, o que falta realmente é alguém com capacidade de dar aos jogadores espírito de grupo, coesão, consistência, crença… no fundo, identidade.

 

Contas finais

Campeonato: 3.º lugar, com 23v, 4e, 7d, 67gm-30gs, 73pts

Taça de Portugal: finalista vencido, após grandes penalidades, frente ao Braga

Taça da Liga: afastado na fase de grupos, com três derrotas em três jogos

Europa: 3.º lugar na fase de grupos da Liga dos Campeões; saída da Liga Europa nos 16-avos-de-final, diante do Borussia Dortmund

 

Para mais tarde recordar

29.09.2015, Liga dos Campeões: vitória por 2-1 na recepção ao Chelsea ainda de José Mourinho;

10.01.2016, jornada 17 – vitória no Bessa por 0-5; dérbi mais desnivelado desde o 0-6 de 1981/82;

12.02.2016, jornada 22 – vitória na Luz por 1-2, a primeira dos dragões em casa do Benfica desde 2011/12;

21.02.2016, jornada 23 – ao bater o Moreirense por 3-2 depois de estar a perder por 0-2, o FC Porto consegue a sua maior reviravolta na I Liga desde 1975/76.

 

Para esquecer

24.11.2015, Liga dos Campeões: quando tudo parecia encaminhado para o apuramento, os azuis-e-brancos perdem em casa com o Dinamo Kiev (0-2);

02.01.2016, jornada 15 – ao perder em Alvalade por 2-0, o FC Porto perdeu também a liderança da classificação, para não mais a alcançar. Os dragões não vencem em Alvalade desde 2008/09;

06.03.2016, jornada 25 – a derrota por 3-1 em Braga praticamente arredou o FC Porto da discussão pelo título, pese embora a matemática ainda não o confirmasse;

03.04.2016, jornada 28 – derrota caseira frente ao lanterna vermelha Tondela por 0-1.

 

Marcadores

Campeonato: Aboubakar 13; Herrera 9; Corona 8; Brahimi 7; Danilo Pereira 6; Layún 5; Varela 3; Maicon, Marcano, André André, Sérgio Oliveira 2; Osvaldo, Hyun-Jun Suk, Evandro, Maxi Pereira, Rúben Neves, André Silva 1. Dois auto-golos de adversários.

Taça de Portugal: Bueno, André Silva 2; Tello, André André, Aboubakar, Brahimi, Rúben Neves, Hyun-Jun Suk, Sérgio Oliveira, Chidozie, Marega 1.

Taça da Liga: Aboubakar 1.

Liga dos Campeões: Aboubakar 3; André André 2; Maicon, Brahimi, Tello, Layún 1.

 

Números e curiosidades na Liga NOS

Líder em seis jornadas; não marcou em cinco jogos; não sofreu em 13 jogos; conseguiu séries de 9, 7 e 6 jogos sempre a marcar; uma série de seis vitórias consecutivas; uma série de cinco jogos sem sofrer golos, a melhor ex æquo com outros três emblemas; uma série de sete jogos sempre a sofrer golos.

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por Miran Pavlin às 19:00

Domingo, 22.05.16

Final da Taça de Portugal – FC Porto 2-2 SC Braga (a.p., 2-4 g.p.) – O peso do contexto

Passara um lustro desde a última subida do FC Porto ao relvado do Jamor para discutir a Taça de Portugal. Nesse dia 22 de Maio de 2011 os azuis-e-brancos comemoravam o final de uma época memorável com um triunfo retumbante frente ao Vitória de Guimarães. Volvidos exactos cinco anos, o contexto em que o FC Porto chegava ao jogo decisivo não podia ser mais diverso. Era a derradeira hipótese de festejar um título antes que se completassem três anos sobre o último. Mais que isso: era a oportunidade de acrescentar um apêndice positivo a uma temporada, em termos gerais, para esquecer.

O jogo pareceu ser uma cópia em papel vegetal da decisão da temporada anterior. Mais uma vez o Braga esteve a vencer por 0-2 e permitiu o empate em cima da hora, adiando tudo para as grandes penalidades. Aí, todavia, os arsenalistas não vacilaram como na época anterior.

O FC Porto complicou a sua tarefa do mesmo modo que em diversas vezes no decorrer da época, no caso através de erros defensivos. Logo ao minuto 12, numa bola lançada em profundidade, tanto Chidozie como Helton ficaram à espera que o outro cortasse a bola. A decisão ficou por tomar, e Rui Fonte aproveitou da melhor maneira para se intrometer entre os dois portistas, afastar a bola e empurrá-la para a baliza deserta. No minuto 58 o sector recuado dos dragões comprometeria de novo, agora por Marcano, que recebeu um passe de Helton com um terrível domínio, numa altura em que já estava a ser pressionado por Josué. A bola fugiu do central espanhol o suficiente para que o médio arsenalista a apanhasse e desfeiteasse Helton com uma finalização cruzada. Emprestado pelo FC Porto, Josué não festejou.

O Braga, que vinha realizando um jogo deveras cauteloso, conseguia mesmo assim construir uma boa vantagem. Faltava saber se o FC Porto ainda teria palavras a dizer, uma vez que até esse momento ainda não tinha incomodado as redes do Braga. Quando incomodou, foi a valer. Na primeira bola que chegou à zona fatal, André Silva estava no local certo para emendar uma defesa incompleta de Marafona a remate de Brahimi e relançar o jogo (61’). Apesar da pouca acutilância ofensiva, este não foi o pior jogo do FC Porto esta época. Longe disso. Mesmo que por vezes se pressentisse algum nervosismo, os dragões tentavam de tudo para furar um Braga que manteve, então, muitos homens atrás da linha da bola durante todo o jogo.

André Silva foi um tractor, Maxi Pereira deu o que tinha e o que não tinha, Brahimi fez, finalmente, uma exibição mais colectiva, Sérgio Oliveira e mais tarde André André acrescentaram músculo, Layún não se cansou de ir ao ataque, e até Varela não foi um desastre. Mas faltou sempre encontrar a baliza contrária. Seria quando o Braga já tinha nos pés a areia da praia onde morreu no ano passado que o FC Porto juntou um toque dramático aos acontecimentos.

Após uma sucessão de cantos, e em mais uma jogada de insistência, Herrera cruzou no limite e André Silva foi herói por uns momentos, ao igualar a contenda com um pontapé de bicicleta (90’), atrasando o final do jogo pelo menos por meia hora. O prolongamento pertenceu por completo ao FC Porto, mas o perigo criado foi, mesmo assim, pouco. Muito porque o Braga disfarçou a falta de pernas com a continuação de uma notável performance defensiva.

Pelo jogo em si talvez o FC Porto merecesse mais, mas na hora das grandes penalidades pouco ou nada do que se passou até aí interessa. Terá pesado mais o tal contexto negativo em que o FC Porto aqui chegou. Com efeito, Herrera e Maxi Pereira viram as mãos de Marafona negar as suas cobranças; o Braga foi irrepreensível em cada uma das quatro conversões de que necessitou. Marcelo Goiano foi o último a rematar certeiro, espoletando os festejos dos guerreiros. 50 anos depois, o Braga junta ao seu palmarés a segunda Taça de Portugal, apagando, talvez para sempre, a frustração da última final.

O FC Porto fica em branco pela segunda época consecutiva, e vai de férias com mais problemas do que respostas para os mesmos.

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por Miran Pavlin às 23:00

Sábado, 14.05.16

Liga NOS, 34.ª jornada – FC Porto 4-0 Boavista FC – De manhã começa o dia

O percurso portista na Liga NOS terminou com uma novidade. Foi o primeiro jogo de campeonato que o FC Porto realizou de manhã, e apenas o segundo em toda a história da I Liga. Quase que era preciso madrugar. Pese embora o horário invulgar, o FC Porto fez questão de se despedir dos seus adeptos com uma vitória sólida, num jogo disputado a médio ritmo.

Ainda não tinha havido muitas aberturas quando os dragões passaram para a frente do marcador, através de Danilo Pereira (11’), que rematou com sucesso no aproveitamendo de um ressalto em Marcano após corte de um defensor axadrezado. E sim, eram membros do sector mais recuado que se encontravam na área contrária nesse lance.

A goleada, contudo, não se explica a partir desta jogada, uma vez que quem esteve melhor até ao intervalo foi mesmo o Boavista. Não no sentido de colocar o FC Porto em apuros, mas sim porque a tranquilidade classificativa garantida há um par de jornadas permitiu aos homens do Bessa desenvolver sucessivas incursões no meio-campo contrário. A finalização, porém, não esteve à altura, com os remates a saírem muito longe do alvo. O FC Porto também surgiu diversas vezes junto à área do Boavista, mas não encontrou os espaços de que precisava.

Decorria já o minuto 56 quando Layún rematou colocado para o 2-0, após assistência astuta de André Silva, que descobriu o lateral mexicano solto na esquerda. Mika ainda tocou na bola mas não a conseguiu deter. Foi este golo que deu ao FC Porto a determinação necessária para pegar no jogo e não mais o largar. Por esta altura começava a ser notória a qualidade que André Silva emprestava aos movimentos dentro da área do Boavista, muito graças à sua corpulência, mas também à sua vontade. O jovem avançado tentou várias vezes visar as redes de Mika, mas ora o próprio guarda-redes, ora a acção do central Henrique, iam negando os seus intentos.

Ao minuto 82 Maxi Pereira é derrubado dentro da área. Apesar dos clamores dos adeptos para que fosse André Silva a subir à marca de onze metros, Brahimi tomou no seu pé a responsabilidade e não a enjeitou. Não seria preciso esperar muito mais para que o desejo dos adeptos fosse satisfeito. Lançado em profundidade por um passe bem medido de Brahimi, André Silva isolou-se, contornou Mika e selou o resultado final (88’), assinando o seu primeiro golo pela equipa principal. Um justo prémio para o trabalho que o ponta-de-lança vinha desenvolvendo.

O encontro terminou pouco depois, e em clima de festa. Comedida por parte dos dragões, porque uma época abaixo das expectativas não se apaga, um pouco mais vincada do lado dos adeptos boavisteiros, que mais uma vez viram a sua equipa ser maior que as adversidades e garantir presença na próxima edição da I Liga. A oficina dos azuis-e-brancos só fechará portas no próximo fim-de-semana, num regresso ao Jamor, cinco anos depois da última visita.

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por Miran Pavlin às 15:00




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