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Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
Tantas vezes o Corte Limpo pediu, que o seu desejo foi satisfeito: José Couceiro regressou a Setúbal, trazendo consigo a saída para as aflições por que o Vitória costuma passar em termos classificativos. Contando com um dos plantéis mais portugueses da Liga NOS, o Setúbal entrou na temporada com duas vitórias e dois empates, juntando-lhe mais quatro triunfos e duas igualdades até à viragem do calendário. Não sendo números invejáveis, eram suficientes para levar o clube até a um tranquilo décimo lugar, dez pontos acima da zona proibida da tabela. Duas vitórias no arranque da segunda volta içaram os sadinos até ao sexto lugar, em mais um sinal de que com Couceiro, pelo menos até aí, o Setúbal teve outra cara.
ENGRANDECIMENTO
O Vitória foi o maior empecilho dos ditos grandes em 2016/17. Logo à segunda jornada o Setúbal ficou a oito minutos de um raro triunfo na Luz, mercê do golo de Frederico Venâncio (66’), mas o Benfica empataria numa grande penalidade convertida por Jiménez (82’). À jornada 9 foi a vez de o FC Porto perder pontos, num nulo no Bonfim. O Setúbal ainda festejou um golo aos 75 minutos, mas Fábio Pacheco estava em fora-de-jogo.
A jornada 19 trouxe o quebrar de um enguiço, com o Setúbal a bater o Benfica em casa (1-0) pela primeira vez desde 1998/99, através de um golo de Zé Manuel (21’), homem emprestado pelo FC Porto. Para que não houvesse queixas, na 26.ª jornada foi um jogador emprestado pelo Benfica a tirar dois pontos ao FC Porto, no caso João Carvalho (56’), em resposta ao golo de Corona (45’+1’). Este empate foi a estocada que deu início ao desmoronamento dos dragões.
TAÇA DA LIGA
O quinhão do Sporting foi entregue na Taça da Liga. Na última jornada da fase de grupos, um triunfo sobre os leões (2-1) forçou a aplicação daquele que decerto será o critério de desempate mais invulgar do futebol: a média de idades maia baixa. Frederico Venâncio (19’) abriu o activo e Elias igualou (79’), antes da grande penalidade decisiva de Edinho (90’+4’). O lance motivou fortes protestos do Sporting, mas não havia nada a fazer; com as equipas totalmente empatadas em pontos e em golos, foi a juventude dos sadinos a fazer a diferença. Até este ponto, o Vitória tinha eliminado o Santa Clara (2-0) na segunda ronda, para na fase de grupos perder no reduto do Varzim (1-0), e vencer o Arouca (1-0). Na final-a-quatro no Algarve, o Braga não deu hipóteses ao Vitória, triunfando por 0-3 na primeira meia-final.
SEGUNDA VOLTA
José Couceiro só não conseguiu fazer com que a equipa durasse até final da época, o que justifica o 12.º lugar final. Depois de chegar então ao sexto posto à jornada 19, o Vitória só somou mais dois triunfos – Moreirense (c) e Nacional (f) – e quatro empates, descendo mesmo até ao 13.º lugar na penúltima jornada. A época terminaria com nuvens negras a adensarem-se sobre o Sado, na forma de cinco derrotas consecutivas (jornadas 29 a 33), quatro jogos sem marcar (28.ª à 31.ª) e seis encontros consecutivos a sofrer golos (da 29.ª jornada até final). Depois do razoável percurso até Janeiro, a época terá terminado na altura certa.
FIGURAS
Edinho entrou na equipa apenas no mercado de inverno, mas ainda foi a tempo de ser o melhor marcador da equipa, com oito golos. O guarda-redes Bruno Varela, também emprestado pelo Benfica, valorizou-se. Frederico Venâncio foi o patrão da defesa, enquanto João Amaral, homem descoberto no Pedras Rubras, apontou cinco golos no campeonato. O camaronês Meyong, símbolo do Vitória, terminou a carreira, e foi o único estrangeiro a marcar pelo Setúbal neste campeonato.
CONTABILIDADE
Liga NOS: 12.º lugar, 10v-8e-16d, 30gm-39gs, 38 pontos;
Taça de Portugal: eliminou o Trofense (0-0 a.p., 2-4 g.p.) e o Benfica de Castelo Branco (0-2), caindo nos oitavos-de-final frente ao Sporting (0-1);
Taça da Liga: eliminado nas meias-finais pelo Braga.
O Desportivo de Chaves estava de volta à I Liga após 17 anos de ausência, mas a avaliar pela primeira volta não sentiu essa espécie de fosso geracional futebolístico. Pelo contrário, evocou mesmo memórias dos seus verdes anos na divisão principal, altura em que obteve dois quintos lugares (1986/87 e 1989/90) e um sexto (1985/86), bem como uma ida à Taça UEFA (1987/88). Com efeito, à 18.ª jornada os flavienses eram sextos classificados e tinham perdido apenas três partidas até aí – Benfica (c), Braga (f) e FC Porto (f). A mobilidade da frente de ataque ia causando estragos e as boas exibições sucediam-se, resistindo mesmo à mudança súbita de treinador registada após a 13.ª jornada. Por essa altura, estavam reunidos os ingredientes para classificar o Chaves de equipa sensação.
TAÇA DE PORTUGAL
O Chaves causou espanto também na Taça de Portugal, onde tirou do caminho FC Porto e Sporting. Os dragões foram os primeiros a cair, na 4.ª eliminatória, que os transmontanos venceram nas grandes penalidades (3-2) no final de um nulo em 120 minutos. Os oitavos-de-final foram um carrossel de emoções para o Chaves na visita ao Torreense. Os da casa estiveram a vencer (35’), permitiram a reviravolta (58’), e abririam as portas de um prolongamento (90’) com um auto-golo do flaviense Freire, mas o Chaves fechou-as com uma grande penalidade de Battaglia ao minuto 90’+9’. Nos quartos-de-final foi a vez de o Sporting se despedir, por força de um golo de Carlos Ponck (87’), antes de uma meia-final dramática com o Guimarães. O Chaves recuperou de uma desvantagem de dois golos, mas permitiu um fatal golo fora ao Vitória e ainda falhou uma grande penalidade na compensação. Um duro final para uma caminhada que começara bem longe da raia transmontana, com uma vitória sobre o União (0-1) na 3.ª eliminatória.
SEGUNDA METADE
O resto de campeonato do Chaves teve pouco do fulgor da primeira metade da temporada. Depois de baterem o Nacional (2-0) na primeira ronda da segunda volta, os flavienses venceriam apenas mais dois jogos, contra Arouca (2-0) e Paços de Ferreira (1-0), este com um auto-golo de Gegé. A época terminou em plena série de sete jogos sem vitórias. Face a um tão fraco pecúlio a partir de Janeiro, acabaram por ser os rendimentos até aí conseguidos a justificar o 11.º lugar final, juntamente com os 14 empates. Ninguém dividiu tanto os pontos neste campeonato.
FIGURAS
Fábio Martins foi o artilheiro da equipa com seis golos na Liga, seguido de Rafael Lopes com cinco golos. Renan Bressan e Willian fizeram quatro golos cada.
Braga e Perdigão foram outros nomes em foco no ataque do Chaves. Mais atrás, destacou-se o central Nélson Lenho, o único totalista desta edição da Liga NOS.
TREINADORES
Depois de realizar trabalhos interessantes ao comando de Belenenses e Paços de Ferreira, Jorge Simão parecia estar a viver o seu ano de afirmação, mas cortou a árvore pela raiz quando ao fim de 13 jornadas não resistiu ao convite do Braga, que entrou em convulsão e despediu José Peseiro. Nem o Chaves voltou a praticar futebol tão atractivo, nem Simão voltou a ter o mesmo sucesso.
Recrutado ao Vizela, Ricardo Soares procurou não estragar o que estava feito, mas não conseguiu manter a chama da equipa por muito mais tempo. Em Janeiro, no espaço de quatro dias Soares viu o Chaves roubar pontos ao Sporting na Liga (2-2 em casa) e empurrá-lo para fora da Taça, naqueles que seriam os últimos grandes momentos dos flavienses na temporada.
CONTABILIDADE
Liga NOS: 11.º lugar, 8v-14e-12d,35gm-42gs, 38 pontos;
Taça de Portugal: eliminado nas meias-finais frente ao Vitória de Guimarães;
Taça da Liga: afastado na 2ª eliminatória, ao perder em casa do Rio Ave (1-1, 3-1 gp).
O 10.º lugar obtido pelo Estoril é deveras enganador em relação ao que foi a temporada dos canarinhos. Não num bom sentido. O arranque do campeonato foi terrível, e a equipa da Linha era penúltima ao fim de seis difíceis jornadas que renderam apenas uma vitória e um empate e incluíram jogos com FC Porto (f), Braga (c) e Sporting (f). O Estoril ressurgiria entre as jornadas 7 e 13, somando 11 pontos e apenas duas derrotas, a última das quais (2-0 em Setúbal) seria o derradeiro jogo de Fabiano Soares ao comando da equipa, numa saída cuja leitura não foi fácil, até porque a equipa era agora 11.ª colocada.
Para o lugar do técnico brasileiro chegou o espanhol Pedro Gómez Carmona, perfeito desconhecido no futebol português, do qual decerto não levará as melhores memórias; pelo menos a julgar pela sua série inicial de seis derrotas. Carmona duraria apenas mais cinco jogos como técnico estorilista, dos quais venceu apenas um (2-1), na recepção ao Paços de Ferreira (21.ª jornada).
O Estoril não encontrou quem substituísse Léo Bonatini no departamento da concretização, e a principal referência Kléber terminaria a Liga com apenas oito tentos apontados.
TAÇA DE PORTUGAL
O lado positivo da passagem de Pedro Carmona pela Amoreira foi a continuação do percurso do clube na Taça de Portugal. Ainda com Fabiano Soares como treinador os canarinhos ultrapassaram Caldas (0-1, pelo segundo ano consecutivo) e Cova da Piedade (2-0); com Carmona acabado de chegar o Estoril sofreu para bater a Sanjoanense (4-2 após prolongamento), que esteve a vencer por duas vezes e consentiu o empate a dois golos ao minuto 80. Nos quartos-de-final foi a vez de a Académica vender cara a derrota aos estorilistas (2-1), que só fixaram o marcador final aos 85 minutos. Na meia-final coube ao Estoril a tarefa de defrontar o Benfica. Na primeira mão, ainda com as aflições do campeonato presentes, a equipa deu as mãos e só quebrou aos 89 minutos com um golo de Mitroglou (1-2).
A história foi bem diferente na segunda mão, a 5 de Abril. Já com Pedro Emanuel (ao centro) como treinador, no primeiro lance da segunda parte o Estoril empatava a eliminatória, depois de já ter estado a vencer por 0-1. Inesperadamente, o lugar no Jamor estava em aberto. O Benfica precisou mesmo vestir o fato de trabalho e acabou por voltar a adiantar-se ao minuto 72, mas o Estoril não queria ceder e voltaria a colocar-se a um golo de distância na final (78’). Acabou por ser de coração nas mãos que encarnados e canarinhos viveram o jogo, mas o 3-3 final não chegou para o Estoril.
RECTA FINAL
Com a chegada de Pedro Emanuel o Estoril transfigurou-se e perdeu apenas dois dos dez jogos que o antigo central orientou. Vitórias foram cinco – Tondela (f), Belenenses (f), Setúbal (c), Chaves (c) e Arouca (c) – e os 18 pontos somados nessa recta final trouxeram os canarinhos do 15.º até ao décimo lugar final. Era a melhor classificação do Estoril desde o nono posto ocupado na jornada 12.
CONTABILIDADE
Liga NOS: 10.º lugar, 10v-8e-16d,36gm-42gs, 38 pontos;
Taça de Portugal: eliminado nas meias-finais;
Taça da Liga: afastado na 2ª eliminatória, ao perder em casa do Moreirense (1-0).
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