Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
Por momentos, pareceu até que se tratava de uma segunda parte da segunda parte do encontro com o Estoril. Mas não. Era mesmo um novo jogo, no qual o FC Porto entrou no mesmo registo com que terminara o anterior. De cada vez que se aproximavam do último terço os azuis-e-brancos lançavam a desordem na defesa dos algarvios; não só pela mobilidade de Soares e Marega, mas também pelas investidas de Otávio e pela profundidade dada pelas subidas de Maxi Pereira. Importa realçar, porém, que os dragões não eram a única equipa em campo, como chegou a parecer na Amoreira. Fazendo jus aos elogios que tem recebido, o Portimonense procurou olhar o adversário nos olhos e conseguiu um par de lances perigosos dentro dos dez minutos iniciais, nomeadamente quando Fabrício obrigou Felipe a um corte salvador, após uma primeira tentativa de Nakajima mal resolvida por Casillas (9'). A toada de parada-resposta terminou ao minuto 10, numa jogada de contra-ataque em que Otávio desmarcou Soares na esquerda e o brasileiro cruzou para a finalização de Marega. O lance começou numa recuperação de Marcano à saída da área do FC Porto. A acção do central deixou dúvidas; o árbitro Jorge Sousa nada assinalou. Seis minutos mais tarde surgia o segundo golo. Desta vez foi Marega quem descaiu para o flanco, de onde centrou para o segundo poste, onde Otávio apareceu sem marcação e rematou forte. O guarda-redes Ricardo Ferreira ainda meteu as mãos à bola, mas acabou por defender para dentro.
O Portimonense não esmoreceu. A velocidade que Nakajima imprimia sempre que tinha a bola nos pés fazia com que os algarvios chegassem com frequência a posições de remate, ainda que apenas de longe. O avançado japonês foi o primeiro a tentar, quando fugiu a Maxi Pereira pelas costas da defesa (21'), mas o disparo saiu às malhas laterais. De seguida, Bruno Tabata (32'), Dener (34') e Fabrício (39'), este último num bom remate em arco, também visaram as redes de Casillas. O guardião espanhol respondeu sempre com defesas seguras. Golo, só na outra baliza. O FC Porto trabalhava na esquerda até que Otávio virou o jogo para o outro flanco, de onde Maxi, sozinho, cruzou rasteiro para Marega desviar sem espinhas no centro da área (44'). A partida ficava virtualmente resolvida, embora o Portimonense não merecesse tamanha desvantagem. Pela cor que trajava, o FC Porto assemelhava-se a uma laranja a jorrar sumo como se fosse uma barragem em descarga.
A segunda parte foi menos intensa. A certo ponto, dava a ideia de Sérgio Conceição estar à espera de que Soares marcasse para não ser substituído em branco. Se a ideia era essa, o ponta-de-lança fez a vontade ao treinador, cabeceando para o fundo das redes, em posição central, após um óptimo cruzamento de Diogo Dalot (59'), de pé direito. O jovem lateral marcava assim a sua primeira titularidade com uma assistência. Dalot não se ficou por aí, já que assistiu também o quinto golo, de Brahimi (66'), agora com o pé esquerdo. Desta feita, o centro ainda sofreu um ligeiro desvio num homem do Portimonense. Era o 14.º golo do FC Porto nos últimos três encontros para a I Liga - sem incluir os três que apontou ao Estoril.
Até final, o Portimonense não deixou de tentar, somando mais alguns remates à conta, mas sem perigo. Surpreendentemente, os da casa terminaram com mais remates que o FC Porto. O tempo de compensação trouxe o tento de honra algarvio, por Lucas Posignolo, que desviou de cabeça um livre cobrado por Tabata. Pelo futebol apresentado, o mais justo talvez até fosse uma repetição do 5-2 verificado na primeira volta. No total, os três jogos entre FC Porto e Portimonense esta temporada renderam 18 golos. Um aspecto que passa completamente despercebido quando os jogos não são vistos como de cartaz.
As duas partes do jogo, separadas por mais de um mês, não podiam ter sido mais diferentes. Na primeira, um FC Porto desconexo não encontrava forma de contrariar um Estoril motivado pela vantagem no marcador. No reatamento, os dragões roçaram o avassalador. Foram verdadeiramente dois jogos num só. No fundo, quem acabou por sair prejudicado pela suspensão do encontro foi o Estoril, que numa questão de minutos viu esfumar-se um potencial resultado positivo. Imbuído de um notável espírito de missão, o FC Porto carregou de imediato sobre a defensiva canarinha, com Herrera a ameaçar o golo logo ao minuto 47, respondendo Renan Ribeiro com a primeira das suas várias defesas difíceis. Aos 53, o golo azul-e-branco, por Alex Telles na cobrança de um livre lateral na direita do ataque. Certamente que se seguirá polémica, pois quando o livre é batido três homens do FC Porto arrancam para a bola em posição de fora-de-jogo; nenhum tocou na bola, mas deveria ter sido assinalado fora-de-jogo posicional a Soares, que mesmo nessa circunstância toma parte activa na jogada. O árbitro João Pinheiro consultou o vídeo-árbitro, que validou a decisão inicial. De seguida, Alex Telles desceu a pique na montanha russa das emoções, ao colocar mal o pé depois de efectuar um corte, lesionando-se com aparente gravidade (55'). O lateral cederia o lugar a Diogo Dalot, não contendo as lágrimas, já no banco de suplentes.
A reviravolta consumou-se por Soares (59'), que finalizou uma jogada de insistência que incluiu remates de Marega - defendido por Renan - e de Herrera, este tão desenquadrado que foi parar aos pés de Soares. O sufoco era grande e a acção parecia nunca sair das imediações da área estorilista, onde os da casa eram frequentemente obrigados a limpar de qualquer maneira. O FC Porto recuperava a bola na primeira zona de construção dos canarinhos e os lances de perigo sucediam-se. Foi precisamente isso que aconteceu no terceiro tento dos dragões (67'). Na direita, Herrera aproveitou uma má saída do Estoril e avançou até ao cruzamento; Corona rematou para defesa incompleta de Renan, e Soares estava no lugar certo para capitalizar o ressalto. Foi, de facto, um golo da tranquilidade, já que o FC Porto abrandou a pressão e recebeu na sua defesa a visita dos atacantes contrários, que conquistaram alguns cantos e obrigaram Casillas a redobrar atenções. O FC Porto também dispôs de outros lances perigosos, mas o marcador não sofreria mais alterações.
Este terá sido um dos jogos mais surreais da história do FC Porto, à conta das diferentes datas, contextos e onzes de cada parte. Até se deu o caso de Layún, que jogou os primeiros 45 minutos, já cá não estar para o resto do jogo por ter sido emprestado ao Sevilha. Valeu a disponibilidade física e mental do FC Porto para a reversão do marcador ao intervalo, colocando assim os azuis-e-brancos com cinco pontos de vantagem sobre o duo perseguidor, composto pelos nomes habituais da capital.
Desde que José Mourinho a proferiu, na ressaca da derrota na Supertaça Europeia de 2003, que esta frase se tornou numa máxima: os próximos pagam. Calhou então ao Rio Ave a indesejável fava de ter que assumir a despesa do desastre portista no jogo anterior. O valor da factura a pagar pelos vila-condenses começou a crescer ainda não tinham passado 90 segundos. Brahimi e Alex Telles trabalharam na esquerda, o argelino cruzou, Soares assistiu Sérgio Oliveira por mero acaso, e o médio disparou rasteiro e colocado, de fora da área, para o primeiro golo do FC Porto. Ao minuto 14 os dragões voltaram a criar perigo, num livre de Brahimi à trave, e aos 22 Soares, elevando-se no centro da área, cabeceou para o 2-0. Tinha decorrido apenas um quarto do jogo e decerto já poucos se recordavam do que acontecera poucos dias atrás. Muito menos quando com 34 minutos um cruzamento de Marega foi desviado por Marcelo para a própria baliza. O Rio Ave aproximava-se pouco da baliza portista e quando o fazia não conseguia mais que rematar de longe, sem perigo.
A defender as redes do FC Porto estava Casillas, que não era titular na I Liga desde a jornada 8. Salta de imediato à memória a situação de Fabiano após os célebres 6-1 sofridos frente ao Bayern Munique em 2015. Aqui, uma nova titularidade de José Sá tanto podia ser vista como um voto de confiança, ou como um risco; jogando Casillas, ou Sá está a ser resguardado, ou então também lhe calhou uma factura da derrota de quarta-feira. De qualquer forma, também essa questão se tornou secundária face ao volume a que o resultado cedo chegou. O Rio Ave apenas criou relativo perigo no início da segunda parte, em dois remates de João Novais que obrigaram Casillas a defesas atentas. O FC Porto mantinha-se motivado e chegaria ao quarto golo ao minuto 72, com Marega a marcar de cabeça, na sequência de um livre lateral de Alex Telles. O resultado final fixou-se já na recta final (84'). Soares desviou à boca da baliza após jogada confusa, mas o tento só foi confirmado pelo vídeo-árbitro, que reverteu a decisão inicial de fora-de-jogo.
Dizem os entendidos que o melhor para esquecer um desaire é que o jogo seguinte não demore a chegar. Talvez não se pedisse tanto, mas o FC Porto acabou por regressar à eficácia que até agora tem sido hábito nesta edição da Liga NOS. Este jogo teve outros lances prometedores, mas quando se marcam cinco golos, mais não se pode exigir. A partida marcou ainda a estreia do lateral direito Diogo Dalot no campeonato (74').
Antes do jogo, Sérgio Conceição alertou para os diferentes graus de exigência que as duas equipas encontram semana após semana nas suas lides domésticas. Trocando por miúdos, o treinador quis dizer o óbvio, que o Liverpool tem um plantel bem mais apetrechado que o do FC Porto. Tanto, que ao soar do apito final - antes disso, até - os dragões ficaram a sentir o mesmo que sentem os emblemas mais modestos da I Liga quando um dos ditos grandes sai de sua casa com um resultado idêntico a este. A naturalidade com que se chegou aos números finais é ainda pior que o resultado em si. E os primeiros minutos até nem apontavam no sentido de um descalabro. Mesmo que não estivesse em modo aventureiro, o FC Porto esteve perto do golo ao minuto 10, num remate de Otávio que saiu pouco por cima, e para canto. Talvez porque o Dragão é reconhecidamente um local respeitável e muito boa gente já aqui tombou, o Liverpool ia jogando ele próprio com cuidado, mas quando foi à área não se ficou pelas ameaças. À mão, José Sá repôs mal a bola e Milner recuperou-a, lançando então Sadio Mané, que rematou para Sá ser muito mal batido (25'). Mal refeito do choque, quatro minutos mais tarde o FC Porto viu o ressalto de um remate de Milner ao poste cair em Salah, com o egípcio a prosseguir fintando Sá com o pé e com a cabeça antes de encostar para golo. O resultado era duro mas não apocalíptico, e esteve a um passo de ser encurtado quando Soares encontrou espaço em frente à baliza e rematou forte (44'), mas o disparo passou centímetros ao lado do poste.
Pressentindo uma reentrada determinada dos dragões, o Liverpool baixou o bloco, convidando o adversário a visitar terrenos mais avançados. O FC Porto assim fez, mas assim que os reds conseguiram lançar um contra-ataque só pararam no golo (53'), por Mané após defesa incompleta de José Sá a um primeiro remate de Firmino. Tornavam-se cristalinas as impressões que ficaram do primeiro tempo: o ataque do FC Porto não fazia pressão na saída de bola, o meio-campo não conseguia obstaculizar a verticalidade do futebol do Liverpool e havia muita indecisão sobre quem devia fazer-se à bola, multiplicando-se assim as descompensações. Isto para quem vê de fora, porque para quem está lá dentro a sensação é de que o adversário está a jogar com quinze. Tendo Soares a meio gás, Brahimi sozinho, Marega esforçado mas inconsequente, Herrera a falhar praticamente todos os passes de ruptura que tentou, Ricardo sem oportunidade de meter velocidade no flanco e José Sá num dia mau, era como se o FC Porto estivesse num colete de forças. Por entre os pingos da chuva foi escapando Corona, que entrou ao intervalo com vontade, mas, face às circunstâncias, não teve correspondência prática no jogo.
Esse terceiro golo funcinou então como a réplica que arrasa o que o sismo deixou de pé, e a oscilante estrutura dos portistas nada pôde fazer para suster as arrancadas que deram o quarto golo a Firmino (70') e o quinto a Mané (85'), que assim fechou o seu hat-trick. À falta de melhor, valeu o sonoro You'll Never Walk Alone entoado pelos 3500 ingleses que vieram ao Porto, e quem estava próximo dos bancos de suplentes ainda pôde ver os óculos de Jürgen Klopp voar num momento em que o técnico do Liverpool se agitou com mais vigor. Conformados, os adeptos com estômago para resistir até final deram o ombro à equipa e despediram-se com aplausos e cânticos de apoio.
O Estádio do Dragão nunca viu nada assim. Na verdade, nem Antas e nem a Constituição viram, pois esta foi tão só a maior derrota caseira de sempre do FC Porto. E agora, é favor os portistas entrarem em pânico. Ainda falta a segunda mão.
A ginástica continua. Na véspera de jogo europeu, entre baixas e opções técnicas Sérgio Conceição voltou a puxar pela cabeça para escalar o onze inicial, introduzindo ainda uma nuance, ao colocar a equipa no esquema predilecto do futebol do século XXI até agora: o 4x2x3x1. Aboubakar nem sequer integrou a lista de convocados para este jogo, naquilo que foi uma óptima oportunidade para Soares continuar a recuperar créditos depois do episódio de insatisfação ao ser substituído na meia-final da Taça da Liga. A prova palpável dessa recuperação surgiu ao fim de 14 minutos, altura em que o ponta-de-lança brasileiro abria as hostilidades, ao concluir com um remate cruzado uma recuperação de bola de Otávio a meio-campo. Sérgio Oliveira foi o responsável pela assistência. Na reacção ao golo sofrido, o Chaves esteve perto de marcar por duas vezes, mas esbarrou num corte atento de Maxi Pereira a Pedro Tiba (16') e numa defesa formidável de José Sá a um míssil de Matheus Pereira (22'). Não havia, portanto, desequilíbrio em campo; só no resultado, pois o minuto 28 trouxe o segundo golo azul-e-branco, novamente por Soares, agora num belíssimo remate de primeira junto à marca de grande penalidade, à meia volta, sem deixar a bola cair, após cruzamento de Maxi Pereira.
O teoricamente difícil tornava-se aqui um pouco mais fácil, mas ainda faltavam jogar muitos minutos. Sendo o Chaves uma das equipas mais elogiadas pela crítica, esperava-se que colocasse dificuldades acrescidas ao FC Porto. E a verdade é que os flavienses jogavam com atitude, mas continuavam a não encontrar uma chave - não resisti à piada fácil - que abrisse a defesa dos dragões. Com efeito, os homens mais adiantados do Chaves recorrentemente avançavam decididos até ao último terço do relvado, onde ficavam sem ideias. Não havendo até ao intervalo um golo transmontano que reavivasse a discussão, a partida ficava com poucos caminhos que pudesse percorrer. Dependia muito de quem tivesse a iniciativa de jogo, ou então de quanta iniciativa a equipa em vantagem permitisse ao adversário. O FC Porto não cederia, e chegou ao terceiro golo por intermédio de Marega (57'), que rematou cruzado na sequência de uma boa solicitação de Otávio, de calcanhar. Os ferros foram impedindo o avolumar do marcador em lances de Soares (59') e Waris (65'), mas nada pôde deter o forte remate de Sérgio Oliveira, que fixou o marcador final já na compensação (90'+1')
Talvez o Chaves não merecesse uma derrota tão robusta, mas o FC Porto não deixou os seus créditos por mãos alheias, retomando assim as lides continentais de cabeça limpa, e na esperança de que também a sua conta bancária seja creditada em função de um bom resultado.
À semelhança do encontro para a Taça da Liga, esta terceira prestação do clássico não foi um bom jogo. Houve pouca acção em frente às balizas, faltou brilhantismo técnico e até o golo foi solitário. Pelo menos para quem vê de fora, é frequente em jogos desta dimensão as equipas optarem por remeter as decisões para considerações futuras. Foi o caso. Até porque em Abril haverá uma segunda mão e nem dragões, nem leões quiseram arriscar-se a lá chegar já fora da discussão. Dos poucos motivos de interesse que sobraram, as melhores - únicas? - oportunidades de golo, novamente em paralelo com os duelos anteriores, ficaram do lado do FC Porto. O primeiro a fazer perigar as redes leoninas foi Sérgio Oliveira (28'), com um livre directo que acertou em cheio no poste, seguindo-se-lhe Soares, que apontou o golo (60') com um forte cabeceamento entre Piccini e Ristovski, e só não repetiu a dose num lance idêntico (65') porque Rui Patrício lhe fez uma majestosa defesa. Herrera teve o golo à sua mercê (31') ao isolar-se perante Patrício, mas precisava de uma perna do comprimento da de um basquetebolista para ter dado o melhor seguimento ao passe picado de Corona. Brahimi também viu as redes, ainda que de ângulo apertado (21'), mas o guardião da selecção nacional fez uma boa mancha.
O Sporting apostou numa defesa de três centrais, ficando Ristovski e Fábio Coentrão com os corredores a seu cargo, mas já em desvantagem Jorge Jesus removeu-os para lançar Rúben Ribeiro (74') e Montero (84') nos seus lugares, inclinando a equipa para a frente. Esse risco quase era premiado em cima dos descontos, quando Ricardo facilitou e deixou que Rúben Ribeiro irrompesse pela área, e com opções de passe. No limite do pânico, Felipe e depois Casillas acabaram por aliviar. O guarda-redes saiu da baliza e foi por pouco que um instante em que paralisou saía caro. O destaque nos leões acabou por recair no inconformismo de Gelson Martins, mas faltou-lhe, de resto tal como a toda a equipa, a referência Dost, que falhou o jogo por lesão. Doumbia não deu o mesmo élan que o holandês. Num jogo em que Felipe se envolveu numa pequena altercação com Fábio Coentrão a propósito de um lançamento (25'), quem acabou expulso foi Acuña (90'+2'), por acumulação.
Ficou até a sensação de que o FC Porto jogou melhor depois de marcar, ainda que essa fase tenha coincidido com o período em que o Sporting se abriu mais. Talvez uma coisa seja consequência da outra. A verdade é que até aí o jogo foi predominantemente equilibrado, por muito que Casillas quase não tenha tido trabalho. A partida ficou ainda marcada pela forma recorrente como o Sporting contrariou o futebol portista através de faltas. Quiçá surpreendentemente, o juiz João Pinheiro fez uma arbitragem bastante positiva. Fica tudo para decidir em Alvalade, então. Felizmente o resultado não foi novamente 0-0.
O Corte Limpo reclamou, Conceição satisfez: Sérgio Oliveira ascendeu à titularidade e a escolha do técnico mais legitimada ficou quando o médio abriu o activo ao cabo de 13 minutos. O golo surgiu na insistência, após uma primeira jogada em que o guardião bracarense Matheus repeliu um cabeceamento perigoso de Aboubakar. A bola sobrou para o flanco esquerdo portista, onde Brahimi solicitou um cruzamento de Alex Telles que encontraria a cabeça de Sérgio Oliveira, que estava livre de marcação na zona fatal. Concretizava-se aí uma primeira ameaça de Marega (5'), cuja finalização saiu pouco ao lado. Embora pouco expansivo, o Braga nem por isso esteve por baixo do jogo durante a primeira metade, conseguindo também lances prometedores, como aconteceu ao minuto 24 através de um cabeceamento de Paulinho, que ficou pertíssimo do golo. Os guerreiros facturariam em nova bola parada, no caso um canto de Jefferson que o central Raúl Silva desviou no centro da área, com a parte de fora do pé, depois de fugir à marcação de Reyes (31'). Tornava-se claro que ia haver jogo, mas o FC Porto não estava interessado em passar uma noite de sofrimento e respondeu da mesma forma sete minutos mais tarde; Alex Telles bateu um canto e Reyes fez o 2-1 com uma bela cabeçada, mais alto que todos. Matheus bem se esticou, mas em vão.
O jogo esteve longe de ser frenético, mas foi suficientemente movimentado para justificar mais golos de parte a parte. O bom colectivo do Braga não permitia que o FC Porto adormecesse. Ora pela capacidade de furar de Brahimi, ora pela alta rotação de Ricardo, ora pela intensidade de Marega, os azuis-e-brancos iam colocando à prova o último reduto minhoto com regularidade, chegando ao terceiro tento perto do quarto de hora final (73'). Na esquerda, Brahimi segurou a bola no limite junto à linha lateral, trabalha sobre um adversário e mais uma vez entrega a Alex Telles, que entretanto chegara no apoio; o lateral voltou a tirar um bom cruzamento e Aboubakar completou o hat-trick de cabeceamentos do FC Porto esta noite. Só aí o Braga esqueceu a táctica e carregou mais vincadamente sobre a defesa dos dragões. José Sá, que já antes (61') tinha feito uma majestosa defesa à queima-roupa a remate de Paulinho, voltou a brilhar e manteve como final o resultado vigente.
O FC Porto empurrou o empate com o Moreirense não com a barriga, mas com a cabeça. Ao mesmo tempo, marcou o triplo dos golos que obtivera nos três encontros anteriores. Numa altura em que o equilíbrio é grande no topo da classificação, é importante não ceder terreno em jogos consecutivos. Muito mais quando ainda falta reverter a derrota ao intervalo com o Estoril.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.