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CORTE LIMPO

Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário



Sábado, 17.03.18

Liga NOS, 27.ª jornada - FC Porto 2-0 Boavista FC - Isto, só vídeo

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Em cada temporada, o raciocínio do vosso humilde escriba acerca dos jogos entre dragões e panteras começa da seguinte forma: é dérbi. E um dérbi nunca pode ser encarado de ânimo leve, nem mesmo quando a história diz que é raro o FC Porto sentir problemas quando recebe o seu rival da zona oeste da cidade. O encontro deste ano mais uma vez seguiu a tendência histórica, muito por culpa do madrugador golo de Felipe (2'), que cabeceou junto à pequena área a cruzamento de Sérgio Oliveira, numa segunda vaga portista de ataque após canto aliviado pela defesa contrária. Terá sido esse golo que permitiu ao FC Porto conviver bem com um jogo mexido, frente a um adversário que não quis de maneira nenhuma ficar remetido à sua própria zona defensiva. No fundo, esta linha de pensamento é como que uma pescadinha de rabo na boca, pois encontrando-se a perder, não atacar era o pior que o Boavista poderia fazer. E lá está: era um dérbi. Ainda assim, nem por isso os axadrezados criaram perigo, de resto tal como o FC Porto, que se deparava ele próprio com dificuldades em colocar a baliza do Boavista em risco. Nesse particular, a responsabilidade era da acção do central Raphael Rossi, que teve muitas palavras a dizer, limpando lance atrás de lance aos dragões. O jogo decorria sem grandes sobressaltos até ao minuto 41, quando uma entrada mais viril de Vítor Bruno sobre Sérgio Oliveira foi punida com cartão vermelho directo. Manuel Oliveira foi peremptório na decisão, mas mudou de ideias depois de ir à linha lateral rever o lance. As imagens não deixavam dúvidas; o lance não justificava mais que um cartão amarelo. Um alívio para Vítor Bruno, que tinha entrado para colmatar a lesão de David Simão havia escassos oito minutos.
O jogo estava então a ser disputado a bom ritmo, mas sem grandes motivos de interesse. A segunda parte trouxe um ligeiro acréscimo de intensidade, mas o resultado prático era nulo. O Boavista teve a sua melhor oportunidade aos 56 minutos, através de um remate cruzado de Mateus que Casillas defendeu para canto com uma boa estirada. Acabaria por ser o próprio Boavista a virtualmente resolver o jogo (62'), quando o guarda-redes Vágner cobrou um pontapé de baliza com um passe em frente para Idris mas apanhou Herrera no caminho. O mexicano só precisou de se aproximar da baliza e colocar a bola. O vídeo-árbitro voltou a desempenhar um papel importante mais à frente (73'). A jogada até já tinha seguido durante alguns segundos quando o árbitro assinalou grande penalidade a favor do FC Porto; tinha havido um derrube de Sparagna a Maxi Pereira no momento em que o uruguaio meteu a bola para o centro da área. Sérgio Oliveira avançou para uma conversão com sucesso, mas os axadrezados imediatamente rodearam Manuel Oliveira alegando que o médio portista deu dois toques na bola. Vendo o lance corrido, foi perceptível que Sérgio Oliveira escorregou. E mais uma vez as imagens foram esclarecedoras: ao escorregar, o pé de apoio tocou na bola ao mesmo tempo do pé que rematou. Golo invalidado, de nada valendo os efusivos festejos.
Foi o último momento de destaque do encontro. No cômputo geral, foi um dérbi que não deixa grandes saudades. Para o FC Porto, valeu por um triunfo que coloca atrás das costas em definitivo o deslize da pretérita ronda, e por uma utilização do vídeo-árbitro que não merece comentários negativos; o que na verdade vale para as duas equipas. O Boavista, mesmo derrotado, justificou bem o lugar tranquilo que ocupa na tabela.

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por Miran Pavlin às 23:40

Domingo, 11.03.18

Liga NOS, 26.ª jornada - FC Paços de Ferreira 1-0 FC Porto - Soma de factores

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O som das rolhas das garrafas de champanhe a saltar ouviu-se um pouco por toda a parte. Entre os não-portistas, claro. Pela primeira vez esta época a nível interno, o FC Porto foi derrotado, naquilo que pode ser visto como uma inevitabilidade. Nas 83 edições anteriores da I Liga, apenas por quatro vezes uma equipa terminou sem derrotas; e num dos casos, em 1977/78, esse registo não chegou para ser campeão. Daí que neste encontro um conjunto de factores se tenha alinhado para que os dragões não vencessem. Desde logo as lesões que afectam diversas unidades-chave do plantel azul-e-branco, nomeadamente nos sectores mais avançados. O onze titular não mudou sobremaneira em relação àquele que jogou em Liverpool. A envolvência do jogo sim; de um mero cumprimento de calendário, passou-se para uma partida em que os pontos faziam uma falta tremenda a ambas as equipas. Acrescentam-se ainda à equação o vento que tornava infrutíferos os passes em profundidade pelo ar, o relvado que impedia os dragões de ter fluidez nas transições ofensivas por estar empapado em certas zonas, e a chuva que fazia a bola ganhar velocidade a cada ressalto desses passes pelo ar. Obviamente que essas condições eram iguais para as duas equipas, mas o Paços de Ferreira ter-se-á adaptado melhor ao que o jogo exigia.
Tendo um dos motores do ataque indisponível e o outro, no mínimo, gripado - Marega e Aboubakar, respectivamente - e sem contar com Herrera por castigo, o FC Porto não soube - ou não conseguiu - impor-se no jogo. Um meio-campo a recuperar poucas bolas e um ataque com poucas ideias deixavam o FC Porto com uma cara semelhante à que mostrou na primeira parte do célebre jogo interrompido com o Estoril. Além disso, também não havia Alex Telles para que algum dos quinze cantos conquistados causasse perigo. O futebol pouco escorreito dos dragões permitia ao Paços jogar nos moldes que mais lhe convinham, destruindo sem grande dificuldade os ataques contrários e procurando o contacto fácil em cada bola dividida. Lances relevantes contam-se três: o golo dos castores (34'), num canto mal aliviado por Marcano, seguido de um ressalto no rosto de Waris que sobrou para Filipe Ferreira na esquerda, com o lateral a cruzar para a entrada triunfal de Miguel Vieira ao primeiro poste; a resposta do FC Porto (36'), em que Mário Felgueiras defendeu um desvio de Aboubakar à queima-roupa, a cruzamento de Diogo Dalot; e a grande penalidade desperdiçada por Brahimi (66'), que viu Felgueiras adivinhar o lado e voltar a ser decisivo.
Correndo o risco de ser acusado de ver o jogo com óculos azuis, o anti-jogo pacense é indissociável da história do desafio. Se antes do golo já se notava, assim que os castores passaram para a frente do marcador essa prática tornou-se no lema da equipa de cada vez que ganhava a posse da bola. Nestas situações é recorrente ouvir-se ou ler-se que cada um joga com as armas que tem. No entanto, neste caso o anti-jogo era revelador da posição classificativa ocupada pelo Paços de Ferreira à entrada para a jornada, mas também do desejo de capitalizar os deslizes prévios de todos os outros emblemas envolvidos na luta pela permanência. Esse futebol negativo do Paços não explica per se a derrota do FC Porto, mas foi um factor, ao contribuir para enervar os dragões. Tal como a arbitragem de Bruno Paixão. É certo que não houve lances difíceis com decisões controversas, mas Paixão colocou-se a jeito para ser acusado de caseirismo ao ajuizar a favor dos homens da Capital do Móvel praticamente todos os lances divididos. Também não justifica o desaire, mas foi igualmente um factor.
Somados todos os factores, o FC Porto regressa à Invicta de mãos a abanar, vendo encurtar-se a distância para os perseguidores. E porque no final é sempre fácil apontar erros, vistamos então o fato de treinador de bancada: mesmo não esquecendo que Conceição tinha pouco por onde escolher, não teria sido mais avisado alinhar de início com Gonçalo Paciência em vez de Aboubakar? O resultado até poderia ter sido o mesmo, mas enquanto Paciência precisa de minutos pelo FC Porto e trouxe ritmo da primeira volta em Setúbal, o camaronês veio há pouco de lesão e talvez pudesse ter sido mais efectivo sendo lançado mais tarde no jogo.

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por Miran Pavlin às 23:45

Terça-feira, 06.03.18

Liga dos Campeões, oitavos-de-final, 2.ª mão - Liverpool FC 0-0 FC Porto - Câmara lenta

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Quem olhasse para o onze que subiu ao relvado para este jogo tinha sérias razões para temer um suicídio azul-e-branco. Entre reforços de inverno, jovens promessas e nomes menos utilizados, Diogo Dalot foi o lateral esquerdo, o meio campo incluiu Andre André, Óliver Torres e Bruno Costa, e Waris ocupou uma das posições da frente. Mas este não era um jogo normal. Tendo o FC Porto sido assassinado pelo Liverpool na primeira mão, tornava-se necessário que os dragões fizessem algo que nunca aconteceu nos 62 anos anteriores de provas da UEFA: reverter cinco golos de diferença. Portanto, por mais voltas que os adeptos portistas dessem à cabeça, pouco mais havia a fazer senão procurar uma confirmação de que o resultado do jogo de ida não passou de um acidente. Daí as escolhas de Sérgio Conceição, que assim poupou figuras de proa que de outra forma estariam disponíveis. E se alguém ainda receava uma repetição da dose do Dragão, uns minutos bastaram para que esses medos se revelassem infundados.
Com efeito, o primeiro quarto de hora caracterizou-se por uma espécie de tiki taka em câmara lenta por parte do FC Porto. Face ao ritmo igualmente baixo do Liverpool, os dragões iam trocando a bola entre si com alguma beleza, mas pouca progressão. Os reds fizeram o mesmo nos momentos em que tiveram a bola, com a diferença de terem criado perigo. Mané falhou por pouco um desvio pouco ortodoxo a um cruzamento de Gomez (18'), encontrando o poste pouco depois (32'), no aproveitamento de uma má abordagem de Diogo Dalot, que permitiu ao senegalês ficar sozinho na cara do golo. No fundo, era como se se assistisse a xadrez em forma de futebol. As equipas movimentavam as peças pelo tabuleiro mas as situações de xeque escasseavam. O intervalo não trouxe grandes alterações. As substituições de André André por Sérgio Oliveira (67') e de Waris por Ricardo (68') tornaram o FC Porto mais perigoso, mas quem esteve primeiro à beira de marcar foi mesmo o Liverpool, na única atrapalhação da defensiva portista (59'). Felipe ainda foi a tempo de cortar no último momento o remate de Firmino. Os reds ficaram eles próprios com outra cara quando entrou Salah (74'), mas o FC Porto conseguiria um ou outro remate, antecedendo a sua grande oportunidade (84'), com Óliver, em queda, a rematar na pequena área na sequência de um livre lateral de Sérgio Oliveira. Por entre a confusão, o central estónio Klavan deu o corpo ao manifesto para o corte. A melhor oportunidade do jogo ocorreu já em cima do final (88'), e aí brilhou Casillas com uma defesa tão difícil quanto ágil a um cabeceamento colocado de Ings. O nulo era mesmo o destino da partida.
O vazio competitivo deste jogo acaba por remeter para segundo plano os dados positivos que o FC Porto leva para casa. Entre eles o próprio resultado. Apesar de ter sido apenas o terceiro empate em 18 visitas a Inglaterra - vitórias, nem uma -, foi a primeira vez que os dragões não sofreram golos na Velha Albion. Já para Bruno Costa não há segundo plano possível. Estrear-se pela equipa principal do FC Porto em Anfield Road, jogar os 90 minutos e contribuir para que a equipa não sofresse não é para todos.

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por Miran Pavlin às 23:40

Sexta-feira, 02.03.18

Liga NOS, 25.ª jornada - FC Porto 2-1 Sporting CP - Melhor dos quatro

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Os clássicos das segundas voltas de cada campeonato costumam ser apelidados de decisivos, mesmo quando não o são realmente. Este, para o Sporting, era mais que isso, já que uma derrota verde-e-branca, se não significasse um adeus ao título, ficaria lá perto. Face aos cinco pontos de vantagem na classificação, só uma derrota do FC Porto relançava verdadeiramente a discussão pelo título, tendo em conta que o outro habitual candidato também está na corrida. Era, portanto, sob pressão que o Sporting subia ao relvado do Dragão; além de não poder contar com o goleador Dost, lesionado, nem com Gelson, castigado. O próprio FC Porto também tinha baixas importantes, casos de Alex Telles, Danilo Pereira ou Soares. Pesando todas essas condicionantes, o Sporting tinha mesmo que arriscar, eventualmente beneficiando o FC Porto, que assim poderia encontrar os espaços que não teve nas partidas anteriores entre ambos esta época. Exemplo disso foi o lance de Marega (26'), que se isolou ainda longe da baliza, mas finalizou ao lado. Por essa altura, já o perigo tinha rondado as balizas, nomeadamente num outro lance de Marega (12'), que por entre a multidão cabeceou ao poste, antes de ver a sua própria recarga ser aliviada em cima da linha por Bryan Ruiz. Os leões responderam através de um avanço de Doumbia (21') e um remate cruzado de Bruno Fernandes (22'), em ambos os casos para defesas de Casillas.
O jogo estava dividido, embora até aí fosse o FC Porto a ter as oportunidades mais claras. Em cima da meia hora os dragões passaram a ter o golo também. Marcano cabeceou em frente à baliza após combinação na direita entre Maxi Pereira e Herrera; o cruzamento do médio mexicano foi tirado com régua e esquadro. Perto do intervalo Jorge Jesus era obrigado a mexer, por força da lesão de Doumbia, sozinho. Foi a melhor coisa que podia ter acontecido ao Sporting. Quer isto dizer que era a oportunidade de trocar um avançado que não está numa época feliz por outro com vontade de se afirmar. Lançado às feras, o jovem Rafael Leão só precisou tocar uma vez na bola para empatar o jogo (45'+1'), desmarcando-se no momento certo a passe de Bryan Ruiz. Furando por entre os centrais portistas, Leão colocou a bola por entre as pernas de Casillas. Se o golo leonino tinha surgido em boa altura, que dizer então do segundo tento do FC Porto? Logo ao minuto 49, Gonçalo Paciência trabalhou na direita sobre Mathieu e cruzou atrasado, rasteiro, para o segundo poste, onde Brahimi penteou de pé direito e rematou com o esquerdo para o 2-1. Momento de grande classe.
O Sporting voltava a estar encostado à parede, e por conseguinte o jogo não tinha por que não se manter vivo. Estava a ser mesmo o melhor dos quatro encontros entre as duas equipas esta temporada, e melhor ficou com a entrada de Rúben Ribeiro (67', saiu Ristovski). Os leões pressionavam muito um FC Porto que por esta altura procurava as transições rápidas em vez do futebol apoiado. Muito mais quando Marega cedeu o lugar a Reyes, também por lesão (82'); o maliano ficou a queixar-se da coxa depois de fazer um chapéu a Rui Patrício, que saíra das redes para tentar a mancha. Num momento inspirado no filme Matrix, Battaglia parou por um segundo à espera que a bola pinchasse antes de a cortar em cima da linha. Sentindo que os dragões iam recuar no terreno na defesa do resultado, Jesus projectou ainda mais a equipa para a frente trocando Fábio Coentrão por Montero (85'), e o colombiano não demorou a ter o golo nos pés, ao aparecer no segundo poste após livre lateral, mas Casillas opôs-se com uma intervenção no limite. O balde de água fria ainda se inclinou sobre o estádio ao minuto 89, altura em que um cruzamento de Rúben Ribeiro na esquerda encontrou Rafael Leão solto no segundo poste, com tudo para fazer o golo; esse balde não despejou, pois a finalização saiu por cima. É inacreditável não ter sido golo.
O FC Porto aguentou o resultado até final e ainda teve um contra-ataque em superioridade numérica no fim dos descontos, mas o cruzamento de Corona não passou pela defesa contrária. Olhando às estatísticas finais - o Sporting teve mais remates, mais cruzamentos, menos faltas cometidas - o empate seria o resultado mais adequado. Contudo, como disse Jorge Jesus na conferência de imprensa pós-jogo, "o futebol não tem lógica nenhuma". Como só contam as que entram, o FC Porto saboreia um triunfo que o mantém firme na liderança.

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por Miran Pavlin às 23:59



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