Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
O Tondela é um adversário tradicionalmente incómodo para o FC Porto. Nem é dos que mais vezes trazem o autocarro para dentro das quatro linhas, mas sabe como fazer para embaraçar a manobra dos dragões. E cedo se ficou a perceber como seria o jogo. O Tondela procurava o contra-ataque e aproveitava cada posse de bola que ganhava para fazer passar alguns segundos sem arriscar ver cartão amarelo; sem esquecer o jogador que ocasionalmente se prostrava queixoso no relvado. Isso deixava o FC Porto com a responsabilidade de comandar o jogo. Sem que o golo aparecesse, ia nascendo a incerteza sobre se os dragões iriam consegui-lo. O FC Porto nem por isso estava a fazer um mau jogo, mas faltava o essencial. Quando não era o desacerto dos avançados, como no lance em que Aboubakar só tinha que encostar mas fincou o pé na relva e caiu (43'), era o guardião Cláudio Ramos que resolvia o problema. O jogo estava vivo e assim continuou depois do descanso. O FC Porto pressionou mais, a bola andou muitas vezes perto da área tondelense, mas os beirões não cediam. Sérgio Conceição mexeu na equipa à passagem da hora de jogo para a inclinar ainda mais para a frente, através da troca de Sérgio Oliveira por Corona, mas o resultado foi praticamente nulo. Pouco depois (64') surgia o revés da noite, com Aboubakar a elevar-se para cabecear e a sair lesionado. Pelas imagens televisivas não foi perceptível exactamente como o camaronês se terá lesionado. Para o seu lugar entrou Soares, ele próprio de regresso após lesão, e seria precisamente o brasileiro o herói da noite, ao aproveitar a única mancha no trabalho de Cláudio Ramos para apontar o golo decisivo (85'). Brahimi disparou forte, Ramos não segurou e deixou a bola à disposição de Soares, que ainda assim teve que ser convicto na finalização, pois Ricardo Costa já se lançava no corte. O antigo central do FC Porto - formado no clube, de resto - foi dos que menos mereceram sair derrotados, tal como Ramos, Ícaro - o outro central -, Joãozinho e Xavier, este pelo inconformismo. No dia em que o FC Porto celebrava os seus 125 anos de história, foi por pouco que o Tondela não fez o bolo amargar. Um erro involuntário foi quanto bastou.
Tinham passado quatro dias, mas quem ligasse a televisão poderia pensar estar a assistir a uma reposição do encontro anterior e não à 5.ª jornada da Liga portuguesa. Com o futebol escorreito novamente de folga, para o FC Porto a diferença em relação a esse jogo com o Schalke foi ter ficado em vantagem pouco depois do quarto de hora, numa sobra aproveitada por Aboubakar após primeiro trabalho de Maxi Pereira na direita da área. Até porque durante toda a primeira parte os dragões se bateram com um Vitória bastante fechado. Numa das poucas saídas dos sadinos ao ataque (21') pediu-se falta e expulsão por derrube de Felipe a Berto quando este se isolava rumo à baliza. O lance deixou dúvidas; Manuel Oliveira nada assinalou. O Vitória surgiu mais desperto no segundo tempo, ao contrário do FC Porto, que parecia sentar-se junto à bananeira. Não tardou que Valdu Té fizesse os dragões se levantarem (50'), mas o lance não contaria. Depois de rever as imagens o árbitro considerou que o ponta-de-lanca ajeitara a bola com o braço antes de fazer golo. Ficava então tudo na mesma, mas o Vitória não virou a cara à luta, forçando o FC Porto a batalhar pelo resultado. Os lances flagrantes de golo foram tão escassos que só de bola parada a rede voltou a abanar. E de que maneira, à conta do livre batido rasteiro e com força por Sérgio Oliveira (78'). Era o célebre golo da tranquilidade, que acabaria por confirmar um triunfo portista que, qual sequela de Gelsenkirchen, voltou a ser melhor que a exibição.
A Liga dos Campeões, habitualmente um paraíso do bom futebol, por uma vez não o foi. Enquanto o FC Porto acabou por não se galvanizar por estar na casa onde em 2004 se sagrou campeão europeu, o Schalke não conseguiu dar um pontapé na série de derrotas que o acompanha desde o arranque da Bundesliga. O resultado foi uma partida disputada predominantemente a meio-campo, com poucas oportunidades de golo e pouco fio de jogo de parte a parte. Numa frase, mais luta que futebol. Poderia não ter sido assim, mas o FC Porto não aproveitou a melhor oportunidade que teve durante o primeiro tempo, no caso uma grande penalidade por mão de Naldo (12'); na cobrança Alex Telles até nem atirou mal, mas o guardião Fährmann adivinhou o lado e defendeu. Não abrindo aí o marcador, o próprio jogo também não abriu. O futebol escorreito, esse, terá aparecido apenas por uma vez, no lance do golo do Schalke (63'). Curiosamente, esse golo começa num canto a favor do FC Porto, o qual foi batido atrasado para Herrera. No enfiamento da área, o mexicano tentou fazer qualquer coisa que não se sabe bem o que era e daí nasceu um contra-ataque ao melhor estilo alemão. Ultrapassando as linhas do adversário como um TGV, os Königsblauen num ápice fizeram a bola chegar a Embolo, que finalizou a contar. Alex Telles e Corona estavam a fechar a baliza mas ficaram à espera que o outro tomasse a iniciativa de se lançar num corte de última instância. A bola entrou tão devagar que é impossível não achar que qualquer um deles tinha hipótese de salvar o lance. Essa hesitação talvez seja reflexo da menor intensidade com que se joga em Portugal, em comparação com as ligas de topo. Uma questão que fica para debater noutra oportunidade. Certo é que o FC Porto se via a perder num jogo em que não estava a mostrar a sua melhor cara. Pouco antes do golo Sérgio Conceição tinha feito uma substituição difícil de entender, ao tirar Aboubakar para meter Corona (60'). Só um problema físico poderia motivar a troca. De outra forma, era como uma mensagem para a equipa tentar segurar o nulo. O que poucas vezes resulta, muito menos na Liga dos Campeões. Até que o milagre - ou quase - aconteceu: uma nova grande penalidade bafejou os dragões (74'), esta mais discutível que a primeira. Há um toque no pé de Marega, mas é pouco crível que tenha sido suficiente para derrubar o maliano. Talvez um árbitro do norte da Europa tivesse deixado passar o lance, mas o espanhol Gil Manzano não deixou. Desta vez foi Otávio a bater e não falhou (75'), salvando assim um ponto justo, mas muito suado.
Um mês e três dias mais tarde o Chaves voltava ao local onde foi desmantelado na abertura da Liga. E se para os flavienses o disco virou e a música foi outra, para o FC Porto foi mesmo um caso de vira o disco e toca o mesmo. Trata-se da Taça da Liga, pois claro. Naturalmente que os jogos que aí vêm podem contrariar o seguinte considerando, mas por ora esta prova continua a não combinar com o FC Porto. O Chaves voltou apostado em deixar uma imagem diferente da que ficou do encontro para o campeonato, o que se traduziu num reforço das linhas defensivas e no aproveitamento dos contactos para forçar faltas. Não é nada de novo, mas pelos vistos é impossível quem está lá dentro não se enervar com essa postura. Mais ainda quando o adversário adiciona à equação uma ou outra perda de tempo. Só depois do intervalo o FC Porto se conseguiu libertar dessa teia de artimanhas dos transmontanos. Foi isso, possivelmente, que acabou por colocar Sérgio Conceição fora do banco pouco antes do descanso - pela televisão não foi possível perceber se o técnico fora efectivamente expulso ou se preferiu descer mais cedo ao balneário. No entanto, continuava a não se afigurar fácil chegar ao golo. Decerto não seria pelos nomes em campo, pois a rotatividade habitual na Taça da Liga estava reduzida ao mínimo. Além das presenças de Vaná na baliza e de Adrián López na cabeça do ataque, houve espaço apenas para o regresso de Diogo Leite ao eixo da defesa e para a estreia do brasileiro João Pedro na lateral direita. O FC Porto assumia o jogo mas as oportunidades foram poucas. Marega (22') e Perdigão (56') apareceram isolados em frente à baliza em lances de contra-ataque mas nenhum teve sucesso; o maliano viu António Filipe defender, enquanto o brasileiro ficou sem opções perante a pressão de Alex Telles e ao chegar à área tentou cavar uma grande penalidade. Face às dificuldades, Corona cedeu o lugar a Brahimi (60') e o argelino mexeu com o jogo. Os dragões marcariam numa insistência do também entrado Hernâni (74') e procuraram o segundo golo, mas o Chaves igualaria mesmo, numa das suas poucas incursões ofensivas (83'). Avto cruzou desde a esquerda, André Luís desviou no coração da área e Stephen Eustáquio encostou ao segundo poste. Óliver estava pronto a entrar e até já tinha recebido indicações, mas o golo mudou tudo e quem acabou por entrar foi Aboubakar (84'). O resultado não sofreria mais alterações, por muito que o FC Porto tenha terminado o jogo com a equipa concentrada nos últimos 25 metros de terreno e a expor-se a um contra-ataque de quatro para três que só Vaná resolveu com uma boa defesa para canto (90'+1') a remate de Jefferson. No final, ainda bem que o resultado não sofreu mais alterações, pois o Dragão chegou mesmo a explodir em festejos ao minuto 90'+5', quando Aboubakar desviou na pequena área um cruzamento de Hernâni. Não havendo vídeo-árbitro, e perante protestos aparentemente credíveis dos homens do Chaves, o juiz do encontro consultou o assistente antes de repor a verdade dos factos: o camaronês tinha marcado com o braço. E assim se cumpriu a tradição de os dragões ficarem com contas para fazer na Taça da Liga ao cabo dos primeiros 90 minutos na prova.
Ao quarto jogo do campeonato Diogo Leite e André Pereira desapareceram dos titulares, deixando o onze portista ainda mais igual ao da época anterior. Só não o foi na totalidade porque o lugar vago no centro da defesa foi ocupado por Éder Militão, reforço que assim se estreou de dragão ao peito. O FC Porto ia a jogo na incumbência de corrigir o desaire da pretérita jornada, mas também de terminar a partida sem sofrer golos, coisa que só por uma vez conseguiu nos quatro jogos oficiais até aqui. A primeira parte da tarefa começou a desenhar-se ao quarto de hora, na sequência de um canto cobrado por Alex Telles, com Militão a desviar de cabeça para o segundo poste, onde Herrera amorteceu a bola e colocou para o golo. Antes (9'), já as luzes do golo tinham ameaçado acender-se, quando foi assinalada grande penalidade a favor dos dragões. Só quando já estava tudo a postos para a cobrança é que o juiz teve ordens para ir ver as imagens e voltar atrás com a decisão. E bem, pois Loum tinha mesmo cortado a bola. Era mesmo necessária tanta demora? Ao minuto 28 Aboubakar fazia o segundo golo portista, após primeiro remate de Marega ao poste. O FC Porto via-se pela terceira vez consecutiva com dois golos à maior. Nas anteriores ocasiões a equipa relaxou. Desta vez... também. Ao ponto de a segunda parte ter sido intragável. O FC Porto só não sofreu porque o Moreirense não foi capaz de mais que um remate de Chiquinho para defesa apertada de Casillas, à passagem do minuto 67. A emoção maior ficou guardada para o regresso de Danilo Pereira (82'), que finalmente debelou a lesão que desde Janeiro o atormentava. O próprio terceiro golo, apontado por Marega (90'+4'), apareceu numa altura em que o jogo já estava morto e enterrado. Não foi bonito. Valeram os três pontos.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.