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CORTE LIMPO

Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário



Terça-feira, 28.05.19

VITÓRIA SC 2018/19

GUI - golo.jpg

Ao longo desta década o Vitória de Guimarães tem alternado épocas predominantemente boas com outras menos conseguidas. O padrão voltou a repetir-se em 2018/19. Embora os escassos quatro triunfos nos primeiros dez jogos não augurassem nada de bom, a verdade é que o Vitória estava numa série de nove encontros sem perder, que o colocou no quinto posto logo à jornada 11. Até final, os conquistadores não baixariam do sexto lugar.
A boa classificação final do Vitória alicerçou-se na carreira em casa, na qual somou dez triunfos e apenas três derrotas (Feirense, Benfica e Aves). Longe do D. Afonso Henriques as vitórias não passaram de cinco, mas uma delas, logo à 3.ª jornada, serviu para quebrar um borrego que crescia desde 1995/96; falamos das visitas a casa do FC Porto. Esta vitória (2-3), conseguida na última meia hora - e depois de estar a perder por 2-0 - teve o requinte de repetir o resultado desse encontro de há 23 anos. Na Taça de Portugal o Vitória chegou aos quartos-de-final, onde caiu perante o Benfica (0-1), enquanto na Taça da Liga sofreu um desaire ainda em Agosto, ao ser batido no Minho pelo Tondela (0-2), ficando de fora da fase de grupos. Tozé foi o melhor marcador da equipa no campeonato, com nove golos (cinco de grande penalidade), seguindo-se-lhe Davidson (oito golos), André André e Alexandre Guedes (seis cada).
Não haverá, contudo, tempo para grandes festejos pela qualificação europeia, pois nos dias seguintes à conclusão da temporada a direcção de Júlio Mendes demitiu-se em bloco. Prevê-se um verão agitado em Guimarães.

 

TREINADOR

GUI - Luís Castro.jpgPoucos homens sabem estar no futebol como Luís Castro. Sensato, cordial e, acima de tudo, conhecedor profundo do jogo, o técnico soube ainda lidar da melhor maneira com a pressão exercida pelo apaixonado público vitoriano. O que nunca é tarefa fácil.

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por Miran Pavlin às 12:30

Terça-feira, 28.05.19

SC BRAGA 2018/19

BRA - golo.jpg

Os guerreiros do Minho terminaram a Liga na quarta posição pela nona vez nos últimos quinze anos, que correspondem à era António Salvador. É fácil pensar-se que foi uma época de serviços mínimos, mas a verdade é que o Sporting de Braga não só se voltou a imiscuir na corrida pelo título, como também beneficiou, em certos momentos, de uma cobertura mediática mais próxima daquela que é conferida aos três crónicos candidatos. Os bracarenses foram a equipa que se manteve invicta mais tempo (só à 10.ª jornada perderam pela primeira vez), lideraram (jornadas 3 e 6) ou repartiram o comando, e só na 14.ª jornada deixaram de ter acesso directo para a liderança, ao ficar seis pontos abaixo por via de um adverso 6-2 na Luz. O resultado deu nas vistas e a reacção foi veemente, com 19 pontos conquistados em 21 possíveis - vitórias sobre Marítimo (2-0), Boavista (1-0), Nacional (0-3), Santa Clara (1-0), Aves (0-2) e Chaves (2-1) e um empate com o Portimonense (1-1 f). O Braga chegava assim à 21.ª jornada apenas dois pontos atrás do então líder FC Porto, mas não aguentou a pedalada, perdendo de imediato em Alvalade (3-0) e também com o Belenenses, este na Pedreira (0-2).
Falando em Pedreira, os azuis foram uma de apenas três equipas a sair do reduto arsenalista com os três pontos (FC Porto e Benfica foram as outras); e só o Rio Ave aí logrou empatar. Uma performance que não encontrou paralelo nos jogos fora. Terá estado aí a razão de o Braga se ter desvanecido mais cedo do que decerto gostaria. Três dias depois desse desaire em casa, o FC Porto colocou pé e meio no Jamor ao vencer a primeira mão da meia-final por 3-0; uma vez que a desvantagem não seria revertida no jogo de retorno, gorava-se o objectivo Taça, na mesma fase em que tinha ocorrido a saída da Taça da Liga. A própria presença do Braga nessas meias-finais apenas sublinhou a ideia de que o clube subiu um nível em relação aos demais ao fim de década e meia.
O Braga terminaria então com mais um quarto lugar seguro, mas mais longe do topo. E, consequentemente, mais perto de quem vem atrás. Apesar de um final pontuado por derrotas consecutivas com Benfica (1-4), Marítimo (1-0) e Boavista (4-2), dificilmente se poderia pedir mais a uma equipa que na temporada transacta tinha conseguido números ao nível dos ditos grandes. Números esses que seriam suficientes para vencer uma das edições com 18 clubes e três pontos por vitória; e igualar outro dos campeões.
A retrospectiva do 2018/19 bracarense termina como ele começou: com o Braga a despedir-se da Liga Europa logo à terceira pré-eliminatória, nos golos fora, frente aos ucranianos do Zorya Lugansk. A situação trouxe à memória a época 2009/10, na qual os guerreiros caíram na mesma fase, então com o Elfsborg, avançando depois até ao único segundo lugar da sua história. Não ter Europa para disputar é uma faca de dois gumes; há menos motivação, mas também menos desgaste. Desta vez o Braga não aproveitou como há nove anos. Tendo já feito melhor que este ano, mas nunca o suficiente, mantém-se a pergunta: haverá um dia Braga campeão?

 

TREINADOR

BRA - Abel Ferreira.jpgAbel Ferreira - Professor Abel Ferreira, perdão - realizou a sua segunda temporada completa consecutiva como treinador do Braga. Desde Domingos Paciência (2009/10 e 2010/11) que ninguém o conseguia.

 

FIGURA

BRA - Dyego Sousa.jpgDyego Sousa foi o melhor marcador da equipa no campeonato, com 15 golos. Tendo garantido a cidadania portuguesa, o avançado estreou-se mesmo na Selecção, durante as jornadas de Março de qualificação para o Euro 2020.

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por Miran Pavlin às 12:00

Segunda-feira, 27.05.19

SPORTING CP 2018/19

SCP - golo.jpg

O Sporting viveu em 2018/19 mais um ano zero. Quanto mais não seja porque depois dos terríveis acontecimentos do final de 2017/18 toda a nação leonina ficou sem saber bem o que esperar desta temporada. Durante o defeso Bruno de Carvalho foi deposto e posteriormente excluído de sócio, Sousa Cintra assumiu a presidência de forma interina e planificou a temporada, apresentando José Peseiro como novo treinador, diversos jogadores rescindiram contrato unilateralmente, e como se isso não bastasse, ainda houve campanha eleitoral. Só a 9 de Setembro, data da eleição de Frederico Varandas como novo presidente, o Sporting retomou alguma normalidade. Paradoxalmente, os problemas exclusivos da nova época começaram a partir daí. Os primeiros três jogos após a eleição trouxeram duas derrotas, em Braga (1-0) e Portimão (4-2), as quais deixaram os leões no quinto posto, já a quatro pontos da liderança; íamos na jornada 7. José Peseiro resistiu apenas mais dois jogos, saindo do comando técnico após uma derrota caseira com o Estoril (1-2), da II Liga, em jogo a contar para a Taça da Liga. Varandas ainda não completara dois meses como presidente e já tinha no currículo um treinador despedido.
A escolha do novo treinador foi ponderada, recaindo em Marcel Keizer, um nome desconhecido do futebol português. O holandês entrou em grande, conduzindo a equipa a vitórias sobre o Lusitano de Vildemoinhos (1-4, Taça de Portugal), Rio Ave (1-3), Aves (4-1), Nacional (5-2) e Rio Ave (5-2, Taça de Portugal); todas com muitos golos, tanto marcados como sofridos.
Como normalmente acontece nestas situações, é fácil esquecer os golos sofridos e pensar que os marcados vão continuar a aparecer. Assim seria. Dos sete encontros de campeonato entre as rondas 14 e 20 o Sporting venceria apenas dois, chegando a essa jornada, disputada em inícios de Fevereiro, a onze pontos do topo da classificação. Por essa altura, diga-se, já o Sporting tinha virado as suas atenções para as restantes provas.

SCP - Taça da Liga.jpgAliás, uma delas já tinha ido para o museu de Alvalade. Ao bater o FC Porto na final de Braga, o Sporting revalidou o título da Taça da Liga. Os contornos da vitória foram muito semelhantes aos da época passada, com os leões a resolverem os encontros da final-a-quatro só nas grandes penalidades. Na final, foi por um triz que o Sporting perdeu a taça para o FC Porto, mas uma grande penalidade em cima dos descontos levou tudo para o desempate. Aí, o nervosismo portista fez o resto; os homens do FC Porto falharam três grandes penalidades das quatro tentadas.

SCP - a erguer Taça de Portugal.jpg

Na Taça de Portugal o Sporting também teve o gostinho de eliminar um dos outros grandes, no caso o Benfica. Depois de perder por 2-1 na Luz, os verdes-e-brancos bateram as águias por 1-0 na segunda mão, carimbando assim o bilhete para o Jamor, onde o FC Porto os esperava para uma desforra. Desta vez foram os da Invicta a evitar a derrota antes do desempate, mas o desfecho seria o mesmo: o Sporting não vacilou nas grandes penalidades e conquistou também a prova rainha.

A época chegaria ao fim quando o Sporting parecia ter encontrado o seu ritmo. As nove vitórias consecutivas entre as jornadas 24 e 32 assim o atestam. Analisando do ponto de vista do copo meio vazio, esses triunfos surgiram numa altura em que a pressão já era pouca ou nenhuma. Não é a primeira vez que a percepção é esta quando o Sporting se aproxima do final da temporada.

 

TREINADORES

SCP - José Peseiro.jpgJosé Peseiro é frequentemente visto como pé-frio, mas diga-se em sua defesa que raramente apanha num bom momento os clubes que orienta. A sua segunda passagem pelo comando do Sporting durou até ao final de Outubro.

SCP - Tiago Fernandes.jpgTiago Fernandes conduziu a equipa como técnico interino nas jornadas 9 e 10 do campeonato.

SCP - Marcel Keizer.jpgMarcel Keizer chegou, viu, venceu o primeiro punhado de jogos e logo focou a equipa nas provas a eliminar.

 

FIGURA

SCP - Bruno Fernandes.jpgBruno Fernandes, por todos os motivos e mais um. Só no campeonato apontou 20 golos, a somar a muitas assistências. Numa frase, foi o motor da equipa do Sporting. Bruno Fernandes marcou ainda golos em todas as eliminatórias da Taça de Portugal excepto na final, aos quais se juntam mais três na Taça da Liga e outros tantos na Liga Europa. Nada mau para um médio.

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por Miran Pavlin às 13:00

Segunda-feira, 27.05.19

SL BENFICA 2018/19

SLB - em formação.jpg

Na apreciação feita pelo Corte Limpo ao Benfica de 2015/16, escrevemos que os encarnados "foram campeões quando tinham tudo para não o ser". Pois que dizer então deste Benfica de 2018/19? Morto e enterrado ao fim de 15 jornadas, o Benfica arrancou aí para uma segunda metade a todo o gás, desperdiçando apenas dois pontos, numa história feita de uma crença inabalável de que nada estava perdido, e com detalhes que há décadas não se viam. Senão vejamos: os 103 golos marcados no campeonato foram o melhor registo desde os 101 do Benfica de 1972/73; a vitória por 10-0 frente ao Nacional (21.ª jornada) foi a mais desnivelada desde o 10-0 no Benfica-Seixal de 1963/64, e a primeira vez que uma equipa atingiu pelo menos 10 golos num jogo de campeonato desde 1964/65 (11-3 noutro Benfica-Seixal). As últimas sete jornadas foram particularmente impressionantes, com o Benfica a somar 30 golos; em nenhum desses sete jogos marcou menos de três. São números de um final de época que veio dar razão a quem costuma dizer que não é como começa, é como acaba.

 

"Foi uma luz que me deu"

SLB - Rui Vitória.jpgÀ passagem dessa jornada 15 o Benfica era derrotado em Portimão (2-0) com auto-golos de Rúben Dias e de Jardel, caindo assim para o quarto lugar, a sete pontos do topo. O desaire surgiu imediatamente após uma goleada sobre o Braga (6-2), que parecia ter restaurado a posição de Rui Vitória como treinador de pleno direito, mas a verdade é que o técnico caminhava sobre brasas desde a derrota em Munique (5-1) para a Liga dos Campeões, a 27 de Novembro. O treinador esteve por um fio logo aí, mas Luís Filipe Vieira segurou-o, mesmo não tendo justificação melhor que aquela que serve de título a esta secção. O ambiente não era dos melhores no seio do plantel, até porque o Benfica já tinha empatado com Sporting (1-1 c) e Chaves (2-2 f), perdido com Belenenses (2-0) e Moreirense (1-3), e baixado à Liga Europa por via do terceiro lugar no grupo da Champions. As opções do treinador eram questionadas e o próprio Rui Vitória não demonstrava a mesma tranquilidade de espírito que em outras ocasiões.

SLB - Bruno Lage.jpgFoi aí que entrou, de forma interina, Bruno Lage, recrutado à equipa B encarnada. Independentemente disso, e da profusão de nomes que iam saltando para a comunicação social como possíveis próximos treinadores do Benfica, Lage olhou para o plantel com os seus próprios olhos, acrescentou-lhe os jovens em quem mais confiava e seguiu caminho, um jogo de cada vez. Gerindo a equipa da forma que melhor entendeu, o técnico não deixou dúvidas de que o campeonato continuava a ser a prioridade. Mesmo assim, ainda levou a equipa aos quartos-de-final da Liga Europa e às meias-finais das taças nacionais, onde perderia com FC Porto (1-3 na Taça da Liga) e Sporting (nos golos fora, na Taça de Portugal). Uma vez que esse novo treinador nunca chegou, Bruno Lage acabou por ser confirmado como treinador efectivo. Os seus números no campeonato falam por si: nos 19 jogos que orientou registou 18 triunfos e um empate.

SLB - a erguer Liga.jpgTamanho aproveitamento fez com que o Benfica fosse escalando posições na classificação, saltando para o comando à jornada 24, na qual venceu no Dragão (1-2). Ficando com dois pontos de avanço sobre o FC Porto e vantagem no confronto directo, o conforto era praticamente total para a abordagem às últimas jornadas. Com efeito, as águias não mais largariam o comando, mas foi necessário esperar até à última jornada para celebrar o título. O Benfica tornou-se assim no primeiro campeão desde o Sporting de 1999/00 a trocar de treinador a meio do caminho. Julgava-se que quando o chicote estalava num dos grandes nunca era bom sinal. Essa teoria terá agora que ser revista.

 

FIGURAS

SLB - Seferovic.jpgSeferovic foi o melhor marcador do campeonato, com 23 golos.

SLB - João Félix.jpgJoão Félix foi a revelação, terminando a época com meia Europa atrás da sua assinatura.

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por Miran Pavlin às 12:30

Segunda-feira, 27.05.19

FC PORTO 2018/19

FCP - em formação.jpg

Quem olhasse para o FC Porto por alturas da viragem do campeonato não poderia pensar que o final de época seria cinzento. A equipa parecia ter tudo para revalidar o título de campeão, ao mesmo tempo que progredia, com maior ou menor dificuldade, rumo às fases decisivas das restantes provas. No entanto, os sinais de que poderia haver complicações estavam lá para quem os quisesse ver. Desde logo o veto de Sérgio Conceição aos reforços que lhe foram apresentados. As interpretações podiam passar pela falta de qualidade desses jogadores, pela falta de sintonia entre treinador e direcção, ou pela falta de acuidade do departamento de prospecção - sem prejuízo de outras -, mas a realidade era só uma: o FC Porto ia atacar a nova temporada com o mesmo grupo que tinha terminado a anterior. Uma garantia de estabilidade, por um lado, mas por outro uma manutenção da exiguidade que obrigou Conceição a uma gestão extrema e criteriosa dos recursos. Assim, as saídas de vulto cingiram-se a Marcano e Ricardo, tendo entrado Éder Militão para o lugar do primeiro. Numa primeira fase, o principal perigo que o FC Porto eventualmente enfrentaria seria uma fome de vitórias mais reduzida, à conta do campeonato conquistado em 2017/18.

FCP - a erguer Supertaça.jpgO triunfo na Supertaça, frente ao surpreendente Aves (3-1), contrariou essa ideia, servindo também de base para um arranque de campeonato positivo, manchado apenas pela inesperada derrota caseira diante do Vitória de Guimarães (2-3), logo à 3.ª jornada. A equipa não sentiu esse toque, assim como não sentiu a perda de Aboubakar, que se lesionou em finais de Setembro e só voltaria à competição em Abril. A prová-lo está uma primeira volta em que o FC Porto só desperdiçou oito pontos, venceu nove jogos de enfiada (jornadas 8 a 16) e prolongou pela segunda volta a série sem perder (jornadas 8 a 23). Ao mesmo tempo, os dragões assinavam também uma notável presença europeia, na qual igualaram o seu melhor registo de sempre num grupo da Champions (cinco vitórias e um empate, como em 1996/97), que é simultaneamente o melhor registo de qualquer equipa portuguesa nessa fase.
Os indicadores eram, de facto, bons, mas persistia a sensação de que o plantel estava a ser esticado ao máximo - senão mesmo além - das suas capacidades e de que não seria preciso muito para que a equipa cedesse. O que veio efectivamente a acontecer. A queda do FC Porto sintetiza-se em três momentos: os empates consecutivos nas visitas a Moreirense e Vitória de Guimarães (1-1 e 0-0, jornadas 20 e 21), a derrota caseira frente ao Benfica (1-2, jornada 24) e a igualdade em Vila do Conde (2-2, jornada 31), esta depois de estar a vencer por 0-2. De líder com seis pontos de vantagem à jornada 16, o FC Porto desceu nessa jornada 24 ao segundo lugar, com dois pontos de atraso e dependendo de terceiros. O referido empate no Rio Ave foi como que uma confirmação tácita de que a revalidação do título de campeão era pouco mais que um sonho impossível.

FCP - Pepe.jpgTendo em conta que a quebra do FC Porto aconteceu depois de fechado o mercado de inverno, as críticas de boa parte dos adeptos portistas dirigiram-se a Pepe e ao efeito que a sua chegada teve nos equilíbrios defensivos da equipa. O problema não terá estado tanto no regresso de Pepe em si, mas sim na opção de Sérgio Conceição em desfazer a dupla de centrais para acomodar o internacional português. Nem Felipe rendeu o mesmo sem Militão a seu lado, nem o próprio Militão rendeu o mesmo jogando a lateral. Teria sido melhor promover uma utilização rotativa dos três centrais na posição? Não sabemos. Só saberíamos sentando aqui Sérgio Conceição e deixando-o escrever por nossa vez. E Conceição poderia sempre reiterar as decisões que tomou; era provável que o fizesse. Dos restantes reforços de Janeiro Fernando Andrade e Manafá acrescentaram pouco, enquanto Loum nem se viu. O que terá realmente faltado ao FC Porto 2018/19 foi uma clara referência atacante, principalmente durante a ausência de Aboubakar. A demonstrá-lo está o facto de nada menos que 20 jogadores (com mais dois auto-golos) terem marcado pelos dragões no campeonato.
O FC Porto terminaria o campeonato com apenas menos três pontos (85 contra 88) que na edição anterior, e essa foi a diferença entre o tudo e o nada. Tanto na Taça da Liga como na de Portugal os dragões chegaram à final, mas ficariam de mãos a abanar, reforçando assim a tradição de não serem felizes nos desempates por grandes penalidades. A carreira na Liga dos Campeões desta vez terminou nos quartos-de-final, novamente diante do Liverpool, que mais uma vez foi impiedoso. Antes, o FC Porto desenvencilhara-se da Roma, de forma dramática como qualquer adepto que se preze gosta; foi necessária uma reviravolta após prolongamento, na segunda mão no Dragão.

 

TREINADOR

FCP - Sérgio Conceição.jpgSérgio Conceição fez com que a equipa desta vez chegasse mais longe nas taças nacionais e na Liga dos Campeões, e venceu a Supertaça Cândido de Oliveira, mas no prato forte ficou aquém. Não ter conseguido bater quer Vitória de Guimarães, quer Benfica, foi determinante.

 

FIGURAS

FCP - Casillas.jpgCasillas realizou mais uma temporada de grande nível, mas terminou-a de forma tão assustadora quanto ingrata. Um enfarte sofrido em pleno treino, nos últimos dias de Abril, removeu o histórico guarda-redes da recta final do campeonato e, presume-se, dos relvados.

FCP - Soares.jpgSoares foi o melhor marcador da equipa no campeonato, com 15 golos.

FCP - Éder Militão.jpgÉder Militão assinou pelo Real Madrid no decorrer da época, num negócio na casa dos 50 milhões de euros.

FCP - Marega.jpgMarega marcou em seis dos dez jogos do FC Porto na Liga dos Campeões 2018/19.

FCP - Herrera.jpgHerrera, embora em fim de contrato, reforçou o seu estatuto de capitão de equipa.

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por Miran Pavlin às 12:00

Sábado, 25.05.19

Final da Taça de Portugal - Sporting CP 2-2 FC Porto (a.p., 5-4 g.p.) - Última impressão

SCPFCP.jpg

Muitos defendem que a primeira impressão é a que fica. Outros entendem que é a última. Talvez os segundos estejam mais correctos. Nesta final, no fundo, foi como se os dragões estivessem a lutar contra as impressões que foram transmitindo ao longo da temporada. Ou seja: o melhor FC Porto da primeira metade da campanha, contra a versão mais insegura da recta final. Com efeito, depois de começar por cima, estar em vantagem e ser a equipa mais agradável de observar durante o jogo, o FC Porto acabou por não dar a machadada final e segurar firme o resultado. A maior iniciativa dos azuis-e-brancos deu frutos já perto do intervalo (41'), quando Soares cabeceou para o primeiro golo do jogo. Ficaram dúvidas sobre se Herrera dominou a bola com o braço antes de cruzar para o ponta-de-lança, mas a jogada foi validada após revisão. Mesmo jogando mais compacto, o Sporting marcaria também antes do descanso (45'), num remate cruzado de Bruno Fernandes que Danilo Pereira desviou para a própria baliza. O internacional português, tendo Luiz Phellype nas costas, tocou na bola apenas ao de leve, mas acabou por encaminhá-la para o cantinho do poste, onde Vaná já não conseguiu chegar. Que galo. Luiz Phellype, caso tivesse tocado na bola, estaria em fora-de-jogo. Essa infelicidade - um tanto ou quanto involuntária - teve repercussões ao longo da segunda parte. Logo ao minuto 48 Soares escapou-se pela esquerda e rematou ao poste, já com pouco ângulo. Em cima do fim do tempo normal (90'+2'), nova bola ao poste, agora por Danilo Pereira, na sequência de um canto.
O Sporting, que tinha mostrado pouco, era ao mesmo tempo uma equipa difícil de vergar. Tem sido assim nos jogos de eliminação directa. Para o confirmar, é favor visitar o minuto 100. Em mais um lance como tantos outros, Felipe tentou cortar o cruzamento de Acuña mas fê-lo com o joelho; com isso, tirou a bola do caminho dos restantes defesas portistas e esta foi ter com Dost, ao segundo poste, para um certeiro remate cruzado. A partir daqui o FC Porto voltou a jogar só com o coração, mas ainda viveu uma redenção momentânea ao chegar ao empate quando a derrota parecia certa (120'+1'). Foi Felipe a compensar o erro e levar a decisão para o desempate.
E assim, mais uma vez, FC Porto e Sporting arrastaram a decisão de um título entre si até à última, na continuação de uma tendência de décadas. Olhando apenas aos tempos mais recentes, os leões confirmaram que são mesmo a némesis do FC Porto. Já os dragões confirmaram eles próprios que os desempates são uma barreira intransponível. O FC Porto até começou melhor, já que acertou as primeiras duas conversões, enquanto Dost acertou na trave. Nem assim. O Sporting não falhou nenhuma das restantes cinco penalidades que tentou, ao passo que Pepe (trave) e Fernando Andrade (defesa) desperdiçaram. A festa foi, portanto, pintada de verde. Já o FC Porto completa oito anos sem vencer a prova rainha.

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por Miran Pavlin às 23:55

Sábado, 18.05.19

Liga NOS, 34.ª jornada - FC Porto 2-1 Sporting CP - Espectros

FCPSCP.jpg

Desde que se mudou para o Dragão o FC Porto só em 2004/05 viveu uma derradeira jornada em casa como esta, jogando ainda a poder chegar ao topo, mas a depender de terceiros para o atingir. Ter que defrontar o Sporting não era, ainda, a melhor das proposições; além do desagradável espectro da derrota final que pairava sobre os dragões, estes tinham ainda que se debater com o espectro da iminente final da Taça frente a este mesmo adversário. A partida só não foi uma antevisão dessa final porque só o FC Porto ainda tinha alguma coisa em jogo. Ainda assim, a primeira parte foi pouco mais que o proverbial jogo de fim de época. O futebol morno de parte a parte fazia com que até desse para ouvir os ponteiros do relógio a contar os minutos até ao intervalo. A única agitação resultou da expulsão de Borja (20'), por impedir Corona quando este se isolava rumo à baliza. No reatamento o FC Porto pareceu entrar com outra iniciativa, mas foi sol de pouca dura. Esse aparente desinteresse portista foi punido com um golo do Sporting (61'), numa das poucas subidas dos leões. Lançado por Diaby, Acuña conduziu o contra-ataque e assistiu Luiz Phellype, que rematou cruzado à saída de Vaná.
O FC Porto jogava contra dez há cerca de 40 minutos, mas não conseguia estabelecer um domínio claro sobre o jogo. E como tantas vezes acontece, o golo do adversário tornou-se no melhor remédio para espicaçar quem o sofre. Com outra vontade, e também beneficiando de um retraimento ainda maior por parte do Sporting, os dragões tornaram-se mais ameaçadores. O empate surgiria ao minuto 78, por Danilo Pereira, que à boca da baliza empurrou de cabeça, após desvio de Soares a um canto de Corona. Ao minuto 85 o FC Porto esteve perto do golo em dose tripla, mas Renan Ribeiro, André Pinto e Mathieu estiveram em grande para negar Aboubakar, Herrera e Soares, respectivamente. Face ao resultado do outro jogo relevante para as contas do título, já era certo que o FC Porto nunca sairia do segundo posto, mas pairava agora sobre o Dragão o espectro de uma não-vitória tão desagradável quanto o título perdido. Herrera assim não quis, e tratou de apontar, com um remate acrobático, de ângulo apertado, o golo que consumou a reviravolta (87'). O mexicano festejou com vontade, mas esse golo significou apenas que o FC Porto fez a sua parte até ao fim. As restantes partes ficaram por fazer. O Sporting, que procurou pouco mais que não perder peças para a Taça, acabou por não aguentar até final.
Falando em perder peças, o jogo não terminaria sem que se gerasse um enorme sururu a propósito de um lançamento lateral (90'). Sem que houvesse grande justificação para que os jogadores do FC Porto se envolvessem nessa confusão, Corona abusou e foi expulso. E fará muito mais falta ao FC Porto do que Borja ao Sporting.

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por Miran Pavlin às 23:59

Domingo, 12.05.19

Liga NOS, 33.ª jornada - CD Nacional 0-4 FC Porto

NACFCP.jpg

Não assisti ao jogo.

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por Miran Pavlin às 21:25

Sábado, 04.05.19

Liga NOS, 32.ª jornada - FC Porto 4-0 CD Aves - Fé depositada

FCPAVE.jpgCom a nau portista a adornar, à conta da agitação da pretérita jornada, a recepção ao Aves podia facilmente tornar-se num presente envenenado. Ainda para mais quando a turma avense ainda não tem a manutenção garantida. As hipóteses de um resultado inesperado começaram a encolher à passagem do minuto 18, quando Corona desviou, na pequena área, um cruzamento de Alex Telles. Um toque subtil do mexicano, de cabeça. À meia hora os dragões elevavam, por Soares, na conversão de uma grande penalidade por mão na bola de Jorge Fellipe. Embora - na maioria dos casos - um jogo de futebol só esteja resolvido quando acaba, na prática esta partida ficava virtualmente resolvida com cerca de uma hora por jogar. Pouco mais se regista além do curto espaço de tempo (68' e 70') no qual o FC Porto transformou o resultado numa goleada. No terceiro golo Manafá estreou-se a marcar pelos azuis-e-brancos, com um remate cruzado, no aproveitamento de uma sobra de uma primeira investida de Marega. Já o último golo da noite foi também o melhor. Parecia mesmo vindo da PlayStation. Marega remata desde a direita, Beunardeau defende para a frente e deixa a bola em Corona, que falha o remate; esta vai ter com Brahimi, que entretanto entrava pela esquerda, e o argelino toca para trás, de calcalnhar, para Soares receber e rematar certeiro para o seu bis. Se já estava resolvido, o jogo ficava agora selado. O último destaque vai para Aboubakar, que voltou à competição pouco mais de sete meses depois da lesão sofrida na recepção ao Tondela, na 6.ª jornada da Liga. O camaronês jogou onze minutos, sem influência no jogo. Corrigindo, na medida do possível, o empate de há uma semana, o FC Porto continua a depositar toda a sua fé num resultado adverso do líder. E todas as esmolas podem não chegar.

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por Miran Pavlin às 23:00

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