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Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
Na antevisão ao jogo, quando questionado sobre se o Rio Ave-FC Porto da época passada ainda estava na memória, Sérgio Conceição atirou para canto dizendo que já nem se lembrava do que fez nas férias. No entanto, teria sido útil que Conceição se lembrasse quer desse jogo, quer da recente deslocação a Portimão; em ambos os casos o FC Porto desperdiçou vantagens de dois golos. Não havendo memória, a equipa tratou de oferecer um vislumbre dessa visita de Abril último aos Arcos. O FC Porto saltou para a liderança do marcador logo ao minuto 12, com Marega, ao primeiro poste, a cabecear certeiro após canto de Alex Telles, mas o que se seguiu não foi propriamente convincente. De forma gradual, principalmente no segundo tempo, os dragões baixaram o ritmo e a intensidade, permitindo com isso que o Rio Ave crescesse. À passagem do minuto 63 o FC Porto apanharia um valente susto. Lançado por Bruno Moreira, Taremi desfeiteou Marchesín, mas o festejo parou na bandeirola erguida do árbitro assistente. Após longa revisão na Cidade do Futebol, determinou-se que o iraniano estava em fora-de-jogo por 64 centímetros. Foi um sério aviso, que conheceu reacção apenas de bola parada, num livre de Alex Telles que embateu na barra (77'). Em suma, o FC Porto andou à chuva durante boa parte do encontro, mas acabou por não se molhar. Em Portimão a salvação apareceu no último suspiro. Aqui, os salvadores foram esses 64 centímetros. Estrelinha? Talvez, mas de uma luz muito tímida.
Três dias depois, FC Porto e Santa Clara retomaram os trabalhos, agora a contar para a Taça da Liga. Podia não ter mudado nada, mas mudou quase tudo. Ambas as equipas apresentaram onzes bastante diferentes em relação ao jogo anterior e até o Santa Clara envergou o seu equipamento tradicional, ao invés do que acontecera há três dias. A vitória portista é que se manteve, agora graças a um golo do central Diogo Leite (45'+2'), que deu o melhor seguimento, de cabeça, a um bom trabalho de Nakajima no flanco esquerdo. Face à constituição das equipas, tornava-se necessário esclarecer se uma eventual falta de entrosamento retiraria fluência ao jogo, ou se a vontade de os menos utilizados mostrarem serviço proporcionaria mais agitação que no último sábado. Seria a segunda hipótese a prevalecer, ainda que não tenha propriamente havido um festival de oportunidades de golo. Do lado do FC Porto, o aspecto mais notório foram os sete portugueses titulares - Diogo Costa, Manafá, Pepe, Diogo Leite, Bruno Costa, Romário Baró e Fábio Silva -, dos quais só dois não fizeram a formação na casa. A juventude também foi nota marcante, com Fábio Silva a tornar-se mesmo no titular mais jovem de sempre da história do clube. O jogo foi, então, mais dividido, e o Santa Clara teve uma ou outra oportunidade clara, nomeadamente ao minuto 11, altura em que Pineda fugiu à marcação e se isolou frente a Diogo Costa, mas a finalização saiu pouco ao lado. Entre uma ou outra iniciativa mais perigosa, a segunda parte deixou à vista alguma dureza excessiva por parte dos açorianos. Talvez ainda com o lance do jogo anterior na memória - ou a continuação do uso de uma touca não deixou esquecer -, Fábio Cardoso estava particularmente nervoso e acabou por cometer uma falta dura sobre Romário Baró (88'), que obrigou mesmo à substituição do jovem. No momento, o cartão amarelo pareceu adequado, mas Baró saiu em lágrimas, pelo que a falta talvez pedisse um castigo mais veemente. O apito final soaria pouco depois, confirmando a primeira entrada portista a ganhar na Taça da Liga desde 2014/15. Já é um começo...
A velha pescadinha-de-rabo-na-boca do campeonato português esteve mais uma vez em exposição neste jogo. De um lado, um dos emblemas principais tendo mais bola, mas com pouco interesse em fazer mais que o necessário; do outro, uma equipa que não tenciona abrir-se em demasia, arriscando-se com isso a sofrer uma derrota volumosa. Coube, portanto, ao FC Porto fazer com que o 0-0 não se prolongasse por tempo suficiente para o deixar exposto a eventuais veleidades do Santa Clara. E quinze minutos bastaram para que o marcador funcionasse, por intermédio de Zé Luís, que desviou de cabeça um cruzamento de Danilo Pereira. O segundo golo azul-e-branco apareceria perto do intervalo (41'), numa infelicidade de César, que desviou para a própria baliza um livre de Otávio. Durante o segundo tempo a partida teimou em não sair de uma modorra que a tornou enfadonha para quem assistia. Por volta do minuto 70 houve algum rebuliço, à conta de lances prometedores em ambas as áreas, mas não passou disso. Seria necessário um golo do Santa Clara para que o jogo ganhasse outra dimensão, mas face à sua pouca presença na área oposta dificilmente isso aconteceria de uma forma que não fortuita. O que não se viria a verificar, pois ao minuto 56 o juiz entendeu não sancionar um lance em que Uribe corta de cabeça, ao mesmo tempo que o seu braço aberto atinge Fábio Cardoso, que também se tinha elevado na disputa pela bola. O central dos açorianos ficou a sangrar, mas o árbitro Luís Godinho manteve a decisão após rever as imagens. Mantida a decisão, consequentemente manteve-se também o jogo no seu ritmo pachorrento, não trazendo até final outros momentos que valha a pena assinalar. É bem verdade o que diz o povo: a necessidade aguça o engenho. Não havendo necessidade para mais, o engenho ficou para outras luas.
Para o FC Porto, futebol europeu em Setembro costuma significar luzes da ribalta e aquele hino solene que todos conhecem. Desta vez, contudo, não. Talvez a estranheza de estar no palco secundário da UEFA tenha contribuído para a exibição pouco entusiasmante proporcionada pelos dragões. Entusiasmo - ou a falta dele - é, de resto, a palavra-chave deste encontro, e nem o facto de ter pela frente o bicampeão suíço em título levou a equipa a imprimir um empenho mais notório. Marcar cedo (8') deixou, também, o FC Porto mais próximo daquilo que amiúde faz na Liga NOS; ou seja, gerir calmamente uma vantagem mais ou menos magra, diante de um adversário pouco expansivo. Soares foi então o autor do primeiro golo, num lance em que recebeu com o peito um passe longo de Otávio, com essa recepção a tornar-se numa tabelinha com Luis Díaz antes da finalização do brasileiro. Pese embora o que se escreve acima, o FC Porto tentou resolver o jogo. Danilo Pereira, com um remate de longe, forçou o guarda-redes von Ballmoos a uma defesa apertada (12') e cabeceou ao poste na sequência de um canto de Corona (25'), mas por esta altura o jogo já estava empatado. Na primeira das duas oportunidades claras do Young Boys, Assale isolou-se e acabou derrubado por Marchesin, numa grande penalidade clara que Nsame converteu com mestria (13'). O segundo tento portista surgiria perto da meia hora, numa jogada envolvente pelo flanco direito, finalizada à boca da baliza pelo mesmo Soares. Daqui para a frente os lances relevantes não foram muitos. Soares tentou o hat-trick (69') mas o seu remate rasteiro saiu a rasar o poste, e García, do lado dos helvéticos, esteve perto do golo (71') mas Marchesin defendeu com o pé. Fábio Silva, entrado aos 81 minutos para o lugar de Soares, mexeu com o ataque e teve oportunidade de ensaiar dois remates, mas a sua verdura não lhe permitiu criar mais perigo. Manafá - como extremo - e Romário Baró também somaram alguns minutos, num jogo que, em última análise, vale mais pelos três pontos que por alguma mensagem que houvesse a passar. Essa, fica para a primeira saída nesta fase de grupos.
Não assisti ao jogo.
Não assisti ao jogo.
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