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Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
Em termos de calendário civil, este foi o primeiro jogo do FC Porto na década de 20 deste século, e é um bom exemplo do que tem sido a generalidade dos jogos caseiros dos dragões na I Liga. Nos anos mais recentes, claro. Ou seja, o FC Porto obtém um golo relativamente cedo, o adversário não está particularmente corajoso, o próprio FC Porto não se mostra expansivo ao ponto de chegar depressa a novo golo e o sortilégio do jogo também não faz com que esse golo venha ter com a equipa. A grande penalidade convertida por Sérgio Oliveira (22') mantinha-se solitariamente no marcador, num jogo em que os dragões tinham o grosso da iniciativa, mas poucas oportunidades claras de golo. O Moreirense teve duas (54' e 75'), mas em ambos os lances Walterson chegou atrasado a bolas que atravessaram a área portista, na sequência de contra-ataques. Na verdade, os dragões fizeram um segundo golo (77'), mas Toni Martínez estava em fora-de-jogo por três (3) centímetros. Decretados após longa revisão. Só aos 88 minutos o avançado espanhol pôde festejar a sério, num lance confuso. Evanilson, que tinha entrado pouco antes (89'), fixou o resultado final com um desvio a um cruzamento de Sérgio Oliveira (90'+1'). Esses golos surgidos tarde e a más horas engrossaram o resultado talvez em demasia, para aquilo que foi o jogo. No final, evidentemente, o que fica na classificação são os três pontos, e esses não chegaram a estar em questão.
Depois de alguns jogos em que a questão dos demasiados golos sofridos pelo FC Porto parecia estar silenciada, a visita a Guimarães reacendeu-a. E bastaram sete minutos para que o Vitória inaugurasse o marcador, através de um remate de Rochinha, que ainda sofreu um desvio em Diogo Leite. É certo que esse desvio traiu Marchesín, mas o lance nasceu de uma asneira de Uribe - parecia o célebre passe lateralizado de Secretário em Alvalade, em 2000. Além disso, o golo veio castigar a entrada morna dos dragões no jogo. Sem o mínimo de velocidade, era como se o FC Porto denunciasse um pouco de tudo o que ia fazendo. O Vitória não se fazia rogado e ia levando o jogo à cara do adversário, com isso justificando a vantagem no marcador. Com os minutos a passar sem que o FC Porto esboçasse reacção, tornava-se necessário fazer alguma coisa para alterar o rumo dos acontecimentos. Aí, foi o próprio jogo a dar a Sérgio Conceição uma oportunidade para mexer (30'). Já amarelado, Romário Baró travou Rochinha em falta quando este saía para o ataque. A falta ocorreu bem antes da linha de meio-campo, mas por ser deliberada justificava um segundo cartão amarelo. Baró não saiu do jogo dessa maneira, saiu de outra, com Conceição a substituí-lo por Luis Díaz. Pepe também saiu, com queixas físicas, entrando Sarr para o seu lugar. Se a troca defensiva não mudou grande coisa, a entrada de Díaz fez com que tivesse começado um novo jogo. De tal forma, que o FC Porto chegou ao empate ainda antes do intervalo (42'), por Taremi, assistido por Marega após centro largo de Sérgio Oliveira. O Vitória é que não desistiu, e chegaria a nova vantagem ao minuto 63, por Estupiñán, que desviou à boca da baliza, assistido por Quaresma. O jogo estava bom, e assim continuou porque o FC Porto respondeu prontamente (65'). Luis Díaz solicitou Taremi à entrada da área e o iraniano disparou forte e colocado para nova igualdade. Díaz veria coroada a sua revolução individual com o golo decisivo (80'), obtido através de um óptimo trabalho no coração da área, antes de um remate à meia-volta. E assim, o FC Porto contrariou o ditado popular e endireitou um jogo que começara torto. Mais uma vez, os dragões marcaram golos suficientes para anular os sofridos. Como será quando não for assim?
Não assisti ao jogo.
Sérgio Conceição já disse várias vezes que prefere ganhar por 1-0 do que por 4-3, mas hoje o futebol não lhe fez a vontade. Foi mesmo 4-3 o resultado final, num jogo que teve tudo para deixar Conceição sem dormir. Para os adeptos, especialmente para os neutros, foi um fartote ao nível da Premier League, com sete golos, duas reviravoltas e uma ponta final de nervos. O FC Porto entrou forte e abriu o activo logo ao minuto 4 por Zaidu, que, assistido por Otávio, só teve que encostar. A jogada seguinte por um triz não deu novo golo para os dragões, e a partir daí, lentamente, o Tondela foi-se libertando e começando a lançar contra-ataques bem pensados. Num deles (20'), Mario González isolou-se no momento certo e não teve dificuldades para bater Marchesín. Presume-se que González estava em jogo, mas por pouco. Logo depois (33'), o Tondela dava mesmo a volta ao marcador, por Rafael Barbosa, que na direita recebeu um cruzamento largo de Enzo Martínez e atirou a contar; Marchesín ainda ajudou a bola a entrar. Marega repôs a igualdade num ápice (36'), aproveitando uma bola mal aliviada pela defesa contrária. Os dragões completaram a reviravolta após o descanso, em novo golo de Marega (48'). De seguida, foi Taremi a marcar (56'), com uma boa finalização na zona fatal, a cruzamento de Uribe. O FC Porto não baixou o ritmo e construiu outras oportunidades, nomeadamente ao minuto 60, numa bela jogada de entendimento entre Taremi e Sérgio Oliveira. O médio foi Messi por um segundo, enquanto furou a defesa do Tondela, mas na hora de chutar desequilibrou-se e o tiro saiu muito ao lado. Teria sido o momento do jogo. Não o foi, mas o FC Porto estava tranquilo com os dois golos de vantagem. Mas estaria mesmo? O Tondela não estava propriamente fechado sobre si mesmo à espera do apito final, e seria premiado com mais um golo (74'), novamente por Mario González, agora num cabeceamento colocado após centro de Pedro Augusto na esquerda. Com o jogo suficientemente vivo para que tudo fosse possível, foi sofrer a bom sofrer até final. Já com Uribe expulso por acumulação (90'+3'), o último lance do encontro trouxe mais uma jogada bem construída pelo Tondela, que permitiu a Khacef aparecer sozinho pela esquerda... e rematar, com a bola a bater em cheio na trave. Marchesín não tinha hipóteses. Foi por pouco que os portistas não levaram com um jacto de água fria na cara. Ambas as equipas têm mérito nos golos que obtiveram, os quais premiaram a atitude positiva dos jogadores. Tanto, que até o juiz Tiago Martins teve uma prestação exemplar, apenas manchada pela enxurrada de cartões amarelos nos minutos finais. Não é todos os dias que o campeonato português nos presenteia com jogos tão ricos.
Não assisti ao jogo.
Talvez o equipamento amarelo envergado pelo Portimonense tenha feito o FC Porto pensar que ainda estava no encontro com o Paços de Ferreira na pretérita jornada. Só isso poderá explicar a má primeira parte realizada pelos dragões. De outra forma, só se for uma aversão patológica ao amarelo. Sem iniciativa e, aparentemente, com esforço mediano, o FC Porto viu mesmo o Portimonense adiantar-se (14'), por intermédio de Beto, que cabeceou certeiro após cruzamento de Moufi. Nem o golo fez com que o FC Porto se apressasse a ligar o motor. Teve que ser Sérgio Conceição a tentar espicaçar a equipa trocando Uribe por Taremi, logo ao minuto 31. O efeito mais notório só se veria após o intervalo, mas antes Mbemba ofereceria aos dragões um balão de oxigénio em forma de golo (45'+3'), num cabeceamento após canto de Sérgio Oliveira. Taremi marcaria logo no arranque da segunda metade (46'), também de cabeça, também assistido por Sérgio Oliveira. O FC Porto partiria aí para um resto de jogo mais conseguido, com algumas outras oportunidades, e um terceiro golo (88') que premiou Sérgio Oliveira. O médio bateu o guardião contrário com um remate rasteiro, a cruzamento de Corona. Foi, portanto, no meio do jogo que o FC Porto encontrou a virtude que o fez apagar o mau início. Foi mais do que a tempo.
Não é todos os dias que um jogo do FC Porto na liga portuguesa nos deixa a pensar por onde começar a revê-lo. Parecia a Premier League. E não é exagero. O menos provável bateu o pé à equipa mais forte, o jogo foi intenso de início a fim, houve incerteza no marcador para os minutos finais, e ainda houve polémica. Em dose generosa. A verdade do jogo encontra-se algures entre o demérito do FC Porto e o muito mérito do Paços, que realizou um jogo inexcedível. Não foi preciso muito tempo para que se percebesse que os pequenos-grandes detalhes do jogo estavam a cair mais para o lado pacense. Como no lance do primeiro golo (11'), que nasce de um corte apertado de Corona que inadvertidamente coloca a bola nos pés de Dor Jan. O avançado dos pacenses ficou com o golo à mercê, mas só marcou à segunda, após ressalto. A resposta do FC Porto, num livre directo de Sérgio Oliveira, esbarrou no poste (23'). A imagem do FC Porto pior ficava quando se constatava a facilidade com que os seus jogadores entregavam a bola ao adversário, ou a forma como o Paços antecipava o que os dragões iam fazer. Ao minuto 37, um golo do Paços não contou, por suposta falta de Dor Jan sobre Mbemba, ao assistir o colega. O juiz Nuno Almeida reviu o lance e anulou o golo, mas não parece ter havido qualquer infracção. Felizmente, os castores marcariam mesmo o segundo golo pouco depois (43'), num lance em tudo idêntico; bola metida para as costas da defesa, do seu lado esquerdo, cruzamento de Hélder Ferreira e desvio de Eustáquio no coração da área. Felizmente, porque esse golo veio compensar a aparente má decisão do árbitro, e assim reduzir a intensidade do fogo no debate futebolístico dos próxmos dias. Mas só por uns minutos, pois na compensação, o FC Porto beneficia ele próprio de uma grande penalidade - convertida por Sérgio Oliveira, após revisão das imagens (45'+7'). A falta nasce de um cruzamento rasteiro de Otávio, que prensa em Eustáquio; ao mesmo tempo, o homem do Paços desequilibra-se, apoia-se, e é nesse momento que o braço toca na bola. É involuntário, mas o jogador tira partido desse toque. Deverá ou não ser falta? Quem tiver a resposta, faça favor de dizer.
Certo é que o FC Porto estava por baixo e não mostrava futebol suficiente para se impor. Conforme Sérgio Conceição afirmou entre as primeiras palavras da conferência de imprensa pós-jogo, "o Paços foi melhor que nós". Não o diríamos melhor. Pouco de positivo se via na equipa do FC Porto, além das defesas de Marchesín, do trato de bola de Grujic, e da iniciativa de Nakajima, que o substituiu. Apesar de tudo, o FC Porto não estava apático; tentava, mas não conseguia superiorizar-se a tudo o que os castores iam fazendo bem. O terceiro golo surgiu também de grande penalidade (59'), esta indiscutível, por mão de Marega. Felizmente, Bruno Costa não desperdiçou, caso contrário, arriscava-se a ser acusado de o ter feito de propósito, dado o seu passado portista. O Paços teve oportunidades para mais. Eustáquio atirou à parte inferior da trave (63'), com a bola a ressaltar ainda sobre a linha de golo, enquanto Bruno Costa (66') e João Pedro (90') viram Marchesín defender bem as suas tentativas. O FC Porto reduziria num belo remate de Otávio (78'), de fora da área, naquele que seria o seu último momento de perigo, num jogo que teve um pouco de tudo. Até ambos os treinadores foram expulsos; Pepa por protestar o golo anulado, Sérgio Conceição por protestar depois do apito final. A justiça do resultado é que não tem contestação. São já oito os pontos desperdiçados pelo FC Porto em escassas seis jornadas.
Não assisti ao jogo.
Dez meses depois de ter vencido em Alvalade pela primeira vez em doze anos, o FC Porto volta a sair do reduto leonino sem os três pontos. Numa era em que se fala do novo normal, é caso para dizer que os dragões voltaram ao velho normal. Mas podia não ter sido assim. Bastaria que o FC Porto se tivesse mantido acordado até ao apito final. Motivos para isso não faltaram, quanto mais não fosse porque o jogo despertou bem cedo (9'), através do golo de Nuno Santos, num remate cruzado após mau alívio da defesa. Se o FC Porto já vinha necessitado de dar uma resposta ao desaire da jornada anterior, mais ficou. Valeu que a equipa reagiu bem a mais esta adversidade, igualando antes da meia hora (26'), por Uribe, que correspondeu da melhor maneira a um cruzamento de Zaidu. Perto do intervalo (45') Corona completou a reviravolta. O mexicano estava no lugar certo para dar seguimento a uma iniciativa de Luis Díaz, que de outra forma se teria perdido. Não foi a única vez no jogo em que Díaz pecou por excesso de individualismo. O descanso não chegaria sem uma pitada de polémica, à conta de uma grande penalidade contra o FC Porto, depois revertida em sede de vídeo-árbitro. Zaidu era expulso por acumulação de amarelos, mas já não foi, o Sporting teria uma oportunidade soberana, mas já não teve, e quem acabou expulso foi o treinador Rúben Amorim, por exagerar nos protestos. O lance só não marcaria o jogo se o Sporting acabasse por ganhá-lo. Resumindo a segunda parte numa frase, o FC Porto brincou demasiadas vezes com o fogo da vantagem mínima. Felipe Anderson e Marega foram a jogo por troca, respectivamente, com Luis Díaz e Marega (59'), mas não trouxeram ideias mais frescas, antes de outras duas substituições com cheirinho a gestão (75'), no caso as entradas de Romário Baró e do reforço Nanu, rendendo Otávio e Manafá. O problema é que nunca se deve gerir uma margem mínima, e o FC Porto pagaria por isso ao minuto 87. Ao sair para o ataque, Felipe Anderson perdeu a bola para Palhinha, que lançou Pedro Gonçalves pela direita, com este a cruzar para Sporar obrigar Marchesín a uma defesa incompleta, aparecendo Vietto para capitalizar. O argentino terá sido a substituição mais acertada deste jogo, não só pelo golo. O FC Porto ainda teria mais um lance perigoso (90'+2'), num remate de Taremi que falhou o alvo por pouco, mas já não ia a tempo de corrigir o que quer que fosse. E assim se deitam dois pontos borda fora. Ainda é cedo no campeonato, mas num ápice o FC Porto vê-se cinco pontos atrás da liderança. Atenção.
Perdoem-me os que acham que não há duas sem três, mas dizem que à terceira é de vez. E foi. O FC Porto desperdiça os primeiros pontos à jornada 3. Já no caso do Marítimo, à 41.ª é que foi de vez. Esta é a primeira vitória dos insulares em casa do FC Porto para o campeonato. Para o FC Porto, foi um daqueles ingratos jogos em que a equipa tenta de tudo, mas acaba vergada à culpa própria. A grande penalidade desperdiçada por Alex Telles (88'), com defesa de Amir, foi apenas o último sublinhado de um desfile de peripécias que correram sempre de feição ao Marítimo. Desde o lance em que a bola não entra por um triz na sua baliza (70'), até ao segundo golo dos verde-rubros (52'). Aí, foi um livre de Correa contra a barreira a gerar uma recarga de Getterson que bateu na trave e caiu certeira na cabeça de Rodrigo Pinho. E nem se pode dizer que não houve aviso, num golo de Correa que não valeu por fora-de-jogo (12'). Aos 24, contou mesmo, por Rodrigo Pinho, que trabalhou bem na área sobre Mbemba e colocou certeiro no poste mais distante. Diogo Costa ficou sem reacção, e talvez pudesse ter feito mais. O FC Porto ainda empataria, por Pepe (42'), que fugiu bem à marcação e desviou de cabeça um canto de Alex Telles, mas foi como se essa carambola do segundo golo maritimista tivesse derrubado também alguma coisa na psique do FC Porto, que não encontrou forma de transformar o seu pendor ofensivo em golos. Ao mesmo tempo, as vantagens no marcador acabavam por validar tudo o que o Marítimo ia fazendo de bom em campo, principalmente do ponto de vista defensivo. Numa semana em que os comandados de Lito Vidigal foram alvo de críticas por terem abusado do anti-jogo na partida anterior, houve dez minutos de descontos na segunda parte, mas até nem pareceu ter havido motivo para tanto. Foi nesse período, já com o FC Porto inteiramente inclinado sobre a área contrária, e já até com o proscrito Zé Luís em campo, que um contra-ataque finalizado por Nanu deu o terceiro golo do Marítimo (90'+4'). Otávio ainda reduziria (90'+9'), num remate que sofreu um desvio e traiu Amir, mas já era muito tarde. O FC Porto não foi bafejado pela sorte neste jogo. O Marítimo fez por merecê-la, por ter defendido tão bem e aproveitado da melhor forma as poucas saídas ao ataque. Fez lembrar 2018/19, ano em que o FC Porto também sofreu uma derrota caseira por 2-3 à 3.ª jornada, então com o Vitória de Guimarães. Na altura custou caro, nas contas finais.
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