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Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
Em abstracto, uma das piores coisas – senão mesmo a pior – que o futebol pode oferecer aos adeptos é um 0-0 ao fim de 120 minutos de jogo. São muito raras as ocasiões em que não são vistas como mal empregues as duas horas na bancada ou em frente à televisão com o tempero principal do jogo bem fechado no saleiro. Foi justamente isso que aconteceu nesta primeira visita do FC Porto a Chaves em nove anos. Intensa na primeira parte, equilibrada após o descanso, e de sentido único no prolongamento, a partida, qual peça de teatro, teve vários actos, mas a todos faltou o golo.
O Chaves foi o primeiro a causar perigo, num cabeceamento de William que não passou longe da baliza (10’); o FC Porto teve o primeiro remate ao quarto de hora, mas o jogo pouco mais teria que meias oportunidades, de parte a parte. Os flavienses tiveram mais um cabeceamento perigoso antes do intervalo, André André, já na segunda parte, desferiu um belo remate em arco, que só não foi belíssimo porque esbarrou na trave, e em cima do apito final Nélson Lenho vestir-se-ia de herói, ao cortar o remate de Diogo Jota com a cabeça, bem no centro da área. O tiro levava a palavra “golo” escrita a letras garrafais, mas não passou disso, confirmando-se o prolongamento como o capítulo seguinte. Os treinadores das duas equipas é que já o tinham percebido há muito, pois a primeira mexida aconteceu apenas ao minuto 77, com a troca de Otávio por Depoitre. Tantas vezes criticado por não lançar o belga, Nuno Espírito Santo desta vez fê-lo, mas o ponta-de-lança não conseguiu ser mais que desajeitado na hora de finalizar, tornando-se ele próprio em mais um óbice à finalização dos dragões, que novamente deixou a desejar.
No tempo extra o Chaves mudou então de estratégia, e procurou queimar algum tempo com assistências médicas, ao ponto de a primeira parte ter tido quatro minutos de compensação. A iniciativa que o Chaves entregava ao FC Porto era um presente envenenado, que trazia consigo a responsabilidade total de terem que ser os dragões a decidir o jogo a seu favor. A conclusão das jogadas, no entanto, continuou a ser a pecha. O mais perto que o FC Porto esteve do golo até final foi quando o flaviense Paulinho, ao tentar aliviar, fez uma rosca que por pouco não resultou num auto-golo (118’). As grandes penalidades eram mesmo o destino.
Vasculhando a memória, o vosso humilde escriba consegue lembrar-se de sete desempates, dos quais o FC Porto venceu apenas dois, ambos diante do Sporting nesta mesma competição. E mais uma vez o FC Porto sucumbiu. A primeira leva parecia encaminhar os azuis-e-brancos para o sucesso, com Evandro a marcar e Braga a permitir a defesa a José Sá, mas não é possível resistir quando Layún, Depoitre e André Silva falham as suas conversões; mérito a António Filipe, que parou cada uma dessas grandes penalidades. Felipe Lopes ainda desperdiçaria a sua tentativa – no total, falharam-se cinco das dez grandes penalidades tentadas –, antes de Leandro Freire assumir a cobrança decisiva, enviando o Chaves para próxima eliminatória.
Curiosamente, Freire era o mesmo homem que protagonizou um lance duvidoso, em que parece ter cortado a bola dentro da área com o braço, já no prolongamento. Talvez o árbitro não tivesse o melhor ângulo para avaliar o lance, e o jogo seguiu. Ficam os lamentos sobre o que poderia ter sido. Depois de duas épocas em que os desastres defensivos foram a ordem do dia, e tendo o FC Porto aparentemente corrigido esse problema, é agora a finalização que volta a tolher a equipa, depois dos encontros do campeonato com Setúbal e Benfica. Nuno reconheceu-o na entrevista rápida. Será mais um sinal dos tempos, ou a próxima etapa a cumprir para o renascimento do FC Porto?
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