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Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
O Vitória de Guimarães foi uma das poucas histórias de sucesso desta edição da Liga NOS. O quarto lugar final é a melhor classificação do clube desde o terceiro posto conseguido em 2007/08, e faltou apenas um triunfo mais para igualar o melhor registo do Vitória na I Liga (19 jogos, em 1995/96). 10.º classificado ao fim de cinco jornadas, o Guimarães venceria sete dos dez jogos seguintes, chegando a essa 15.ª jornada já no quinto posto, a apenas oito pontos do topo. Seguir-se-ia um período de maior instabilidade entre as jornadas 19 e 25 – apenas uma vitória nesses sete jogos –, antecedendo a sequência que viria a definir a temporada do Vitória no campeonato. Foram nada menos que sete triunfos consecutivos – Rio Ave (c), Nacional (f), Tondela (c), Chaves (f), Boavista (c), Setúbal (f) e Arouca (c) –, que guindaram os conquistadores até esse quarto lugar, numa numa saborosa troca de posições com o Braga. Foi ingrato para o Vitória ver a série terminar com uma goleada (5-0) que assinalou o título do Benfica, ainda para mais quando estava perante o adversário que encontraria na final do Jamor apenas duas semanas depois. Independentemente do desfecho desse jogo, uma coisa estava desde logo garantida: o quarto lugar deu acesso à fase de grupos da Liga Europa.
TAÇA DE PORTUGAL
A carreira vitoriana começou não muito longe de onde haveria de terminar alguns meses mais à frente. O 1-2 na visita ao Santa Iria, dos distritais da capital, foi apertado, mas os da casa só marcaram na compensação. A 4.ª eliminatória trouxe um osso bem mais duro, na forma de uma ida ao Bessa. Se já no campeonato este jogo é um clássico, na Taça muito mais, e o Guimarães só o resolveu (1-2) aos 118 minutos, por intermédio de Hurtado. O peruano voltou a ser decisivo ao apontar o único golo da vitória sobre o Vilafranquense nos oitavos-de-final. Na eliminatória seguinte, novo triunfo à tangente, agora diante do Covilhã – marcou Hernâni.
A meia-final entrou directamente para a galeria de clássicos da Taça, ao colocar os conquistadores frente a frente com um Chaves que trazia consigo os escalpes de FC Porto e Sporting. O Guimarães avançou para a segunda mão com dois golos à maior – bis de Hernâni –, que os flavienses logo trataram de obliterar, por Perdigão (1’), Renan Bressan (32’) e Nuno André Coelho (63’). Marega apontou o fatídico golo fora logo depois (66’), e Douglas foi herói ao defender uma grande penalidade de Braga já em tempo de descontos. Impróprio para cardíacos. Na final, o Vitória criou um punhado de boas oportunidades no primeiro tempo, mas não tendo capitalizado, sucumbiu a dois golos em oito minutos no arranque da segunda metade e viu o troféu fugir para as mãos do Benfica, com o golo de Zungu a servir de consolação.
PONTO ALTO
Na jornada 7 da Liga, a 1 de Outubro, o Vitória tornou-se na primeira equipa desde 2004/05 a recuperar de três golos de desvantagem, na recepção ao Sporting. A vinte minutos do tempo os leões venciam tranquilamente com golos de Marković, Coates e Elias, e pareciam encaminhados para uma vitória tranquila, mas o Guimarães tinha outras ideias. Em apenas dois minutos, entre os 74 e os 75, Marega relançou o jogo com um par de golos, cabendo a igualdade a Soares (89’), num lance que deixou dúvidas por alegada carga ao guarda-redes.
FIGURAS
Marega fez 13 golos no campeonato, reencontrando-se com as redes depois da passagem difícil pelo FC Porto em 2015/16. Hernâni, também emprestado pelos dragões, marcou oito, mais um que Soares, que saiu para o FC Porto no mercado de inverno. Hurtado, Texeira, Josué e Pedro Henrique foram outros dos nomes em foco.
TREINADOR
Pedro Martins deu continuidade à sua sólida trajectória, fundada no bom trabalho realizado quando orientou o Marítimo e o Rio Ave. Foi um dos cinco sobreviventes da autêntica roda viva de treinadores esta temporada.
CONTABILIDADE
Liga NOS: 4.º lugar, 18v-8e-8d, 50gm-39gs, 62 pontos; apurado para a fase de grupos da Liga Europa;
Taça de Portugal: finalista vencido;
Taça da Liga: isento da 2.ª eliminatória; eliminado no grupo D (4 pontos), atrás do Benfica e à frente de Paços de Ferreira e Vizela.
Não assisti ao jogo.
Não assisti ao jogo.
Santos da casa não fazem milagres. O ditado é antigo, e explica parte daquilo que foi a temporada do Vitória. Com o homem da casa Armando Evangelista ao leme, os dissabores sucederam-se, e bem cedo na época. O primeiro desaire apareceu logo no início de Agosto, quando o Guimarães saiu do comboio da Liga Europa frente ao modesto SCR Altach, que se estreava nas provas da UEFA. Se perder a primeira mão na Áustria por 2-1 não era suficiente para grandes sinais de alarme, o jogo de retorno clarificou sem margem para dúvidas que algo não estava bem. Por muito humilde que fosse, o Altach venceu no D. Afonso Henriques por 1-4, deixando o conjunto vimaranense a caminhar sobre brasas.
Começar o campeonato com uma visita ao FC Porto era ingrato, e os dragões venceriam sem grande dificuldade (3-0). Apesar da exigência de uma visita a casa de um grande, o arranque em falso foi mais um sinal de que o Vitória estava praticamente parado na casa de partida. Empates com Belenenses (1-1), União (0-0) e Setúbal (2-2), aliados a uma vitória (1-0) sobre o Tondela obtida com um auto-golo, não chegavam para mais que um 13.º lugar, e Armando Evangelista abandonou a equipa. Estava-se ainda nos idos de Setembro.
Sérgio Conceição tomou aí as rédeas da equipa, não sem antes passar por uma conferência de imprensa de apresentação presenciada por sócios do clube. O treinador, que orientou nada menos que o Braga na época anterior, logo tratou de frisar que estava de corpo e alma com o clube, e isso deu-lhe a tranquilidade necessária para trabalhar. Mas os resultados continuaram a não surgir. A estreia de Conceição, de resto, não podia ter corrido pior, sofrendo uma derrota caseira precisamente diante do Braga (0-1, golo de Rafa aos 74 minutos). A jornada 7 traria uma pesada derrota em Alvalade (5-1), seguida das eliminações da Taça da Liga, a 10 de Outubro, e da Taça de Portugal, a 18 do mesmo mês. O regresso do campeonato, a 24 de Outubro, trouxe um empate caseiro com a aflita Académica (1-1). E era justamente a Liga NOS tudo o que restava ao Guimarães até final da época.
A equipa aos poucos daria uma resposta. Primeiro em casa do Paços de Ferreira (0-1), à jornada 9, depois no Bessa (1-2), duas rondas mais tarde. Os conquistadores entrariam de seguida na sua melhor fase da época, um período de 13 jogos – jornadas 12 a 24 – dos quais perderam apenas dois. O Guimarães vergou Rio Ave (3-1), Estoril (0-1), Moreirense (3-4), FC Porto (1-0) e União (3-1), chegando à 20.ª jornada no sexto lugar.
O Vitória subiria a quinto classificado, nas rondas 21 e 22, mas à custa de empates com Tondela (1-1) e Setúbal (2-2). Essas igualdades foram os primeiros jogos de uma terrível sequência de doze sem vencer, que recolocou o Guimarães praticamente no mesmo ponto em que estava no início da temporada. Foi a segunda pior série sem triunfos da época, ex æquo com outras duas formações. O Vitória só ganharia mais um jogo, frente ao Moreirense (4-1) na 33.ª jornada, e terminou em plena série de dez jogos consecutivos a sofrer golos.
O décimo lugar final ficou então seguro pelos rendimentos dessa boa fase a meio da época. Por muito que a equipa estivesse bem entregue a Sérgio Conceição, ficou à vista que a saída de Rui Vitória foi um golpe de que o plantel não conseguiu recuperar. Nem com os golos de Henrique Dourado – nada menos que 12 –, um jogador que o Vitória decerto gostaria que não estivesse na casa por empréstimo, nem com a iniciativa de Otávio, outro homem cedido, que ainda apontou seis golos. Ricardo Valente fez cinco golos mas não esteve em tão boa forma como na época passada, enquanto Licá, ainda mexeu com o ataque, mas não foi além de outros cinco tentos. O jovem guarda-redes Miguel Silva – ou João Miguel, conforme as fontes – destacou-se num ou noutro jogo, na ausência de Douglas.
O Vitória até foi quinto classificado em 2014/15, mas têm sido tempos difíceis em Guimarães. A saúde financeira do clube não é das melhores, e disso se ressente a qualidade global do plantel. É preciso muito coração e alguma felicidade para corresponder em campo à pressão que a massa associativa vitoriana sempre exerce. A recta final de temporada não foi bonita, mas chegou para estar a salvo da insegurança dos últimos lugares. Um bom arranque na próxima época será de capital importância. Vencer apenas nove dos 38 jogos realizados na temporada é manifestamente pouco.
Contas finais
Campeonato: 10.º lugar, com 9v, 13e, 12d, 45gm, 53gs, 40pts
Taça de Portugal: afastado na 3.ª eliminatória
Taça da Liga: afastado na 2.ª eliminatória
Europa: afastado da Liga Europa na 3.ª pré-eliminatória
Para mais tarde recordar
28.11.2015, jornada 11 – ao vencer o Boavista por 1-2, o Vitória consegue o seu primeiro triunfo no Bessa desde 1997/98;
17.01.2016, jornada 18 – vence o FC Porto em casa (1-0) pela primeira vez desde 2001/02.
Para esquecer
06.08.2015, Liga Europa: eliminado logo na terceira pré-eliminatória;
10.10.2015, Taça da Liga – sai da Taça da Liga ao perder em Vila do Conde por 3-2;
18.10.2015, Taça de Portugal – eliminado da prova rainha logo à primeira tentativa, ao perder por 2-0 em casa do secundário Penafiel;
17.04.2016, jornada 30 – ao perder por 3-0, o Vitória sai derrotado de casa do Marítimo pela sexta época consecutiva.
A época do FC Porto está cada vez mais imprevisível. Líderes à 14.ª jornada, os dragões vêem-se agora em terceiro lugar, cinco pontos atrás do Sporting. Se nos jogos com o Boavista o FC Porto mostrou alguma atitude e união, e lidou bem com a agressividade imposta pelos axadrezados, em Guimarães não foi capaz de encontrar as melhores soluções para vir à tona num jogo que foi um poço de problemas.
O problema maior apareceu bem, bem cedo. Tinham passado apenas quatro minutos quando Casillas complicou ainda mais uma bola já de si traiçoeira, no caso um ressalto que subiu às alturas e caiu já muito chegado à baliza. Talvez o guarda-redes tenha pensado demais em não agarrar a bola molhada, que lhe poderia escorregar por entre as luvas, em vez de pensar unicamente em socar a bola, ou para longe, ou para o lado. O veredicto de Casillas foi dar um tapinha para a frente, onde aparecia Bouba Saré, que aproveitou da melhor maneira a hesitação do internacional espanhol.
Seria o único golo do jogo. Seguiram-se 86 minutos, mais descontos, de infrutífero esforço portista. Com o pássaro na mão, o Vitória fechou-se no seu castelo e o FC Porto estacionou à porta. Foi aí que os problemas se multiplicaram. Novamente mais vertical, mas com alguma lentidão, ainda que não tanta como com Lopetegui, os azuis-e-brancos procuraram todo e qualquer espaço por onde pudessem furar a muralha, mas sem sucesso.
Não que o Vitória não tenha mérito, porque o tem. Primeiro porque o jovem guardião Miguel Silva foi exemplar, e depois porque a equipa soube secar o FC Porto. Naturalmente que é mais fácil estando em vantagem, mas a verdade é que a pressão dos conquistadores foi bem aplicada, estorvando imenso a fluidez do jogo portista.
O FC Porto terminou com mais de 70% de posse de bola, mas o perigo criado foi pouco. Em parte pelo que se escreve no parágrafo anterior, e noutra parte porque é justo dizer que nada saía bem. As diversas jogadas ao primeiro toque que os dragões elaboraram foram sempre como um puzzle em que faltava uma peça, fosse ela um passe certeiro, um bom domínio de quem recebia a bola final, ou até mesmo os mais incontroláveis ressaltos, nos quais o FC Porto não teve sorte.
Ocasiões claras? Porventura apenas uma, segundos antes do golo. Foi mesmo como se tivesse havido dois jogos dentro do mesmo. Um frenético, em que o Guimarães esteve pertíssimo do golo logo aos 13 segundos, seguindo-se esse lance por parte dos visitantes, e culminando no golo; e outro em que a muralha vitoriana suportou firmemente a pressão exercida. O FC Porto ficou mesmo à porta do castelo.
Com o escoar dos minutos ficou claro que só um lance fortuito alteraria o rumo dos acontecimentos. A derrota acontece não tanto por falta de esforço – por enquanto esse problema parece estar adormecido – mas sim porque perante um adversário mais competente voltaram a notar-se as dúvidas que a equipa tem na construção ofensiva, que era sempre demasiado cautelosa na vigência do técnico anterior. É, de facto, emergente que se encerre o dossier treinador. Seja ele novo, ou não.
Nos últimos vinte anos o FC Porto tem sido exímio na reposição dos níveis da sua fonte de golos, principalmente quando alguns arriscam pensar em seca. Começando em Domingos e passando por Jardel, McCarthy, Lisandro López e Falcao até chegar a Jackson Martínez, todos partiram deixando sapatos mais ou menos pesados para o seguinte calçar.
A pré-época até levantou algumas questões no departamento ofensivo, mas quando a bola rolou a sério bastaram oito minutos para que não houvesse nem questões, nem lembranças. Ainda que com a ajuda de um ressalto em João Afonso, Vincent Aboubakar marcava aquele que talvez seja, até agora, o seu mais saboroso golo pelo FC Porto. Confirmando as indicações positivas que foi deixando ao longo da época passada, o camaronês calçou sem problemas os sapatos de Jackson. E não se ficou por aí, já que aos 61 minutos bisou mesmo, num forte remate na passada, de longe, semelhante àquele que lhe dera um golo frente ao Shakhtar em Dezembro de 2014.
Com a sucessão aparentemente em bons pés, ninguém teve tempo para se lembrar do passado, nem de que o FC Porto mudou grande parte da equipa titular de 2014/15. Com cinco caras novas em campo, os dragões foram assertivos, gerindo e pressionando conforme o jogo o proporcionava. É verdade que o Vitória está a começar a temporada de pé esquerdo e não colocou problemas de maior, mas nem por isso o FC Porto cedeu à tentação de cair num futebol pastoso e desinteressado.
Talvez seja a motivação do novo arranque. Todos quiseram mostrar alguma coisa. Varela trabalhou bem na direita para de ângulo apertado fazer o 3-0 (84’), Danilo Pereira e Imbula deram consistência ao meio-campo, Tello agarrou bem a oportunidade que lhe foi fugindo durante os jogos de preparação e Maxi Pereira participou em dois golos. A fava calhou a Herrera. O mexicano certamente não estava nos seus dias, e destoou do resto da equipa, perdendo mesmo uma ocasião clara já perto do intervalo, ao chegar uma fracção de segundo atrasado ao excelente passe de ruptura de Aboubakar.
Após o intervalo o Vitória apareceu mais espevitado, mas bastou um lance de perigo (53’) para que o FC Porto tomasse novamente conta das operações. O guarda-redes vitoriano Douglas não segurou um cruzamento de Varela, Tello estava no lugar certo e teve nos pés o golo, mas rematou com força quando seria mais avisado colocar. A bola bateu em cheio em João Afonso, sobrando para Imbula, que teve pontaria a mais e tirou tinta ao poste esquerdo.
Foi, acima de tudo, uma noite tranquila no Dragão, que esteve perto de encher. Não terá sido só por ser Agosto e estarem cá os emigrantes. Terá funcionado a crença de que esta equipa é uma laranja com bastante sumo. O primeiro gomo assim o indica. O próximo porá à prova outras crenças, tradições e agoiros. É a temida visita aos Barreiros, a primeira de três idas à pérola do Atlântico durante a primeira volta.
Numa situação financeira semelhante à da época anterior, Rui Vitória operou um novo milagre em Guimarães, este com contornos muito mais definidos que em 2013/14. O quinto lugar final foi obtido nos ombros de uma equipa jovem e aguerrida, com muitos portugueses, e leva os conquistadores até à Liga Europa. Será a 15.ª participação europeia na história do clube.
A temporada vimaranense teve, no entanto, duas caras. A uma primeira volta com dez vitórias e quatro empates, seguiu-se uma segunda metade em que o Vitória pareceu viver de rendimentos, já que apenas somou mais cinco triunfos, saindo derrotado em seis partidas. Ainda assim, e face a um certo relaxamento do Braga, o Vitória terminou a época com hipóteses de usurpar o quarto lugar aos seus arqui-rivais, naquilo que seria uma vingança da eliminação caseira sofrida na Taça de Portugal.
Tal não veio a acontecer, mas no cômputo geral o Vitória fez uma época de grande nível. O arranque de campeonato foi auspicioso, com nove golos marcados nas primeiras três jornadas. Na quarta ronda o FC Porto foi travado no Minho (1-1), e a primeira derrota dos vitorianos só apareceria à sexta jornada, quando foram goleados pelo Marítimo por 4-0. Os minhotos não perderam tempo a lamber feridas, arrancando aí para uma série de cinco triunfos consecutivos, que incluíram um 3-0 contra o Sporting. Nessa fase, uma vez que jogou quase sempre primeiro que os tradicionais candidatos ao título, o Vitória pôde desfrutar de alguns dias como líder provisório, dando outra emoção à prova. De resto, o Vitória nunca esteve abaixo do quinto posto.
Bernard Mensah, Hernâni e Tomané assumiram as despesas da equipa durante a primeira volta, mas foi André André quem mais se destacou, não só por ser o motor da equipa, mas também porque coneguiu aí os golos que lhe permitiram ser o artilheiro da equipa, com 11 – oito dos quais de grande penalidade, departamento onde André André se mostrou exímio.
Hernâni foi para o FC Porto em Janeiro, mas a sua saída foi rapidamente colmatada com Ricardo Valente, recrutado ao Leixões. Em estreia na divisão maior, Valente apontou oito golos, com um dos quais a ser suficiente para bater o Braga, à jornada 29.
Guimarães foi o único recinto onde nenhum dos três grandes conseguiu vencer em 2014/15; só Belenenses e Setúbal saíram do D. Afonso Henriques com os três pontos. Diz bem do quão combativo foi este Vitória.
Não ficará para a história como mais que um rodapé, mas foi preciso esperar 21 jornadas para que a I Liga tivesse um patrocinador, como vinha sendo hábito desde 2002. Já foi Superliga Galp Energia, Liga Betandwin.com, Liga Bwin, Liga Sagres, Liga Zon Sagres, agora é Liga NOS.
Era sexta-feira 13 mas não houve azares que pudessem pôr em causa o onze que na próxima semana subirá ao relvado em Basileia para a Liga dos Campeões, embora Casemiro bem tenha tentado, com uma entrada sobre Danilo – sim, sobre o próprio colega – logo nos primeiros minutos. Talvez fosse uma maneira de demonstrar que ninguém estava a pensar na ida à Suíça, conforme Lopetegui tinha pedido.
Só na segunda parte essa deslocação lentamente começou a invadir as mentes dos jogadores, o que talvez justifique a exibição menos conseguida do FC Porto. Baixar a intensidade poderia ter sido um risco, mas a verdade é que nem os dragões perderam o controlo das operações, nem o Guimarães conseguiu incomodar sobremaneira a baliza de Fabiano, pelo menos da mesma forma que os da casa fizeram antes do intervalo.
O FC Porto criou um punhado de ocasiões até Brahimi, de volta à titularidade, aproveitar um desequilíbrio no lado direito da defensiva minhota para marcar o único golo da noite (31’), o seu quinto no campeonato. Um regresso em cheio, na noite que marcou a estreia de Hernâni, contratado precisamente ao Guimarães no mercado de inverno. Apenas jogou uns minutos, suficientes para ainda ter um cabeceamento com perigo.
O triunfo portista obriga quer Benfica, quer Sporting a jogar em pressão. Que é coisa que não faltará no reino do Dragão nas próximas semanas. Este jogo foi o início de mais um ciclo forte da época, que envolve deslocações ao Bessa e a Braga, a visita do Sporting e uma eliminatória europeia.
De um lado estava a jovem equipa vimaranense, construída à base de portugueses e outros elementos recrutados à equipa B; do outro estava o novo FC Porto, com reforços de alguma nomeada, à mistura com sobras dos grandes de Espanha. Ambas as equipas vinham fazendo excelentes arranques de campeonato, mas tropeçaram uma na outra, e assim deitaram fora a oportunidade de assumir a liderança isolada da Liga.
No final, a opinião geral é a de que se assistiu a um bom jogo de futebol. Não creio, contudo, que tenha sido tanto assim. Houve muita entrega por parte dos jogadores, mas nenhum dos conjuntos conseguiu realmente desmontar a estratégia do adversário, nem estabelecer um controlo claro das operações.
Face ao que se escreve no primeiro parágrafo, teria mais obrigação disso o FC Porto, mas os azuis-e-brancos apresentaram-se mortiços e deixaram-se levar pelo rumo que o jogo foi tomando, em vez de o procurarem definir eles próprios.
Tendo em conta o equilíbrio que caracterizou o jogo, o marcador não teria sequer mexido se não fossem as duas grandes penalidades convertidas. Ambas foram muito duvidosas, deixando a sensação de que foi o jogador a cavar a falta, em vez de efectivamente a sofrer.
Não é só pelos castigos máximos que o jogo fica para a história como um poço de polémicas. Tanto o árbitro Paulo Baptista como os seus assistentes tiveram uma tarde para esquecer. O FC Porto queixa-se de um fora de jogo mal tirado a Brahimi, houve outros lances punidos como falta em que também não é claro se ela existiu ou se foi cavada, e por momentos ficou no ar a ideia de Baptista ter sido mais rigoroso com o FC Porto do que com o Vitória.
Desconhece-se se a actuação tão tremida da equipa de arbitragem foi resultado directo dos incidentes na bancada das claques vitorianas, que motivou uma vigorosa intervenção policial, com bastonadas e balas de borracha incluídas. Muitos adeptos fugiram mesmo da bancada para a zona atrás da baliza, provocando a interrupção do jogo. Desconhecendo o que realmente se terá passado, a reacção da autoridade pareceu desmesurada para aquilo que as escassas imagens mostraram.
Também é desconhecido o tipo de estudo que Julen Lopetegui terá feito sobre o que correu mal com o FC Porto da época transacta. A entrada do ponta-de-lança Aboubakar sobre a compensação fez lembrar a cartilha de Paulo Fonseca no tocante à utilização de Ghilas. Para já é apenas um empate num campo difícil contra um adversário num bom momento, mas se a entrada tardia do camaronês for sintoma de aversão ao risco, outros pontos perdidos podem vir a caminho.
O que o técnico terá estudado é a presença teatral de Jorge Jesus no banco de suplentes. Lopetegui salta, esbraceja, grita, esfrega as mãos na cabeça, e acaba o jogo rouco. Será mesmo preciso? Ou é a equipa que não está a fazer o que o treinador pede? Se assim for talvez ajude colocar os jogadores nas suas posições de raiz, porque há alternativas para todos os lugares.
Quiçá o onze que Lopetegui escalar para o encontro da Liga dos Campeões com o BATE Borisov permita outra apreciação às suas ideias.
SC BRAGA
A época do Braga, com as devidas distâncias em termos de expectativa classificativa e de impacto mediático, parece tirada a papel químico da do FC Porto.
Terminou muito longe – a 24 pontos – do ambicionado pódio, foi eliminado nas meias-finais das duas Taças domésticas perante o mesmo adversário, a presença europeia foi um desastre, e o chicote estalou à 20.ª jornada – no FC Porto aconteceu na 21.ª.
Jesualdo Ferreira foi o técnico escolhido, graças aos créditos dos dois quartos lugares obtidos há dez anos, mas o primeiro revés surgiu logo em Agosto, com a eliminação da Liga Europa às mãos do desconhecido Pandurii, depois de vencer a primeira mão na Roménia.
O arranque de campeonato com 12 pontos em 15 possíveis prometeu, mas cinco derrotas entre as rondas 6 e 10 colocaram tudo em causa. Correndo atrás do prejuízo, tudo se complicou no início da segunda volta, ao não conseguir bater os aflitos Paços de Ferreira (1-1 na Pedreira) e Belenenses (2-1 no Restelo), e seria um sofrido empate caseiro com o Arouca (2-2) a custar o lugar a Jesualdo.
O escolhido para terminar a temporada foi o desconhecido Jorge Paixão, que apesar da energia no banco, não conseguiu passá-la à equipa, que teve vários elementos abaixo do rendimento esperado – Alan, Rúben Micael, Éder – e Eduardo debaixo de fogo pela insegurança na baliza. Salvou-se o jovem Rafa, de 20 anos, que foi a revelação dos arsenalistas.
O grande carrasco do Braga 2013/14 foi o Rio Ave, que lhe roubou cinco pontos no campeonato e o afastou da Taça da Liga – com arbitragem polémica – e da Taça de Portugal.
O 9.º lugar final é a pior classificação do Braga desde o 14.º posto em 2002/03.
VITÓRIA SC
A temporada do Vitória minhoto foi muito semelhante à anterior. A braços com problemas financeiros, não houve hipótese de reforçar a equipa, pelo que a juventude e a gente da casa foram mais uma vez a aposta.
Faltou uma presença mais prolongada nas taças nacionais para contrabalançar a carreira modesta no campeonato. Em semanas consecutivas, FC Porto e Leixões empurraram os conquistadores para fora da Taça de Portugal e da Taça da Liga, respectivamente.
Ainda se estava em Novembro, e ao Vitória restava apenas concluir a passagem pela fase de grupos da Liga Europa, onde foi digno, batendo o Rijeka (4-0) e empatando em Lyon (1-1), mas não conseguiu seguir em frente.
Os golos de Tomané e Marco Matias deram cor ao futebol vitoriano, com Maazou, a espaços, a emprestar a sua velocidade, numa equipa que teve em Douglas um guarda-redes sólido, e onde Crivellaro também se fez notar. O defesa Paulo Oliveira deixa o clube a caminho do Sporting.
RIO AVE FC
Os vilacondenses foram a sensação da temporada… mas apenas nas duas taças, já que no campeonato pagaram bem caro a inépcia caseira.
O Rio Ave apenas registou dois triunfos nos Arcos, contra Setúbal (2-0) e Belenenses (1-0), a juntar a cinco empates. Ninguém, nem mesmo o lanterna vermelha Olhanense, fez sequer semelhante.
Faltou, assim, complemento às seis vitórias fora para algo melhor que o 11.º lugar final. Apenas Benfica, Sporting e Estoril venceram mais partidas a jogar fora que os homens de Vila do Conde.
O Rio Ave fez então das provas a eliminar a sua coutada. Na Taça de Portugal ultrapassou Esperança de Lagos, Sertanense, Setúbal, Académica e Braga; na Taça da Liga desenvencilhou-se de Paços de Ferreira, Setúbal e Covilhã na fase de grupos, e novamente do Braga na meia-final. Em ambos os jogos decisivos o Benfica revelou-se um obstáculo intransponível, impedindo o Rio Ave de coroar o seu trajecto com uma conquista inédita.
De qualquer forma, em Agosto o clube estreia-se na Supertaça Cândido de Oliveira, já depois de se ter estreado nas provas da UEFA, disputando as pré-eliminatórias da Liga Europa.
FC AROUCA
Em ano de estreia no convívio dos grandes, o Arouca celebrou a permanência, mas vê-se agora na encruzilhada do segundo ano.
Será a afirmação ou d queda? Só o futuro esclarecerá qual o exemplo que o clube vai seguir. Se o do Penafiel de 2004/05 e 2005/06, ou o da Naval, que debutou na divisão maior com uma série de seis temporadas.
A estreia dos arouquenses foi dura – derrota por 5-1 em Alvalade – mas a carreira na Liga não foi um pesadelo. Apesar de ter ocupado sempre a metade baixa da tabela, o Arouca bateu-se com galhardia, conseguindo a sua primeira vitória logo à terceira jornada, diante do Rio Ave.
Com nomes como David Simão, Bruno Amaro, Pintassilgo, Lassad Nouioui ou Roberto em destaque, o Arouca fez furor ao empatar na Luz, em Braga e no Estoril, e ao vencer em Guimarães na 28.ª jornada, ficando a um passo da manutenção, que conseguiria na semana seguinte.
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