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Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
Ainda falta cerca de um mês para a noite das bruxas, mas o jogo era mesmo de halloween, tantos eram os fantasmas com que o FC Porto se deparava. Desde logo o de nunca ter ganho em Inglaterra para as provas da UEFA. Embora a ideia de defrontar o Leicester City em vez de um dos tubarões da Premier League dificilmente pudesse ser vista como assustadora pelo FC Porto, a verdade é que o foi, na medida em que o jogo se decidiu com um golo de Slimani, que se torna assim no mais recente fantasma dos dragões. Tal como Lima no passado recente, também o argelino aparece de pontaria afinada sempre que defronta o FC Porto. O tento solitário apareceu aos 25 minutos. Antes o FC Porto tinha tido um par de lances de perigo, primeiro por Otávio, que se isolou mas perdeu algum ângulo, não acertando com o chapéu, depois num cruzamento delicioso de Layún, ao qual Adrián López chegou uma fracção de segundo atrasado. O Leicester colocou Casillas aos papéis na cobrança de um canto, mas não acertou com o alvo. Tal como o mesmo Laýun, cujo livre passou um tudo ou nada ao lado do poste.
Terminada a primeira parte, o FC Porto via-se numa encruzilhada. Em abstracto, estar a perder por 1-0 ao intervalo não é o fim do mundo, mas não parecia que a equipa eventualmente conseguisse marcar um golo. Tanto o futebol hesitante, como a insistência em bolas pelo ar, impediam essa percepção. Era óbvio que os homens do Leicester viriam bem despertos para o jogo, sabendo que escrevem história a casa passo, além de que o futebol aéreo é frequentemente o prato do dia no futebol inglês, pelo que estariam à vontade com isso. Era necessário algo mais sofisticado para crescer no jogo, mas o FC Porto demorou demasiado tempo a encontrar um pouco de inspiração. Seria já com Herrera, Diogo Jota e Corona em campo que o FC Porto reclamou a bola para si e se esforçou por justificar o golo que não haveria de acontecer, com Corona a encontrar mesmo o poste, numa sobra de um lance na área. Quinze minutos finais de alguma qualidade, no entanto, é pouco.
É como se o FC Porto fosse ele próprio um fantasma de si mesmo, capaz de fazer umas triangulações e um ocasional contra-ataque, mas que não sabe como o fazer mais vezes e durante mais tempo, o que se traduz na escassez de lances na grande área e num André Silva quase submerso pela equipa adversária. Este último aspecto faz parte da aprendizagem, mas por muito que Nuno Espírito Santo tenha conseguido verticalizar o futebol do FC Porto, a equipa ainda não vê uma ideia clara do que deve fazer em campo. Sem essa ideia, os azuis-e-brancos continuarão reféns dos deslizes na defesa. É quase inadmissível que Felipe se deixe apanhar por Slimani, tendo em conta que ainda há um mês o defrontou na 3.ª jornada do campeonato – não omitindo o mérito e sentido de oportunidade do argelino.
Terceiro classificado ao fim de duas jornadas, o FC Porto não tem margem de erro se quiser passar da fase de grupos. É muito conveniente que Leicester e Copenhaga – o duo da frente – se defronte nas jornadas seguintes, uma vez que um, ou ambos, perderão pontos que podem redefinir os contornos da classificação, mas o FC Porto não se pode dar ao luxo de desperdiçar nenhum nos seus jogos com o Club Brugge. Nem arriscar-se a que a tarefa de ultrapassar a fase de grupos da Liga dos Campeões se torne também ela num fantasma.
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