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Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
Quase todos os anos a história se repete. Independentemente do sucesso que obtenha, na I Liga a equipa do FC Porto é posta à prova nos jogos com os outros grandes e numa ou noutra deslocação. Salvo um fracasso europeu, o teste dos testes fica sempre reservado para o tubarão que inevitavelmente acaba por se cruzar com os azuis-e-brancos na Liga dos Campeões. Esta época o sorteio ditou uma rara visita da Juventus logo nos oitavos-de-final, num jogo que por si só deixaria expostos os limites desta versão do FC Porto. Por outro lado, o Dragão não deixa de ser um recinto que impõe respeito a todos os que o visitam, e isso ficou também à vista logo desde o apito inicial. Embora a Juventus tivesse mais posse de bola, ambos os conjuntos iam praticando um futebol cauteloso, à procura de transições ofensivas pela certa. O FC Porto ia também dando mais uma mostra de acerto defensivo, que ia gorando as trocas de bola mais fluidas dos italianos.
Até que a bomba explodiu. Numa questão de segundos Alex Telles acumulou cartões amarelos e se despediu do jogo e da eliminatória. Uma carga extemporânea a Cuadrado e uma entrada mais ríspida sobre Lichtsteiner foram a sua desdita, ficando aberto o espaço para as interpretações: cartões bem exibidos ou excesso de zelo do juiz alemão Felix Brych? Enquanto muitos decerto debatiam o tema, o FC Porto tinha nas mãos uma batata a escaldar, que obrigou Nuno Espírito Santo a esquecer o plano que trazia para o jogo. Saiu André Silva e entrou Layún para compor a defesa. Em inferioridade os dragões não sentiram quebra na segurança defensiva, mas Soares passou a ser uma ilha remota no meio-relvado da Juventus. As manobras do FC Porto tiveram também que começar mais atrás, e com ainda mais cautela, no sentido de dar à equipa o tempo necessário para ir subindo no terreno. Muitas vezes foi Brahimi que veio até à área de Casillas recuperar a bola e procurar arrancadas para o ataque, mas a velha senhora não encontrou problemas em fechar os acessos à sua zona recuada.
Por uma vez, as estatísticas finais reflectiram o que se passou em campo. Nem era preciso consultar os números da posse de bola, que roçaram o esmagador a favor dos campeões italianos. Bastava ver outros capítulos: apenas um canto para o FC Porto, já nos dez minutos finais, e apenas três remates, nenhum à baliza. O FC Porto ficou restringido a um livre de Brahimi, nos primeiros minutos, que passou um pouco por cima da baliza.
A Juventus ameaçou várias vezes. Dybala acertou em cheio no poste à saída para o intervalo, Higuaín esteve perto do golo durante a segunda parte e Khedira quase marcou num desvio cruzado, já depois dos golpes fatais dados pela Juve no espaço de minutos. Aos 72, em mais um lance de ataque apoiado, Layún não teve reflexos suficentes para dominar uma bola que passou à sua frente e acabou por entregá-la de bandeja ao suplente Pjaca, que rematou cruzado de primeira para o 0-1. Dois minutos depois, e aproveitando o abalo sentido pelo FC Porto, outro suplente utilizado, no caso Daniel Alves, apontou o 0-2 após cruzamento do outro lateral, o ex-portista Alex Sandro.
Mesmo tendo em conta a expulsão, a vitória da Juventus é justa, já que a atitude dos dragões não chegou para pelo menos incomodar Buffon. Curiosamente, o maior perigo foi causado pela própria Juventus, num atraso deficiente de Chiellini que obrigou o veterano guarda-redes a cortar de cabeça para lançamento. Em igualdade numérica não se sabe como seria. Da forma como aconteceu, a Juventus sai do Porto com pé e meio na fase seguinte, enquanto o FC Porto viu os seus limites expostos. Em parte, pelo menos. A tarefa para Turim é mais que hercúlea. É ciclópica.
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