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Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
O aviso da semana anterior não foi suficiente. De tal forma, que quando o FC Porto abriu os olhos a valer já era tarde demais. E os milagres não acontecem em todos os jogos. Por muito que no FC Porto nenhuma derrota possa ser desvalorizada, vendo-a pelo lado positivo é preferível que tenha acontecido agora do que numa fase mais adiantada da época, onde os pontos contam, eles próprios, a valer. Independentemente do gosto que tenha ficado na boca depois do apito final, todos têm que concordar que se tratou de um bom jogo. Os dragões entraram com posse de bola e inclinados para a frente, mas o Vitória não se deixava ficar. A cada investida dos azuis-e-brancos os conquistadores respondiam com tranquilidade, tanto na saída de bola como no uso que cada jogador fazia dela. Havia tempo e à-vontade para fazer uma pequena finta logo após recuperar a bola e espaço para procurar criar jogadas de corpo inteiro, o que porventura denota uma certa falta de intensidade do FC Porto. A verdade, contudo, é que os da casa controlavam as operações. O golo inaugural chegou ao minuto 37, por Brahimi, numa fotocópia do golo de Herrera na Luz na época passada. Aqui, o argelino fez a tabela vertical com André Pereira antes de rematar com fogo para o fundo da baliza. O segundo golo demorou seis minutos a aparecer, agora por André Pereira, que desviou, ao primeiro poste, um livre lateral de Alex Telles. O avançado portista estava inequivocamente em fora-de-jogo. Qual não foi o espanto quando o árbitro Fábio Veríssimo mandou seguir com pontapé de saída. Como podia o vídeo-árbitro não ter visto?! A justificação chegaria durante o intervalo: o VAR estava indisponível, por motivos técnicos, desde os quinze minutos de jogo. É possível que o árbitro assistente Valdemar Maia tenha preferido resguardar-se, deixando a responsabilidade para o VAR, mas o tiro saiu pela culatra, e acaba por ser o próprio assistente a ficar muito mal na fotografia. Até porque era um lance de bola parada.
O Vitória deixou um aviso ainda antes do intervalo, numa subida ao ataque que terminou num remate pouco ao lado de André André (45'+1'), mas seria na segunda parte que os vimaranenses mostrariam sem margem para dúvidas que ainda acreditavam que podiam retirar alguma coisa positiva deste jogo. O FC Porto baixou claramente de intensidade, permitindo aos visitantes ter ainda mais tempo e espaço para desenvolver jogadas. Ao minuto 63 Ola John aproveitou-se de um carrinho de Sérgio Oliveira para forçar uma grande penalidade que André André converteu. Os dragões, aparentemente, não levaram a sério o toque. Não só já tinham perdido Brahimi por lesão (51'), como trocaram Aboubakar por Marega imediatamente antes de o penálti ser batido, o que se traduzia num desinteresse pela parte ofensiva do jogo. E a margem mínima nunca - mas nunca - é um porto seguro. O FC Porto continuava, ainda assim, a chegar perto da área, mas o Vitória também; e com mais moral, pois tinha sido o último a marcar. Até que o golpe de teatro começou a materializar-se. Douglas pousou a bola nos pés de André André, o médio percorreu os muitos metros de espaço livre que tinha, ao passar a linha de meio campo lateralizou para Florent, que tinha também muito espaço para avançar, e o francês centrou para Tozé, sozinho, atirar cruzado para o empate (76'). Há mérito na forma como os homens do Guimarães construíram a jogada, mas talvez o FC Porto não tenha pressionado como devia. O pior, contudo, estava para vir. A três minutos da compensação os dragões limitaram-se a ver jogar e pagaram com o golo de uma reviravolta poucas vezes vista. Após um lançamento lateral para a pequena área, Welthon atrasou para Davidson, que pôde rematar em posição privilegiada e sem qualquer oposição.
Só aqui o FC Porto acordou, mas Douglas fez questão de silenciar dois golos cantados com defesas monumentais a Marega e a Óliver. Douglas não se ficou por aqui e defendeu mais um golo certo, agora para o poste, com a bola a sobrar para Maxi Pereira, que falhou inacreditavelmente. Herrera também já tinha atirado ao poste, pelo que se pode dizer que talvez estivesse mesmo escrito algures que o FC Porto não poderia brincar com o fogo pelo segundo jogo consecutivo e voltar a escapar incólume. E nem se pode falar em azar, pois esse restringiu-se ao capítulo físico, como prova a saída de Corona por lesão (73'), depois de ter rendido Brahimi. O mexicano durou 22 minutos em campo. As duas substituições forçadas terão deixado Sérgio Conceição sem soluções, mas as desculpas ficam por aqui.
Sobram as curiosidades históricas e o mérito do Vitória em quebrar um jejum de 22 anos sem vencer em casa do FC Porto. Tanto o treinador, como os jogadores, como o vosso humilde escriba não conseguem fazer outra coisa senão reconhecê-lo. Incluindo todas as provas, é preciso recuar ao célebre jogo com o Artmedia na Liga dos Campeões de 2005/06 para encontrar uma cambalhota igual.
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