Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
Calma, estimados leitores portistas, o título deste texto é apenas uma ironia. Porque cabeça foi coisa que o FC Porto não teve no derradeiro jogo de 2016/17. Por cabeça entenda-se motivação para defrontar um Moreirense que jogava toda a temporada nesta partida. Já no último parágrafo da crónica anterior o Corte Limpo deixou uma previsão daquilo que o FC Porto poderia encontrar na última jornada. Por muito que não fosse preciso lançar avisos, pois a história recente era esclarecedora: o FC Porto não vencera nas últimas duas deslocações a Moreira de Cónegos. E à terceira não foi de vez.
Se havia coisa que o Moreirense não podia ter era medo. Não só porque jogando com medo dificilmente conseguiria os seus objectivos, mas também porque nesta temporada já tinha batido FC Porto e Benfica, ainda que a contar para outra prova. Nesse jogo da Taça da Liga, em Janeiro, os cónegos encontraram um FC Porto numa fase mais instável, desta vez os dragões vinham já sem objectivos. E se não os havia, ao minuto 19 passou a existir um, mercê do golo de Emmanuel Boateng (16’), num golpe de cabeça em antecipação no coração da área. Já tínhamos visto o FC Porto sofrer este golo no Marítimo. A reacção portista fez-se principalmente de arrancadas individuais de Brahimi, que hoje primou pela inconsequência. Mas tal também era reflexo da falta de ideias e de entreajuda na equipa. É difícil encontrar uma explicação para isso, tendo em conta que a única rotação efectuada por Nuno Espírito Santo foi na baliza, onde José Sá se estreou nesta Liga NOS. Enquanto o FC Porto tentava perceber o que se estava a passar, o Moreirense aproveitou para dilatar a vantagem (37’), com Frédéric Maciel a finalizar um contra-ataque, via que os minhotos já tinham explorado antes.
Ao intervalo Nuno trocou Otávio por André Silva e Herrera por Corona, e o FC Porto esboçou uma reacção, ainda que com pouco ou nenhum critério. A bola circulava entre flancos mas não havia incursões à área. Mesmo assim, os azuis-e-brancos conseguiriam chegar ao golo (66’), e que golo! André André cruzou na direita e Maxi Pereira, de costas para a baliza, fez um chapéu a Makaridze com um magnífico gesto técnico. A corrida portista atrás do prejuízo não duraria muito mais tempo, porém, e o FC Porto voltou a reduzir-se à palidez do primeiro tempo. O Moreirense reagrupou-se, voltou ele próprio à estabilidade exibida na primeira parte, obrigou José Sá a uma óptima defesa num livre de Nildo (71’), e mataria o jogo já na recta final (83’), por intermédio de Alex, que frente a José Sá ameaçou rematar forte mas colocou em jeito, rasteiro, ao poste mais distante.
A derrota, que já era previsível há largos minutos, tornou-se então óbvia. Mais que isso: despedindo-se da época tendo feito parte da festa da permanência do Moreirense, o FC Porto permite ao mesmo tempo que o triunfo dos cónegos na Taça da Liga mantenha validade total. Sim, porque das equipas em campo neste jogo, aquela que termina a temporada com um título no bolso é mesmo o Moreirense. Diz bastante das profundezas a que o FC Porto chegou na hora de fazer o balanço de quatro anos aquém dos serviços mínimos.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.