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Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
Sérgio Conceição sucede a Paulo Fonseca. Vejam bem, portanto, há quanto tempo o FC Porto não ganhava o direito de discutir a Supertaça portuguesa. Enquanto os dragões retomavam o velho hábito de iniciar oficialmente uma nova época no jogo dos campeões, houve outro hábito que não se perdeu: o de o vento que entra pela janela de transferências mexer com a psique dos jogadores. No caso presente a vítima foi Marega, que não ficou satisfeito perante a recusa do FC Porto em considerar a proposta que o West Ham apresentou. O treinador foi firme na resposta. Não só não convocou o maliano, como nem sequer o levou para Aveiro. Em seu lugar alinhou André Pereira, resgatado durante o defeso do empréstimo ao Vitória de Setúbal. Novidades apenas mais uma: Diogo Leite fez dupla com Felipe no centro da defesa. Não havia, de resto, um único reforço nos 18 convocados para o encontro, o que pode ter duas leituras. Ou foi a confirmação de que Sérgio Conceição não ficou mesmo nada satisfeito com as movimentações do clube no mercado, ou continuam a faltar verbas para trazer um ou outro jogador mais sonante.
De uma forma ou de outra, certo é que neste arranque de época o FC Porto mantém o núcleo dos jogadores que três meses antes se sagraram campeões - só o fecho da janela confirmará se Ricardo e Marcano foram as únicas saídas de vulto. O que não quer dizer que o FC Porto tenha encontrado via aberta, pois o próprio Aves também segurou muitos dos nomes que o conduziram ao grande feito que lhe permitiu estar nesta partida. Aboubakar foi o autor do primeiro perigo oficial da temporada, com um remate rasteiro que Beaunardeau defendeu para canto (5'), mas o primeiro golo seria mesmo dos avenses, num remate igualmente bom de Cláudio Falcão (14'). O brasileiro atirou de primeira, na insistência, após ressalto no árbitro, nem mais. Casillas não terá visto a bola partir. A vantagem moralizou a formação do Aves. O equilíbrio mantinha-se, e nem o golo do empate (25') quebrou a crença da equipa de José Mota. Uma tabelinha entre Aboubakar e Brahimi deixou este último frente a frente com o golo, com o argelino, no último momento, a colocar sob o corpo do guardião avense. Seria a última acção relevante de Brahimi no jogo, pois uma lesão forçou à sua troca por Corona (39'). Era, também, reflexo da dureza com que se ia jogando. Particularmente do lado do Aves, que abusou das entradas de sola mas chegaria ao final do encontro empatado a dois em cartões amarelos. Ao intervalo talvez o Aves merecesse estar em vantagem, pelo trabalho que deu a Casillas, mas tinha que se contentar com a igualdade.
O reatamento não trouxe aberturas. O Aves não queria arriscar perder o que tinha alcançado e o FC Porto ia sentindo o peso da responsabilidade inerente à sua dimensão. Embora o marcador já assinalasse 1-1, o jogo tinha-se tornado num daqueles em que quem marcasse, ganhava. E seria o improvável Maxi Pereira a desempatar (68'), com um remate quase sem ângulo, pelo meio das pernas de Beaunardeau, após ter acompanhado um ataque rápido de Corona. A chamada dança das substituições começou nesse momento, sinal de que tanto um treinador como o outro não teriam a maior das certezas sobre aquilo que o jogo poderia dar. Por essa altura já Conceição via o jogo da bancada, por protestar um lance em que Herrera acabou a sangrar do sobrolho após acção de Jorge Felipe. Óliver foi então a jogo no lugar de André Pereira (71'), ao passo que no Aves entrava Michel Douglas para o posto de Braga (69').
O golo deu ao FC Porto o espírito de que precisava para assegurar a vitória, que ficou a um passo quando Corona rematou certeiro, de longe, aproveitando o espaço dado pela defensiva contrária (84'). José Mota jogou mais algumas fichas com as entradas de Fariña e Mama Baldé, mas já não foi a tempo de relançar a partida. Haveria ainda espaço para mais um amargo de boca com contornos físicos do lado do FC Porto. Entrado aos 75 minutos em substituição de Aboubakar, Soares durou pouco mais de dez minutos até uma lesão na virilha o deixar fora do jogo. As consequências para o jogo foram mínimas, mas o caso muda de figura quando se pensa que foi a segunda baixa em menos de 90 minutos e que a bola não vai parar de rolar tão cedo.
Independentemente dessas contrariedades, ninguém - afecto ao FC Porto, claro - deixou de festejar a conquista da 21.ª Supertaça do palmarés dos dragões. Tratando-se da quadragésima edição da prova, o FC Porto tem agora mais triunfos que todos os outros vencedores juntos.
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