Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
Na recepção à equipa menos capaz do grupo o FC Porto pareceu tolhido por um medo inexplicável de falhar, e com isso termina pela primeira vez uma fase de grupos da Champions sem qualquer vitória caseira, não conseguindo sequer aproveitar o brinde que lhe fora oferecido, na forma do empate do Zenit.
Entrando em campo já a saber que tinha o destino novamente nas suas mãos, não se compreende por que razão o FC Porto foi tão manso na abordagem aos minutos iniciais, ainda para mais perante o seu público. A equipa mostrou-se lenta, pouco apoiada, e bem cedo se viu a perder, após mais um erro defensivo.
Danilo estava sozinho com a bola no flanco direito da defesa. Não se percebeu se o brasileiro a queria colocar na frente sem qualquer definição, ou se a queria dar ao colega que estava uns quinze metros à sua frente. Certo é que a bola foi parar aos pés de Kienast, que a recebeu e avançou sem oposição até se enquadrar com a baliza e desferir um remate em câmara lenta, mas tão rente ao poste que Helton não lhe conseguiu chegar.
Reacção imediata do FC Porto? Não. Antes um deserto de ideias e de soluções para anular a desvantagem, apesar de um ou outro lance em que o guarda-redes austríaco teve de se aplicar com mais afinco.
O intervalo foi bom para a equipa refrescar as ideias. Os jogadores regressaram rapidamente ao relvado, sem Defour, com Varela, e com Josué a recuar para a sua posição de raiz. Que diferença fez! O FC Porto demorou dois minutos a empatar a contenda, e os primeiros quinze minutos do segundo tempo fizeram pensar que finalmente os dragões davam um pontapé no marasmo.
Pura ilusão. O gás voltou a acabar, e apesar de Lucho e Varela terem tido lances que ainda fizeram o público estremecer, a equipa voltou a parecer uma sombra de si mesma, incapaz de contrariar um Austria que com o passar dos minutos se foi conformando cada vez mais com o empate.
O apito final abriu caminhos aos primeiros lenços brancos, e ao “palhaços joguem à bola!”, um dos singles de maior sucesso em momentos como este. Sinal claro de que a paciência dos adeptos azuis-e-brancos se esgotou.
Resta ao FC Porto escalar, em pleno Vicente Calderón, uma montanha chamada Atlético Madrid, e esperar que o Zenit ofereça novo brinde. A descida à Liga Europa é desde já o mínimo garantido.
Viena. A Jerusalém do FC Porto. Mais uma visita e nova vitória, agora no arranque da sua 18.ª participação na Liga dos Campeões. O jogo era histórico, não só por ser o regresso do FC Porto a um estádio-chave do seu percurso europeu, mas também porque o Austria Viena se estreava na Liga dos Campeões – e ao mesmo tempo dava ao futebol austríaco a primeira presença na fase de grupos em oito anos.
No entanto, a carga emocional do jogo não se reflectiu num grande espectáculo de futebol. Nem o FC Porto conseguiu vincar a diferença de experiência e de valor entre as duas equipas com futebol jogado. A diferença ficou antes marcada pelo poste esquerdo da baliza de Helton, que impediu a resposta certeira do Austria, num cabeceamento de Stanković, dois minutos depois do golo de Lucho González.
O golo do argentino foi uma das poucas jogadas com pés e cabeça do FC Porto, que emperrou perante a raça com que os Veilchen jogaram, e que lhes permitiu ganhar muitos livres no meio-campo adversário, muitas vezes pelo expansivo lateral-esquerdo Suttner.
De resto, ficou ainda na retina um remate com lume de Fernando, logo no início do jogo, que o guarda-redes Lindner rechaçou para canto, e um lance de Hosiner, que pregou um susto ao FC Porto, rematando às malhas laterais depois de se isolar diante de Helton.
O técnico Paulo Fonseca promoveu apenas alterações pontuais no onze titular em relação ao jogo com o Gil Vicente. A juntar à troca do ainda verde Quintero pelo experimentado Lucho, foi Mangala a jogar de início devido à lesão de Maicon, e Josué estreou-se na Champions por Defour estar de castigo, mas a exibição portista foi muito semelhante à do jogo do último sábado, ainda que o Austria tenha colocado problemas que o Gil Vicente não foi capaz de colocar. Talvez se Jackson estivesse de pontaria afinada o segundo golo pudesse ter aparecido. Mas não apareceu.
Sobra uma vitória importante no arranque europeu, e um milhão de euros na conta do FC Porto. Tendo em consideração que os restantes adversários na Liga dos Campeões são tudo menos pêra doce, o rendimento da equipa terá forçosamente de subir, sob pena de o grupo se transformar num pesadelo. A primeira prova-dos-nove tirar-se-á a 1 de Outubro, na recepção ao Atlético de Madrid.
Para já, a próxima paragem do FC Porto é no Estoril – que também jogou para a Europa esta semana –, onde se espera um jogo difícil, contra uma equipa que gosta de ter a bola e de explorar o ataque sem receios. Quem acusará menos cansaço? Haverá pessoas estranhas nos viadutos perto do estádio prontas a apedrejar o carro de Pinto da Costa? Fará o Estoril do seu estádio a Mata Real do sul? Ou o FC Porto será superior a tudo isso e trará os três pontos para casa?
Respostas no domingo às 20h15.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.