Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
É fascinante como já passaram séculos e o futebol continua a presentear-nos com coisas incríveis. Quem diria que a tenebrosa viagem do FC Porto por esta fase da Liga Europa terminaria com os dragões no primeiro lugar do seu grupo? E nem o próprio jogo da confirmação escapou à tendência de exibições portistas pouco convincentes. Apesar de tudo, registaram-se cinco golos, e nem se pode dizer que não houve aviso, pois Luis Díaz já tinha testado a atenção de Marsman com um remate colocado (6'), enquanto Berghuis, num livre directo na meia lua, disparou um míssil que encontrou Marchesín no caminho (10'). Díaz seria mesmo o primeiro a marcar (14'), com o guardião a ser mal batido pelo remate do médio colombiano. Logo de seguida (16'), o FC Porto duplicou a vantagem, com Marega a cruzar na esquerda para um embaraçoso auto-golo de Malacia ao segundo poste. Era um conforto um tanto ou quanto caído do céu. Talvez por isso o Feyenoord tenha chegado rapidamente à igualdade, com Botteghin a desviar de cabeça um canto de Kokçu (19'), e um remate cruzado de Larsson (22'), na sequência de uma boa jogada colectiva. O FC Porto chegaria ao terceiro golo por Soares, no aproveitamento de uma defesa incompleta de Marsman (34'). Terá havido falta do avançado portista, que, no fundo, empurrou a bola para a baliza com um carrinho a pés juntos sobre o defesa. Ainda que nem sempre bem jogada, a partida estava a ser um carrossel de emoções, mas a diversão parou por aí, deixando à vista a falta de criatividade do FC Porto para segurar com as duas mãos um Feyenoord que jogava sem grandes rendilhados. Como se isso não bastasse, em certos momentos os dragões concederam demasiados espaços aos de Roterdão, e foi por pouco que não custou caro. Num cruzamento da direita a bola ressalta em Corona, Toornstra e no poste antes de ir ter com Marchesín (70'). Logo a seguir (73'), o guardião argentino foi decisivo ao fazer a mancha a Narsingh, quando este aparece esquecido nas costas da defesa. Talvez o nervosismo de uma última jornada em que tudo estava em aberto para todos tenha contribuído para a insegurança demonstrada pelo FC Porto. Ou talvez isso não tenha interessado para nada. O que fica na Torre do Tombo do futebol, como quase sempre, é a classificação final, que aqui determina o FC Porto como um dos sobreviventes do grupo da morte. Foi por pouco.
No rescaldo do sorteio desta fase de grupos prevaleceu, entre portistas e observadores, uma sensação de tranquilidade quanto ao futuro dos azuis-e-brancos na prova. Aparentemente, ninguém reparou que se tratava de um grupo de respeito, em que todos os quatro integrantes têm palmarés - 110 campeonatos nacionais conquistados entre si - e só um deles nunca venceu uma competição da UEFA. Faltava apenas uma prova irrefutável de que o FC Porto ia ter que trabalhar no duro para passar. Pois já não falta. Mesmo tendo oportunidades claras suficientes para uma goleada, os dragões regressam de mãos a abanar do seu primeiro jogo na Holanda em 21 anos. A abanar ficaram também os ferros da baliza do Feyenoord, à conta de um livre de laboratório entre Uribe e Otávio, que o brasileiro finalizou ao poste, e um remate flagrante de Luis Díaz, devolvido pela parte inferior da trave (61' e 74'). Pelo meio (68'), Marega teve um falhanço de bradar aos céus junto à pequena área. O Feyenoord optou por jogar com as suas linhas mais recuadas, mas nem por isso deixou de criar perigo. Uma iniciativa de Karsdorp na direita do ataque quase resultou num auto-golo de Marcano (42'), Berghuis rematou de longe com a bola a bater no topo da barra (64') e Larsson isolou-se rumo ao golo, mas à saída de Marchesín picou a bola para a malha lateral (65'). Por esta altura já o Feyenoord estava na dianteira, graças ao tento de Toornstra, na recarga a uma primeira investida de Larsson, que Marchesín limpou. O guarda-redes argentino foi vital noutros momentos, nomeadamente ao negar com defesas vistosas outro lance dividido em duas vagas, este protagonizado por Berghuis e Larsson (53'). O jogo foi disputado a bom ritmo de início a fim, por vezes em toada de parada-resposta, mas nem por isso bem jogado. O espírito de sacrifício dos homens do Feyenoord compensava as limitações técnicas, ao mesmo tempo que ia perturbando um FC Porto que não estava num dia particularmente inspirado. Sérgio Conceição procurou refrescar ideias trocando Zé Luís por Soares (62') - Díaz já tinha entrado para o posto de Nakajima (53') - mas o andamento não mudou. O minuto 80 trouxe o segundo golo dos da casa, por Karsdorp, que pegou na bola junto à divisória e avançou tranquilamente até ao golo, perante as facilidades que não teve quando defrontou os dragões pela Roma na época passada. O FC Porto ainda teve oportunidade de levar um golo para casa (90'), mas o guardião Vermeer defendeu bem o cabeceamento de Soares. O resultado não reflecte bem o que foi o jogo, mas, como sempre, ganha quem marca. A fechar, uma curiosidade: ao cabo de duas jornadas este é o único grupo em que todos estão empatados com três pontos. Mais uma prova de que este grupo é duro. Ou mesmo o grupo da morte desta Liga Europa.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.