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Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
GIL VICENTE FC
O clube de Barcelos respirou de alívio ao conseguir a permanência a um jogo do fim. Foi uma temporada de sobressaltos, que incluiu, descontando um jogo de Taça que foi a grandes penalidades, uma série sem vencer entre o início de Novembro e o início de Março.
O arranque do Gil Vicente foi auspicioso, vencendo a Académica (2-0), levando o Benfica ao desespero na Luz – o Gil perdeu por 2-1 com o Benfica a marcar só na compensação – e derrotando a seguir o Braga (1-0), com o golo a aparecer quando os gilistas já jogavam com nove unidades.
A fase negra chegaria, curiosamente, após uma série de três vitórias. Tanto tempo sem vencer leva a questionar como terá conseguido aguentar-se o treinador João de Deus, dada a impaciência dos dirigentes portugueses quando as séries negativas parecem não terminar.
O guarda-redes Adriano realizou uma temporada de qualidade, assim como Luís Martins, César Peixoto e Diogo Viana.
O médio brasileiro Luan, que marcou ao Braga, não foi a mais-valia que se esperava, bem como os ex-portistas Bruno Moraes e Cláudio Pitbull.
CF OS BELENENSES
Se o Gil Vicente respirou de alívio, o Belenenses terá soltado um longo suspiro quando Carlos Xistra apitou para o final do último jogo.
Só aos 87 minutos dessa recepção ao Arouca é que os azuis viram a luz aparecer no fundo do túnel, através de um golo de Deyverson. Antes disso, foi sofrer a bom sofrer, não só nesse jogo em particular, mas em todo o campeonato.
Pese embora tenha roubado pontos a Benfica e FC Porto, o Belenenses parecia ter tudo contra si. Logo na primeira jornada perdeu no Restelo com o Rio Ave (0-3), só à 5.ª jornada conseguiu vencer, e viu o treinador Mitchell van der Gaag desfalecer no banco e ser forçado a abandonar.
O seu adjunto Marco Paulo ficou então com as rédeas da equipa, mas não deu conta do recado e cederia o lugar a Lito Vidigal, que operou um verdadeiro milagre em salvar o clube da descida.
Para o confirmar bastará referir que o Belenenses foi a primeira equipa a conseguir a manutenção com apenas 19 golos marcados – o pior ataque da Liga. Por pouco que ser a quinta melhor defesa (33 golos) não valeria de nada. O Belenenses esteve mesmo sete jogos consecutivos sem marcar, entre as jornadas 10 e 16.
Eliminado da Taça em casa, nas grandes penalidades contra a Académica, o Belenenses teve o seu pior momento da época na Taça da Liga, ao perder em Braga por 5-0.
FC PAÇOS DE FERREIRA
O Paços foi do céu ao inferno. Não serei o primeiro a escrever estas palavras, mas não há outro prisma por onde ver a carreira pacense, depois de começar a época a jogar o play-off da Liga dos Campeões e terminar jogando o inédito play-off manutenção/descida.
As derrotas com o Zenit (1-4 em casa e 4-2 fora), naturais tendo em conta a diferença entre as equipas, não caíram bem na massa associativa pacense, que não mais deu descanso ao técnico Costinha.
O antigo médio apenas saboreou uma vitória, num jogo louco em casa do Marítimo (3-4), em que os castores estiveram três vezes a perder, cedendo o lugar a Henrique Calisto à oitava ronda.
Substituir um treinador novato por um mais experiente de pouco adiantou. Os alarmes da despromoção continuaram a tocar, a primeira volta fechou com parcos nove pontos – até o Olhanense tinha mais por esta altura – e a inversão da tendência teimava em não chegar.
Com Jorge Costa a orientar a equipa nos últimos dez jogos, foi graças à vantagem no confronto directo que o Paços jogou o play-off contra o Aves, onde finalmente selaria a permanência entre os grandes.
O Aves não conseguiu repetir a gracinha do jogo dos oitavos-de-final da Taça de Portugal, quando venceu na Mata Real com dois golos de Jaime Poulson, atleta emprestado justamente pelo Paços de Ferreira.
Apesar das contrariedades, Bebé assumiu-se como o homem em foco nos pacenses, que bem podem agradecer os seus inúmeros golos.
SC OLHANENSE
Cinco anos depois, o Olhanense regressa à Liga 2, ao cabo de uma época cheia de problemas, a começar pelos financeiros, que impediram que o plantel fosse mais que uma manta de retalhos cosida à pressa.
Demasiadas nacionalidades resultaram numa equipa à deriva, dependente de rasgos individuais, quase sempre do italiano Dionisi. Além dos transalpinos (ainda havia Sampirisi e Bigazzi), o plantel continha jogadores de Eslovénia (Belec), França (Coubronne), Albânia (Mehmeti), Croácia (Serić), Nigéria (Balogun) e Dinamarca (Krøldrup).
Ter um treinador em estreia também não ajudou a causa dos algarvios. Abel Xavier, com uma postura desafiante, de punho cerrado e discurso emocionado, duraria apenas oito jornadas, em que somou outros tantos pontos.
Paulo Alves tomou então conta da equipa mas resistiu ainda menos jornadas, dando lugar a Giuseppe Galderisi, italiano de figura semelhante a Jorge Jesus. Apesar do seu vigor no banco, os resultados positivos não apareceram e o rumo dos acontecimentos não se inverteu, mesmo que uma vitória sobre o FC Porto na penúltima ronda tenha feito sonhar.
Uma semana mais tarde, a realidade: o Olhanense era despromovido. Da última vez que abandonou o escalão maior, demorou 34 anos a regressar. Tendo em conta as suas dificuldades financeiras, quantos demorará agora?
O FC Porto não perdia com um último classificado desde 1997/98 – derrota por 1-0 com um Belenenses que desceria de divisão no final. O próprio Olhanense não vencia o FC Porto desde 1973/74, longe ainda de imaginar que passaria 34 anos arredado da divisão maior. Até hoje.
Esta será certamente a pior exibição do FC Porto esta temporada, e note-se que havia várias fortes candidatas a receber este indesejado rótulo. Pensando que o FC Porto é um clube que tem por filosofia empenhar-se em cada partida, mesmo quando tudo já está perdido, é simplesmente inaceitável que a equipa se deixe ir pelo cano abaixo como o fez em Olhão.
E acabou por acontecer aquilo que antes do jogo da primeira volta temia que acontecesse. Não querendo engolir o que escrevi nessa altura, até porque a sociedade das nações olhanense, afinal de contas, está no último lugar, diga-se que a equipa se engrandeceu mesmo.
Na altura questionei também o que fazia Krøldrup no Olhanense. Pois hoje mostrou o que vale, marcando o primeiro golo do jogo, igualmente o seu primeiro em Portugal.
Com a corda na garganta, os algarvios não tiveram medo, e abordaram o jogo de frente. Perante a falta de intensidade, para não dizer de interesse, do FC Porto, os visitados defenderam a vantagem e, qual escândalo, ampliaram-na mesmo, num remate colocado de Dionisi, que até nem pegou bem na bola.
Herrera ainda reduziria, num pontapé de ressaca que será um dos melhores golos do FC Porto esta época. Muito pouco, contudo, no jogo que marcou as estreias de Tozé e Kayembe pela equipa principal.
A vitória é um tónico para o Olhanense, que continua submerso mas assim se mantém com uma mão na bóia de salvação. Vai ser campeonato até ao fim para os rubro-negros.
Que é exactamente aquilo de que o FC Porto parece ter-se esquecido. Mesmo sem nada para conquistar, o esforço tem de se manter até final, muito mais quando o último jogo é uma recepção ao Benfica que a honra portista obriga a vencer.
Partindo para esse jogo com mais derrotas que Estoril e Nacional, um triunfo, mesmo não significando mais que honra e três pontos, seria um rebuçado para apagar esse amargo sabor.
O Sporting recebeu e venceu a Olhanense ontem por 1-0, golo do jovem Mané, um jogador em crescendo que tem agarrado as oportunidades que tem vindo a ter. Não foi um jogo brilhante mas ainda assim o Sporting poderia ter alcançado um resultado mais confortável. O futebol é feito de momentos e se a equipa não consegue materializar os momentos arrisca-se a acabar com o credo na boca, como foi o caso de ontem. Se o golo anulado tivesse contado, se calhar hoje estávamos a falar de goleada... a equipa perdia os complexos e tinha arrancado para uma exibição melhor... mas de qualquer forma, houve boas indicações na primeira parte e houve várias oportunidades de golo durante todo o jogo. O campeonato também é feito destes jogos menos conseguidos e ainda bem que desta vez os 3 pontos ficaram em Alvalade. Noutros jogos o Sporting já fez bem mais para ganhar e não conseguiu. E já nem falo do futebol do passado recente...
O destaque vai para Montero (não marcou mas assistiu e fez a equipa jogar), Maurício (imperial na sua zona de acção), William Carvalho (a sua presença em campo faz toda a diferença) & Carlos Mané (pelo golo e pela exibição segura)
O André Martins, apesar de se esforçar, tem dado pouco à equipa nos últimos jogos - acho que o jogo com o Paços de Ferreira foi a sua última boa exibição. Entendo que seja um jogador tacticamente evoluído mas parece-me que Magrão e Vítor seriam capazes de dar mais noutros aspectos do jogo. Rojo voltou a ter um momento de pura burrice e apanhou um cartão amarelo (por protestos) que o vai por fora do próximo jogo. Wilson Eduardo entrou desastrado e não conseguiu ajudar a que se chegasse ao golo da tranquilidade. Por seu lado Carrillo teve perto de decidir o jogo com duas jogadas inspiradas que erraram o alvo por pouco. Os laterais estiveram muitas vezes envolvidos no ataque, mas também não estiveram felizes. Em suma, uma vitória que não se discute, que serve para aumentar os níveis de confiança e que mostra ao mesmo tempo que há muito trabalho para ser feito. Segue-se o Rio Ave em Vila do Conde, num campo que esperemos, esteja em muito melhores condições comparado com a meia final da Taça da Liga da passada semana.
O FC Porto aproveitou a visita do Olhanense para aplicar a sua maior vitória da época até agora, e somar o terceiro triunfo consecutivo para o campeonato, depois de uma série nada positiva durante o mês de Novembro.
Outros compromissos impediram-me de ver mais do que alguns minutos da primeira parte, altura em que o FC Porto ia paulatinamente empurrando o Olhanense para a sua área, onde o guarda-redes Belec ia repelindo as ofensivas azuis-e-brancas.
Antes do jogo temia que a multinacional olhanense, que tem deixado a sensação de ninguém ainda se conhecer o suficiente para fazer uma equipa funcionar, se engrandecesse num palco como o Dragão e usasse argumentos ainda não mostrados para reeditar o resultado quase chocante da época passada. Tal não viria a acontecer, e a turma algarvia acabou por confirmar o que refiro acima: o plantel é formado por perfeitos desconhecidos entre si.
Num onze inicial constituído, entre outros, por um esloveno, um francês, um croata, um nigeriano, um italiano e um albanês, pergunto-me constantemente o que faz o central Per Krøldrup em Olhão – ele que é internacional dinamarquês, com passagem (e um golo) na Liga dos Campeões e presença no Mundial 2010 ao serviço do seu país.
Não tendo visto o jogo todo, destaco apenas o belo golo de Carlos Eduardo, que assim manteve o seu estado de graça, e a gradual tranquilidade com que o FC Porto terminaria o desafio. É certo que o adversário confirmou não pertencer ao grupo dos ossos mais duros de roer, mas espera-se que a equipa aproveite os números do resultado para se moralizar, já que o próximo jogo para a Liga Zon Sagres é na Luz.
Para já, o plantel pode comer tranquilamente as batatas com bacalhau. Perdão, comer o asado e beber mate.
Depois de uma paragem para os jogos da selecção o campeonato recomeçou no Estádio do Algarve, esse grande elefante branco, terna lembrança do tempo das vacas gordas em Portugal. Com menos de metade da sua capacidade preenchida, mas ainda assim com uma boa moldura humana (composta sobretudo por Sportinguistas), este estádio foi palco de um jogo bem disputado, entre duas equipas em construção. Confesso que fiquei surpreendido com a boa resposta do Olhanense, que apesar de uma equipa composta maioritariamente por jogadores estrangeiros (o que é de lamentar) apresentou uma grande atitude competitiva e vendeu cara a derrota. O Sporting apresentou-se sem novidades de maior, deixando apenas Rojo de fora por lesão e apresentando Dier no centro da defesa. O inglês cumpriu e rubricou uma exibição tranquila, apesar de alguns calafrios que a defesa do Sporting sofreu durante a partida. Este jogo acabou por ser uma mistura de azar e sorte... azar nas várias oportunidades desperdiçadas na primeira parte (com bons momentos de futebol, quando a equipa se conseguia libertar do colete de forças aplicado pela Olhanense) e sorte no momento em que se colocou em vantagem (desta vez beneficiado por um erro do arbitro auxiliar) e não sofreu golos (em virtude da perdida clamorosa da Olhanense na segunda parte). Creio que o triunfo se justifica plenamente, tendo a equipa do Sporting lutado mais do que o suficiente para trazer os 3 pontos do Algarve. A parte final do jogo teve já pouca intensidade (alguns dos jogadores nucleares tinham estado ao serviço da selecção na semana anterior), mas com o resultado resolvido, ninguém se pode queixar. Uma nota final para a estreia de Vítor, que não veio acrescentar nada ao jogo, mas que mostra que Gerson Magrão perdeu o seu espaço no plantel.
A equipa não esteve particularmente inspirada, mas alguns jogadores destacaram-se a espaços. Destaco as exibições de Jefferson (muito regular neste inicio de época, combinou muito bem com Capel nas subidas ao ataque), Adrien Silva (lutou enquanto teve físico), Montero (mais um golo num jogo com poucas oportunidades), André Martins (um golo e uma assistência, num jogo onde nem tudo lhe correu bem), Wilson Eduardo (uma assistência, apesar de ter andado alheado do jogo em alguns momentos).
Em alguns momentos houve mais luta do que recorte técnico, muitos passes falhados, alguns erros posicionais, mas no futebol também é preciso haver uma ponta de sorte. A equipa continua em crescimento e é normal que os erros continuem, esperemos que surjam em muito menor quantidade à medida que o tempo for passando. Na próxima semana segue-se o Rio Ave, uma equipa que tem vindo a perder gás, mas que virá com grande vontade de ultrapassar a série de maus resultados. Será um desafio já de média dificuldade para esta equipa do Sporting.
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