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Todas as fotografias neste blog encontram-se algures em desporto.sapo.pt, salvo indicação em contrário
Santos da casa não fazem milagres. O ditado é antigo, e explica parte daquilo que foi a temporada do Vitória. Com o homem da casa Armando Evangelista ao leme, os dissabores sucederam-se, e bem cedo na época. O primeiro desaire apareceu logo no início de Agosto, quando o Guimarães saiu do comboio da Liga Europa frente ao modesto SCR Altach, que se estreava nas provas da UEFA. Se perder a primeira mão na Áustria por 2-1 não era suficiente para grandes sinais de alarme, o jogo de retorno clarificou sem margem para dúvidas que algo não estava bem. Por muito humilde que fosse, o Altach venceu no D. Afonso Henriques por 1-4, deixando o conjunto vimaranense a caminhar sobre brasas.
Começar o campeonato com uma visita ao FC Porto era ingrato, e os dragões venceriam sem grande dificuldade (3-0). Apesar da exigência de uma visita a casa de um grande, o arranque em falso foi mais um sinal de que o Vitória estava praticamente parado na casa de partida. Empates com Belenenses (1-1), União (0-0) e Setúbal (2-2), aliados a uma vitória (1-0) sobre o Tondela obtida com um auto-golo, não chegavam para mais que um 13.º lugar, e Armando Evangelista abandonou a equipa. Estava-se ainda nos idos de Setembro.
Sérgio Conceição tomou aí as rédeas da equipa, não sem antes passar por uma conferência de imprensa de apresentação presenciada por sócios do clube. O treinador, que orientou nada menos que o Braga na época anterior, logo tratou de frisar que estava de corpo e alma com o clube, e isso deu-lhe a tranquilidade necessária para trabalhar. Mas os resultados continuaram a não surgir. A estreia de Conceição, de resto, não podia ter corrido pior, sofrendo uma derrota caseira precisamente diante do Braga (0-1, golo de Rafa aos 74 minutos). A jornada 7 traria uma pesada derrota em Alvalade (5-1), seguida das eliminações da Taça da Liga, a 10 de Outubro, e da Taça de Portugal, a 18 do mesmo mês. O regresso do campeonato, a 24 de Outubro, trouxe um empate caseiro com a aflita Académica (1-1). E era justamente a Liga NOS tudo o que restava ao Guimarães até final da época.
A equipa aos poucos daria uma resposta. Primeiro em casa do Paços de Ferreira (0-1), à jornada 9, depois no Bessa (1-2), duas rondas mais tarde. Os conquistadores entrariam de seguida na sua melhor fase da época, um período de 13 jogos – jornadas 12 a 24 – dos quais perderam apenas dois. O Guimarães vergou Rio Ave (3-1), Estoril (0-1), Moreirense (3-4), FC Porto (1-0) e União (3-1), chegando à 20.ª jornada no sexto lugar.
O Vitória subiria a quinto classificado, nas rondas 21 e 22, mas à custa de empates com Tondela (1-1) e Setúbal (2-2). Essas igualdades foram os primeiros jogos de uma terrível sequência de doze sem vencer, que recolocou o Guimarães praticamente no mesmo ponto em que estava no início da temporada. Foi a segunda pior série sem triunfos da época, ex æquo com outras duas formações. O Vitória só ganharia mais um jogo, frente ao Moreirense (4-1) na 33.ª jornada, e terminou em plena série de dez jogos consecutivos a sofrer golos.
O décimo lugar final ficou então seguro pelos rendimentos dessa boa fase a meio da época. Por muito que a equipa estivesse bem entregue a Sérgio Conceição, ficou à vista que a saída de Rui Vitória foi um golpe de que o plantel não conseguiu recuperar. Nem com os golos de Henrique Dourado – nada menos que 12 –, um jogador que o Vitória decerto gostaria que não estivesse na casa por empréstimo, nem com a iniciativa de Otávio, outro homem cedido, que ainda apontou seis golos. Ricardo Valente fez cinco golos mas não esteve em tão boa forma como na época passada, enquanto Licá, ainda mexeu com o ataque, mas não foi além de outros cinco tentos. O jovem guarda-redes Miguel Silva – ou João Miguel, conforme as fontes – destacou-se num ou noutro jogo, na ausência de Douglas.
O Vitória até foi quinto classificado em 2014/15, mas têm sido tempos difíceis em Guimarães. A saúde financeira do clube não é das melhores, e disso se ressente a qualidade global do plantel. É preciso muito coração e alguma felicidade para corresponder em campo à pressão que a massa associativa vitoriana sempre exerce. A recta final de temporada não foi bonita, mas chegou para estar a salvo da insegurança dos últimos lugares. Um bom arranque na próxima época será de capital importância. Vencer apenas nove dos 38 jogos realizados na temporada é manifestamente pouco.
Contas finais
Campeonato: 10.º lugar, com 9v, 13e, 12d, 45gm, 53gs, 40pts
Taça de Portugal: afastado na 3.ª eliminatória
Taça da Liga: afastado na 2.ª eliminatória
Europa: afastado da Liga Europa na 3.ª pré-eliminatória
Para mais tarde recordar
28.11.2015, jornada 11 – ao vencer o Boavista por 1-2, o Vitória consegue o seu primeiro triunfo no Bessa desde 1997/98;
17.01.2016, jornada 18 – vence o FC Porto em casa (1-0) pela primeira vez desde 2001/02.
Para esquecer
06.08.2015, Liga Europa: eliminado logo na terceira pré-eliminatória;
10.10.2015, Taça da Liga – sai da Taça da Liga ao perder em Vila do Conde por 3-2;
18.10.2015, Taça de Portugal – eliminado da prova rainha logo à primeira tentativa, ao perder por 2-0 em casa do secundário Penafiel;
17.04.2016, jornada 30 – ao perder por 3-0, o Vitória sai derrotado de casa do Marítimo pela sexta época consecutiva.
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